São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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JUCA KFOURI

O esportista da década


Chamar Cesar Cielo de atleta do ano é pouco. Dizer que será o do século é exagero. Mas do decênio ele é


PARA SER o esportista do ano não é necessário ser atleta.
Tanto que, no ano passado, José Roberto Guimarães foi o escolhido da coluna.
Obviamente, do mesmo modo, o atleta do ano não será, necessariamente, o esportista do ano.
Neste 2009, no entanto, não só o atleta do ano é o esportista do ano como ambas as escolhas não traduzem o que Cesar Cielo foi.
Porque a medalha de ouro olímpica em Pequim, em 2008, e as duas no Mundial de Roma, mais os dois recordes mundiais nos 50 metros e nos 100 metros livre, neste ano, fazem dele o atleta da década no Brasil, candidato a atleta do século.
Principalmente porque tudo indica que muitas outras medalhas e recordes vêm aí.
Ricardo Prado, por exemplo, que entende como poucos de natação, não fosse outra glória nacional, também recordista mundial, dizia outro dia que não se surpreenderá se vir Cesar Cielo no Rio-2016 em plena forma. E por que não? Ele terá 29 anos (completa 23 no próximo dia 10 de janeiro), e, do jeito que é obstinado e cumpridor do que se propõe a fazer, tudo indica que não há limite para Cielo.
Sim, o melhor, ou o pior, é que Cesar Cielo se presta a todas as manchetes infames e trocadilhos ainda mais, porque a ele o que é dele, o céu é o... etc. e tal.
E nascido em Santa Bárbara d'Oeste!
Sim, Cielo, Santa, bárbaro, mais rápido, tudo. E nada. E como!
Lembremos que, se Pelé foi um dia eleito o Atleta do Século, não fomos nós os responsáveis, mas os franceses, que já o tinham consagrado Rei e fecharam as homenagens com a eleição por meio do jornal esportivo "L'Equipe".
E olhe que no século 20 tivemos, por aqui, de Adhemar Ferreira da Silva a Ayrton Senna, passando por Éder Jofre, Maria Esther Bueno, tantos fenômenos como Guga, Wlamir, Amaury, Hortência, Paula, Mané Garrincha, Giba, Marcelo Negrão, Manoel dos Santos.
E no mundo, bem, no mundo nem me atrevo a citar quem quer que seja para evitar mais esquecimentos do que os já registrados no parágrafo anterior, basta lembrar de Jesse Owens, de Michael Jordan, de Muhammad Ali, de Juan Manuel Fangio, de Johnny Weissmuller, que virou Tarzan, e por aí afora, para não falar de Tiger Woods porque Xico Sá já falou o que era preciso dizer.
(Aliás, por favor, não me cobre coerência por não considerar nem automobilismo nem boxe como esportes e citar quatro gênios dessas atividades, não só porque eles foram o que foram como porque pouco importa a minha opinião diante do que o mundo consagra).
O raro leitor já se deu conta de que o colunista se perdeu em meio às divagações de quem pretendia apenas homenagear um nadador fenomenal, mas deixa pra lá. Porque não só fim de ano é assim mesmo como, ainda por cima, não há mais o que se possa falar de Cesar Cielo, terrível desafio que todos nós teremos nos muitos anos que ainda vêm aí com o cara quebrando tudo n'água.
Pois é. Não bastassem os trocadilhos e lugares-comuns, ele ainda é chegado num apóstrofo, desde d'Oeste até n'água.
E eu, numa apóstrofe, Ó, Cielo

blogdojuca@uol.com.br

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