São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2000


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ATLETISMO
Condenação, em sessão hoje à noite, pode gerar ao Brasil a perda da quarta colocação no Pan-99
Elisângela é julgada após sete meses

JOÃO CARLOS BOTELHO
da Reportagem Local

A lançadora de disco Elisângela Adriano vai ser julgada hoje pelo tribunal da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), após mais de sete meses desde que o exame antidoping da atleta deu positivo para nandrolona, em 12 de julho do ano passado, durante a Universíade, na Espanha.
O julgamento no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da confederação está marcado para ter início às 19h, em auditório das Faculdades Nilton Lins, em Manaus, onde fica a sede da CBAt.
A principal consequência que o julgamento pode gerar é a perda do quarto lugar do Brasil no Pan-Americano de Winnipeg (Canadá), no ano passado.
É que Elisângela foi ouro no lançamento de disco, medalha conseguida após ter dado positivo no antidoping. Caso seja condenada até a última instância, seu resultado na prova deverá ser anulado, e o Brasil cairia do quarto para o quinto lugar, atrás da Argentina.
Os sete meses para julgar a lançadora foram considerados um período longo pela Iaaf (Federação Internacional de Atletismo).
A velocista jamaicana Merlene Ottey, por exemplo, teve exame com resultado positivo para nandrolona realizado no mesmo mês de julho e já viu seu caso ser mandado para o tribunal de arbitragem da Iaaf.
Antes, a atleta ainda foi julgada e absolvida pela confederação de seu país, mesmo com a contraprova de seu exame tendo sido divulgada cerca de um mês depois da de Elisângela.
O presidente da CBAt, Roberto Gesta, reconheceu a demora, mas disse que ela foi motivada por pedido da lançadora, para ter mais tempo no preparo de sua defesa.
A reportagem da Folha tentou ouvir ontem a atleta, mas ela não atendeu seu telefone celular durante a tarde. O técnico dela, João Paulo Cunha, está participando de um curso na Argentina.
Segundo Sérgio Coutinho Nogueira, presidente da equipe de Elisângela, a Funilense, apenas a atleta e um advogado deverão estar presentes no julgamento.
Ele disse que o clube vem pagando o salário da lançadora e que também custeou as despesas com laudos pedidos a Eduardo de Rose, membro da comissão médica do COI (Comitê Olímpico Internacional), para serem usados na defesa.
Segundo o presidente da CBAt, se Elisângela for condenada, ela ainda poderá recorrer da decisão à Iaaf, pedindo que o caso seja enviado para o tribunal de arbitragem da entidade. Mantida a condenação, a Iaaf comunica às associações filiadas e anula os resultados de competições sob sua responsabilidade obtidos pelo atleta.
No caso do ouro no Pan, caberá à Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) essa decisão. Para Gesta, com a lançadora condenada, a medalha deverá ser caçada, ""porque, se não fizesse isso, a Odepa criaria um constrangimento com a Iaaf".
A decisão do julgamento em Manaus será tomada por seis auditores, que terão o acompanhamento de José Tadeu dos Santos, chefe do departamento médico da CBAt, para eventuais dúvidas.


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