São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acusado de fraude na Série B diz usar computador só para lazer

Paulo Jorge Alves, da Comissão de Arbitragem, ameaça processar Santa Cruz

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Membro afastado da Comissão de Arbitragem da CBF, Paulo Jorge Alves, 55, diz ser vítima de "operação para desconstruir" sua imagem.
É assim que o ex-bandeira define a acusação feita contra ele pelo Santa Cruz, rebaixado à Série C, de ter arquitetado um esquema para favorecer o time.
Em dossiê enviado pela federação pernambucana à CBF, há quatro e-mails trocados com o presidente do Santa Cruz, Edson Nogueira, por um suposto intermediário da confederação, que se identificava como sendo Paulo Jorge Alves.
"Não conheço [Edson Nogueira]. Eu uso meu e-mail apenas para falar com amigos. Meu computador é usado apenas para lazer", disse Alves à Folha.
Em mensagens enviadas a partir de 26 de outubro, o intermediário oferece "uma mãozinha" para que o Santa Cruz não seja derrotado. Pede R$ 6.000 por partida.
O grupo que supostamente manipulava resultados da Série B do Brasileiro por meio da cobrança de propina e aliciamento de árbirtos tinha uma espécie de manual com "dez mandamentos" a serem cumpridos pelo clube e por eles mesmos para o pleno funcionamento.
Os detalhes estão em um e-mail encaminhado ao presidente do Santa Cruz.
Entre as regras estão "jamais" permitir que os jogadores ofendam o trio de arbitragem e o compromisso do grupo de "trabalhar para segurar os que estão em cima". Em outra mensagem, um dos supostos intermediários do esquema, que se identifica como Luiz Paulo Serafin, diz que o "Náutico subiu [para a Série A, em 2006] porque nós subimos ele". Serafin afirma que o clube "não nos pagou nada" e que "eles não perdem por esperar". O Náutico nega envolvimento.
O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Carlos Alberto Oliveira, disse que encaminharia ainda hoje o dossiê com os e-mails à CBF, ao STJD, ao Ministério Público e à Polícia Federal.
"Fui caluniado, usaram meu nome em vão, mas acredito que o próprio Santa Cruz tenha sido vítima de extorsão", afirmou Alves. "O que questiono é o fato de o presidente do Santa Cruz, que é delegado de polícia, não ter feito a denúncia assim que o pagamento [de R$ 2.300] foi feito. Por que esperar o time cair?", indagou ele.
A quantia foi depositada, por orientação do Ministério Público de Pernambuco, em nome de Francisco Gaspar Neto. "Eu não conheço", falou Alves.
Ele conta ter contratado dois advogados, um da área criminal e outro da área cível, para processar seus acusadores.
Alves disse ter colocado à disposição da CBF seus extratos bancários e seu computador para averiguações.


Texto Anterior: Desconhecido: Rival joga pela 1ª vez no Morumbi
Próximo Texto: Mesmo em SP, Adriano não irá ao Morumbi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.