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AÇÃO
"Vai, mas não cai não"
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Há cerca de quatro anos, três
montanhistas, enquanto escalavam a Pedra da Boca, avistaram ao sul uma cadeia de montanhas na qual um monólito rochoso se destacava. Meses mais tarde,
voltaram à região e conquistaram a primeira via na Pedra Riscada, em São José do Divino
(MG), região pródiga para os
amantes da escalada tradicional.
Há quatro meses Ralph, Edgardo e Emerson voltaram à montanha para explorar uma segunda
via. Na mesma época, numa outra face da Pedra, outros cinco escaladores, Márcio Bertolusso,
Chander Cristian, Leandro Oliveira, Oscar Andres e Breno Azevedo, acabaram abrindo a via
que se tornaria a mais extensa do
Brasil, com 1.260 metros.
O grupo levou oito dias e cerca
de 300 quilos em equipamentos e
mantimentos para chegar ao cume. Considerando que esse volume incluía água para uma semana, grampos de segurança e 600
metros de corda, levaram o mínimo necessário a fim de ganhar velocidade. Também para ganhar
tempo, realizaram passagens de
até 60 metros entre os grampos
que eram fixados, aumentando a
exposição e o risco na subida.
Mesmo acelerando, no sexto dia
a equipe encarou ventos de até 70
quilômetros por hora e chuva, e o
ataque ao cume foi adiado. Enquanto isso, água e comida terminavam. No sétimo dia, o clima
não estava muito melhor. Chegaram ao topo dois dias depois do
previsto, com fome, mas felizes. O
tempo seguiu ruim, garantindo
nova aventura na descida.
A via, batizada pelo bordão
mais ouvido durante a subida e
título da coluna, não está entre as
mais difíceis do país. Também
não havia nenhum grande nome
do esporte entre os integrantes do
grupo, o que os próprios fazem
questão de destacar. Fizeram pelo
desafio, pelo prazer da conquista
e para abrir mais uma opção aos
colegas praticantes.
O montanhismo no Brasil vive
um momento favorável. Antes
concentrado nas regiões Sul e Sudeste, hoje o esporte se espalha
por todo o país. Montanhas são
descobertas, e vias são abertas.
Academias de ginástica oferecem a opção das paredes artificiais, e a Casa de Pedra, maior espaço para escalada indoor da
América Latina, promete inaugurar outra área, ainda maior. A
grande mídia tem dado mais
atenção ao assunto, e o número
de veículos especializados cresce.
Assim, os resultados têm aparecido. Em setembro, Thiago Balen
e Guilherme Zavaschi abriram no
Pico do Segredo, em Caçapava do
Sul (RS), a primeira 10 A, nível
máximo na escala de dificuldade
do Estado. Guilherme Cetani e
Roman Romancini acabam de
voltar da Bolívia, onde fizeram a
Cabeça do Condor. No Sul-Americano de Bolder, modalidade
sem corda disputada em paredes
baixas, com dificuldade concentrada, realizado no Chile há duas
semanas, os brasileiros foram os
três primeiros na principal categoria, com Diogo Ratacheski em
primeiro, seguido por André Berezoski e Eduardo Carvalho.
O cenário só não está melhor
devido à segurança no Rio. Maior
centro urbano de escalada do
mundo, grande parte do sistema
de proteção fixo instalado é caseiro e data da década de 60. Mas,
risco maior é ser alvo de fuzis,
brinquedo comum nas mãos dos
habitantes dos morros, privando
milhares de praticantes daqui e
de fora de algumas das vias e vistas mais lindas do mundo.
Havaí 1
Renan Rocha e Guilherme Herdy já foram eliminados do WQS seis
estrelas que está sendo disputado em Haleiwa. A prova, decisiva
para o ranking, abre a Tríplice Coroa, completada com as do WCT
em Sunset e Pipeline.
Havaí 2
The North Shore Project, não se espantem, é um reality show que
será rodado em uma casa em Rock Point. No melhor estilo ""Big
Brother", sete convidados entre eles Sunny Garcia e Damien Hobgood terão suas intimidades esmiuçadas.
Havaí 3
Afirmando que sua aposentadoria será nas ilhas, o hexacampeão
mundial Kelly Slater acaba de ser homenageado com a chave da cidade e nome de rua, Slater Road, em sua terra natal, Cocoa Beach,
Flórida, onde diz, sempre viverá.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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