São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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Público vibra, TV prestigia, clubes bocejam

Caio Guatelli/Folha Imagem
O atacante Caio faz o último treino antes de sua volta ao Santos depois de uma temporada no Flamengo



Nem o entusiasmo dos fãs e a exposição pela TV animas os oito times que, desfalcados, participam da competição que dá início à temporada nacional do futebol



PAULO COBOS
da Reportagem Local

Estádios cheios, ótimas cotas de televisão, despesas de viagens pagas, todo dinheiro da bilheteria e um atalho para a Taça Libertadores da América. Mesmo com um cenário dos "sonhos" para os novos investidores do futebol brasileiro, o Torneio Rio-São Paulo começa hoje com o desprezo de quem vai entrar em campo.
O torneio, que foi disputado pela primeira vez em 1933 e que terá Santos x Botafogo na abertura, começa com times que ainda têm jogadores em férias, com dois técnicos "reservas" e com elencos que devem ser alterados profundamente no próximo mês.
O Corinthians, seguindo o exemplo do Palmeiras no ano passado e do Vasco em 1998, vai disputar toda a competição com a equipe reserva -até o técnico Oswaldo de Oliveira, campeão do mundo com o clube no início do mês, não vai estar no banco durante o torneio. Será substituído por Édson Cegonha, seu auxiliar.
""O Corinthians tem 30 jogadores titulares, e não apenas 11. O time que vai jogar tem sete campeões do mundo, além de outros que ficaram no banco", disse Alberto Dualib, presidente do clube.
Nos outros clubes paulistas, o Rio-São Paulo é encarado como laboratório -todas essas equipes ainda procuram reforços para a temporada e vão usar a competição para testar juniores.
O Palmeiras, por exemplo, começa o primeiro campeonato da temporada com pouco mais de uma dúzia de profissionais em condições de jogo em seu elenco.
O São Paulo, mesmo com quatro jogadores na seleção que disputa o Pré-Olímpico no Paraná, não reclama da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) -no ano passado, quando teve jogadores convocados durante o Campeonato Paulista, o clube se revoltou com a entidade que dirige o futebol do país.
Nos clubes do Rio, que conquistaram as últimas duas edições do torneio -com o Botafogo em 1998 e com o Vasco em 1999-, o cenário não é muito diferente.
O Vasco começa a disputa com um técnico interino, Alcir Portela, e poupando Edmundo.
Apesar disso, o vice-presidente de futebol do clube, Eurico Miranda, não concorda que o clube está desprezando a competição.
"O Rio-São Paulo é uma competição da maior importância, o verdadeiro Campeonato Brasileiro, que está sendo minimizada porque o Vasco ganhou no ano passado", disse o dirigente.
No Flamengo, a diretoria não conseguiu regularizar a documentação do meia-atacante Petkovic, principal contratação do time para a temporada.
Já Botafogo e Fluminense começam a disputa do Torneio Rio-São Paulo com reforços pouco condizentes com o retorno financeiro do torneio.
Para Joel Santana, técnico do Botafogo, a competição, além de valer pela rivalidade, serve para despertar o interesse do torcedor.
"É como numa refeição. Esse torneio é a entrada. Não é o prato principal, mas abre o apetite do torcedor", diz o treinador.
O pouco interesse dos clubes acontece com uma das competições mais lucrativas e populares do calendário brasileiro.
Ressuscitado em 1997, o Rio-São Paulo teve no ano passado a melhor média de público entre os principais campeonatos do país.
Cada jogo da competição em 1999 teve uma média de 22.307 pagantes por partida, cerca de um terço maior do que a média do último Brasileiro.
Mesmo recebendo uma cota fixa por partida disputada, os clubes mandantes ficam sempre com a renda, ao contrário do Campeonato Paulista, em que a federação também garante cotas, mas fica com o dinheiro da bilheteria.
No ano passado, a renda média ficou em quase R$ 176 mil por partida, contra pouco menos da média de R$ 125 mil do último Campeonato Brasileiro.
Na edição 2000, o aumento dos valores repassados aos clubes pelos organizadores do Rio-São Paulo aumentou, em média, 20% em relação ao ano passado.
Os quatro times eliminados na primeira fase irão receber, sem contar o dinheiro da bilheteria, R$ 1,224 milhão, média de R$ 408 mil por mando de jogo. Para os times eliminados nas semifinais, a cota por mando será de R$ 456 mil. O vice-campeão receberá R$ 559 mil, e o ganhador da competição levará R$ 640 mil por mando.
Não bastasse o retorno financeiro, a edição 2000 do Rio-São Paulo tem um atrativo extra -o campeão da competição terá vaga assegurada na Copa dos Campeões, que vai definir um representante brasileiro na Libertadores-2001.


Colaborou Mário Moreira, da Sucursal do Rio

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