São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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JUCA KFOURI

Centroavante para quê?


Quem tem os três homens de frente que a seleção tem só precisa do velho 9 de ofício se este for gênio

QUANDO TOSTÃO fez o que fez na Copa de 1970, começou uma discussão que até hoje é recorrente sobre o papel do centroavante no futebol moderno.
A genial participação do mineiro no México decretaria o fim do centroavante tradicional, como o antecessor dele na campanha do bicampeonato, o pernambucano Vavá.
No máximo, diziam, sobreviveria um Gerd Müller, o camisa 9 da Alemanha, que brilharia na Copa seguinte, em 1974. Só que, depois do alemão, vieram outros e outros.
Nem vale citar Romário, que era tudo e mais um pouco, menos um centroavante tradicional, só forte, trombador e goleador.
Mas, para ficar num exemplo que todos conhecem (e para não falar em outros craques do comando do ataque, como o brasileiro Careca e o holandês Van Basten), nasceu Ronaldo, o Fenômeno.
Hoje não temos entre os nacionais nenhum centroavante da estirpe dos citados, embora Vágner Love não seja desprezível e ainda haja opções futuras, como o paranaense Alexandre Pato, o mineiro Fred e o paranaense Nilmar, os três últimos, contudo, muito menos os chamados atacantes de referência e muito mais os de mobilidade e toque.
Claro, Ronaldo ainda é uma possibilidade, embora remota. Daí estar cada vez mais convencido de que a melhor solução agora para a seleção brasileira é jogar mesmo sem um centroavante fixo, com Elano no reforço à marcação para que Kaká, Ronaldinho e Robinho tenham ainda mais liberdade.
E não porque a saída de Love tenha sido a razão para os três gols seguidos diante do Equador.
Mas porque está mais que claro que, acima dos desenhos táticos, certamente importantes, o que decide um jogo é mesmo a capacidade individual, ao menos quando um time a tem de sobra.
E o trio mágico tem a tal ponto que pode jogar 89 minutos para merecer uma nota 6 e, no minuto restante, enfiar uma bola, dar um drible ou fazer um gol que a eleve dois pontos imediatamente. E, se duvidar, nos acréscimos, os três acabam por merecer nota 9. Porque 10 só para Deus e para a bola de Pelé. Ou para Tostão, que ganhou o ponto adicional ao ser o colunista e o brasileiro que é.

Momento mágico
O equatoriano De la Cruz entrou para a história do futebol, assim como o então corintiano Rogério.
Graças a Robinho.
Porque na imensidão do gramado do Maracanã, ele precisou do espaço de apenas um lenço para imortalizar um momento desses dignos daquele na decisão do Brasileirão de 2002, no Morumbi.
Então, foram as oito pedaladas.
Agora foram dois passos, dois passes de mágica, sem tocar a bola, porque, ali, na bola não se toca, só se sugere, como diante da amada, quando, antes do toque, há a carinhosa insinuação.

Momento trágico
Nada mais repulsivo que a campanha do presidente da CBF contra a CPMI Corinthians/MSI. E nada mais revelador de quem são alguns parlamentares de todos, rigorosamente todos, os grandes partidos.
Daí o "jogo da família" ter sido o do senta, levanta. Elementar.

blogdojuca@uol.com.br

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