São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

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JUCA KFOURI

Belluzzo não!


O Palmeiras está em vias de eleger um presidente que será terrível para os demais

NA PRÓXIMA segunda, o Palmeiras caminha para eleger o economista Luiz Gonzaga Belluzzo como seu novo presidente.
Corintianos, são-paulinos e santistas que torçam pela vitória da oposição, que significará a volta de Mustafá Contursi e sua gente ao comando alviverde.
Porque, se Belluzzo vencer, algo de realmente novo acontecerá no cenário do futebol brasileiro, algo que associado à força da nação palmeirense e sua história de lutas e glórias poderá significar uma nova hegemonia -e sob uma nova roupagem, a da inteligência associada à ética e aos bons costumes.
Eleito poucos anos atrás como um dos cem economistas heterodoxos mais importantes do século 20 e Intelectual do Ano, o professor Belluzzo também é capaz de substituir sua racionalidade e doçura pela paixão que o futebol desperta, a ponto de trocar socos com torcedores uruguaios num jogo do Palmeiras em Montevidéu.
Mas é incapaz de, por exemplo, pisotear a decência para vencer um jogo ou ganhar um título. Pode até, e já aconteceu, comprar uma causa perdida em nome de sua agremiação, mas sempre em seu prejuízo, nunca no da sociedade.
Se um dia Telê Santana desabafou ao dizer que futebol não é coisa para gente séria, um verdadeiro paradoxo e um paradoxo verdadeiro para quem era sério e viveu sua vida toda no futebol, o professor Belluzzo será mais um estranho no ninho, embora conheça bem o ninho.
Ele é daqueles torcedores que no poder ou fora não abandonam suas cores e que são incapazes de tirar o que seja deles, ao contrário, são de se sacrificar pelo seu sucesso.
Intelectual independente, capaz de ser conselheiro de Lula e amigo de José Serra ao mesmo tempo e de ser sócio de Mino Carta, ferrenho crítico do governador paulista, na revista "Carta Capital", Belluzzo não romperá com o status quo nem afrontará a CBF como gostaria -e seria de bom alvitre-, pois não é de seu estilo.
Mas será uma voz que tanto o presidente da República quanto o governador deverão ouvir, agora sobre as mazelas do futebol.
E trará uma nova visão das coisas, por mais que tenha de conviver com os interesses conflitantes de uma Traffic ou com a simulação de eficiência de seu atual treinador, além das inúmeras contradições do "Muda, Palmeiras".
Belluzzo na presidência tem potencial para ser para o Palmeiras o que Pelé foi para o Santos, o que Rogério Ceni é para o São Paulo e o que os corintianos sonham que Ronaldo venha a ser.
Por isso, não-palmeirenses, torçam contra ele.

Férias
Em 30 dias, muito do de sempre e uma dor aguda: o São Paulo foi quem melhor contratou, sem alarde e com a habilidade de quem sabe como usar a Lei Pelé; o Santos se entregou a parceiro insondável, e o Corinthians anima dentro do campo, apesar de desanimar fora.
Mas morreu Rosa Branca, dos maiores de todos os tempos no basquete mundial.
Rosas, como se sabe, não falam, rosas exalam.
Rosa Branca fica. Como perfume.

blogdojuca@uol.com.br


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