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Acusado de fraude na Série B diz usar computador só para lazer
Paulo Jorge Alves, da Comissão de Arbitragem, ameaça processar Santa Cruz
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Membro afastado da Comissão de Arbitragem da CBF,
Paulo Jorge Alves, 55, diz ser vítima de "operação para desconstruir" sua imagem.
É assim que o ex-bandeira
define a acusação feita contra
ele pelo Santa Cruz, rebaixado
à Série C, de ter arquitetado um
esquema para favorecer o time.
Em dossiê enviado pela federação pernambucana à CBF, há
quatro e-mails trocados com o
presidente do Santa Cruz, Edson Nogueira, por um suposto
intermediário da confederação,
que se identificava como sendo
Paulo Jorge Alves.
"Não conheço [Edson Nogueira]. Eu uso meu e-mail apenas para falar com amigos. Meu
computador é usado apenas para lazer", disse Alves à Folha.
Em mensagens enviadas a
partir de 26 de outubro, o intermediário oferece "uma
mãozinha" para que o Santa
Cruz não seja derrotado. Pede
R$ 6.000 por partida.
O grupo que supostamente
manipulava resultados da Série
B do Brasileiro por meio da cobrança de propina e aliciamento de árbirtos tinha uma espécie de manual com "dez mandamentos" a serem cumpridos
pelo clube e por eles mesmos
para o pleno funcionamento.
Os detalhes estão em um e-mail encaminhado ao presidente do Santa Cruz.
Entre as regras estão "jamais" permitir que os jogadores ofendam o trio de arbitragem e o compromisso do grupo
de "trabalhar para segurar os
que estão em cima". Em outra
mensagem, um dos supostos
intermediários do esquema,
que se identifica como Luiz
Paulo Serafin, diz que o "Náutico subiu [para a Série A, em
2006] porque nós subimos
ele". Serafin afirma que o clube
"não nos pagou nada" e que
"eles não perdem por esperar".
O Náutico nega envolvimento.
O presidente da Federação
Pernambucana de Futebol,
Carlos Alberto Oliveira, disse
que encaminharia ainda hoje o
dossiê com os e-mails à CBF,
ao STJD, ao Ministério Público
e à Polícia Federal.
"Fui caluniado, usaram meu
nome em vão, mas acredito que
o próprio Santa Cruz tenha sido vítima de extorsão", afirmou Alves. "O que questiono é
o fato de o presidente do Santa
Cruz, que é delegado de polícia,
não ter feito a denúncia assim
que o pagamento [de R$ 2.300]
foi feito. Por que esperar o time
cair?", indagou ele.
A quantia foi depositada, por
orientação do Ministério Público de Pernambuco, em nome de Francisco Gaspar Neto.
"Eu não conheço", falou Alves.
Ele conta ter contratado dois
advogados, um da área criminal e outro da área cível, para
processar seus acusadores.
Alves disse ter colocado à
disposição da CBF seus extratos bancários e seu computador para averiguações.
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