São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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AUTOMOBILISMO
Desempenho demonstrado pela equipe inglesa pode também ter explicação em recurso inédito no motor
Freio não é o único segredo da McLaren

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
da Reportagem Local

A celeuma em torno do inovador sistema de freios apresentado pela McLaren em Melbourne pode ter raízes mais profundas.
Além da dúvida sobre a legalidade do novo recurso, discussão que a Ferrari promete estender até o GP Brasil, no próximo fim-de-semana, novos elementos surgem para reabastecer a polêmica.
Um inédito sistema regenerativo de potência também estaria dilatando as diferenças entre os pilotos da equipe e a concorrência.
Esse princípio já foi utilizado na F-1, casos do compressor, nos 60, e do turbocompressor, que radicalizou a disputa na categoria nos anos 80 -foi proibido em 89.
O novo recurso, para driblar o regulamento, estaria baseado no acúmulo de energia em uma bateria carregada pelo motor. Mais tarde, essa energia acumulada poderia ser revertida em potência.
Como isso se dá e o ganho que representa são a incógnita que pouca gente do meio arrisca esclarecer.
É certo, porém, que, apesar de não haver certeza sobre sua existência, a novidade já incomoda.
Pior, estaria reforçando a resistência das equipes rivais, principalmente da Ferrari, no caso do sistema de freios, algo mais paupável para se contestar.
A escuderia italiana, aliás, trabalha ainda com hipótese mais mirabolante. A de que o ganho de potência estaria relacionado com uma tração nas quatro rodas.
Proibido desde 1983, apesar de pouco usado, esse tipo de tração aumenta a estabilidade em curvas, pois deixa duas e não apenas uma roda com a missão de tracionar o carro (leia texto abaixo).
É fato, porém, que o MP4/13 foi submetido inúmeras vezes à fiscalização dos comissários durante a pré-temporada -note-se, com frequência maior que a habitual.
E que, portanto, conta com o aval da FIA, entidade que controla a F-1, como insiste em lembrar Ron Dennis, chefe da equipe, e Adrian Newey, projetista do carro.
Mas, mesmo quem credita o sucesso da McLaren apenas ao eficiente conjunto montado, caso da Williams, deixa claro que as soluções encontradas pelo time inglês estão longe de serem alcançadas.
Na última semana, Jacques Villeneuve, ao revelar que Heinz-Harald Frentzen também usou um freio diferencial em Melbourne, comentou: "O nosso sistema é rudimentar perto do deles".



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