São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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PF mira Teixeira e confederação

CBF Suspeito de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, cartola diz que caso é 'requentado'

ELVIRA LOBATO
DO RIO

Dez meses após escapar de um processo judicial por denúncia de lavagem de dinheiro, sem que a acusação tivesse sido esclarecida, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, voltará a ser investigado pela Polícia Federal por suspeita do mesmo crime.
A confederação também será investigada, segundo informou à Folha o delegado Victor Hugo Poubel, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros da Superintendência da PF no Rio, que conduzirá o inquérito.
Segundo ele, o inquérito é para apurar suspeita de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro. Teixeira deverá ser intimado na próxima semana a prestar depoimento.
O principal alvo do inquérito é a empresa Sanud Etablissment, sócia de Teixeira em empreendimentos no Brasil. Para o procurador da República Marcelo Freire, do Rio, que solicitou o inquérito, a Sanud seria do próprio cartola, para trazer dinheiro do exterior não declarado ao Fisco e ao Banco Central.
A Sanud foi investigada pela PF em 2004. O trabalho foi prejudicado por um habeas corpus obtido por Teixeira, que impediu o rastreamento da empresa no exterior.
Teixeira foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), em 2008, por suposto crime de lavagem de dinheiro, por receber US$ 599.964 (cerca de R$ 1 milhão) de conta da Sanud na Suíça. As remessas, em 1996 e 1997, foram descobertas pela CPI do Futebol, em 2001. A verba foi investida na RLJ Participações, de Teixeira.
A denúncia foi aceita pelo juiz da 6ª Vara Federal do Rio, em 2009. Mas, em dezembro do ano passado, a ação foi arquivada, na segunda instância judicial. Os desembargadores consideraram que já havia se esgotado o prazo para punição do suposto crime.
No primeiro inquérito, a PF não respondeu a pergunta elementar para explicar a origem do dinheiro: quem é o dono da Sanud?. Para o MPF, a Sanud pertence ao próprio Teixeira, para "esquentar" dinheiro sem origem declarada, obtido no exterior.
O novo inquérito foi aberto em razão das reportagens do jornalista inglês Andrew Jennings, exibidas pela BBC (Londres), que acusou Teixeira de receber US$ 9,5 milhões em propinas de uma empresa de marketing ligada à Fifa, que teriam sido depositados na conta da Sanud. Seriam depósitos posteriores à investigação da PF em 2004.

MORTOS NÃO FALAM
Teixeira negou, na Justiça, ser dono da Sanud e afirmou desconhecer o proprietário da empresa. Seus advogados alegaram que as duas pessoas que poderiam dar o nome do proprietário -o contador Fernando Pacheco Simões e o advogado Alberto Ferreira da Costa- já morreram.
Simões, ex-contador de Teixeira, morreu em 2008. O advogado Alberto Costa era sogro do irmão do dirigente, Guilherme, e procurador da Sanud. Morreu em 2010.
A RLJ, da qual a Sanud tem 51% do capital, é proprietária da fazenda Agropecuária Santa Rosa, em Piraí (RJ), e de outros imóveis do cartola.
A assessoria da CBF disse que Teixeira colaborará na investigação da PF, mas que considera o objeto da investigação "assunto requentado" e reedição do inquérito que nada provou contra ele.



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