São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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JUCA KFOURI

Fique à vontade, Dunga


O que foi imaginado para ser escrito aqui não é muito diferente do texto final; no entanto, a ênfase é outra


CONFESSO QUE me preparei para escrever uma coluna cujo título seria uma conclamação: "Juízo, Dunga".
Supunha que veria Ronaldinho Gaúcho conduzindo o Milan à liderança do Italiano, numa arrancada que teve muito a ver com o progresso dele e que permitiu aos milanistas reduzir uma diferença que era de dez pontos seis rodadas atrás. Era ganhar em casa do Napoli e pronto: o Milan assumiria o primeiro lugar, um ponto adiante da irregular Inter.
Mas não aconteceu.
O empate (1 a 1) deixou o time rossonero um ponto atrás do rival.
E Ronaldinho, o aniversariante do dia, agora trintão, como foi?
Não foi mal, tanto que foi dele o cruzamento para o gol milanista.
E, ao contrário do que se diz, ele não se limitou a participar três ou quatro vezes do jogo. Tive a pachorra de contar 44 lances com seu toque na bola. Marcadíssimo, é verdade, sempre por dois, às vezes por três, porque estava claro que quem criava no time era ele, razão pela qual o sucesso ao neutralizá-lo equivalia a parar o Milan. E foi exatamente o que o time napolitano fez.
Na bola, o desarmaram nove vezes nas minhas contas. E, com faltas, outras seis. Jogando sempre ali naquela faixa pela esquerda, deu muitos (dez) passes curtos e errou dois passes fáceis, em contra-ataques que poderiam resultar em gols.
Com exceção de um lance mais agudo criado por Seedorf, os outros três, além do gol, saíram de seus pés, o que não é pouco.
Mas não dá para dizer que Ronaldinho teve uma atuação de gala, decisiva, dessas que obrigam o técnico da seleção a rever conceitos. Pode-se até dizer que não há mais de três jogadores no time de Dunga capazes de fazer o que ele fez ontem em Milão, e não será mentira.
Mas, também, deve-se entender por que esses três bastem para o confiante treinador.

Em tempo 1
Para quem critica tanto o nível do futebol brasileiro jogado no país, admitamos que o jogado na Itália também deixa muito a desejar, tanto que o sofrível time do Milan é o vice-líder do campeonato. Não terá sido por outro motivo que, numa partida em que os donos da casa tinham a chance de assumir uma liderança que parecia impossível, o San Siro apresentasse tantos claros, mais vazio do que cheio.

Em tempo 2
Dos nascidos em março, quem você escolheria para o seu time no auge da forma: Zico ou Ronaldinho? No auge, o colunista escolheria Ronaldinho. Mas, no cômputo geral, por enquanto, ficaria com Zico.

Delícia
O Ituano, como o Palmeiras, não é o Naviraiense. E apenas três pontos separam o Robin Hood do Parque Antarctica do Ituano de Roque Júnior e Juninho Paulista. Mas nem por isso, ainda que sem Neymar e sem Robinho, a meninada santista deixou de enfiar-lhe uma fileira de gols, sempre benfeitos, sempre divertidos: 9 a 1. Neste modorrento Paulistinha, é o que há: o Santos.
Além do Ramalhão, porque o São Paulo empurra com a barriga e o Corinthians não se define.

blogdojuca@uol.com.br


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