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Uma rodada de muito calor e pouco futebol
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Talvez a culpa seja do calor,
mas o fato é que faltou futebol
nos jogos paulistas do fim-de-semana.
Sábado, no Canindé, Santos e
Lusa até que fizeram um jogo
disputado e com muita movimentação, mas ficaram devendo em matéria de técnica.
O primeiro gol da partida, de
Jorginho para o Santos, é daqueles lances que vão deixar
sempre a dúvida: foi erro, acaso
ou golpe de gênio? O fato é que
o jogador foi para a ponta, levantou a cabeça como se fosse
cruzar e chutou direto para o
gol, pegando o goleiro Fabiano
no contrapé.
Domingo, Corinthians x Rio
Branco e Palmeiras x Guarani
me fizeram sentir saudades do
"Desafio ao Galo", aquele torneio paulistano de várzea que
a TV Record (se não me falha a
memória) exibia nas manhãs
de domingo.
Não vi justamente São Paulo
x Portuguesa Santista, que parece ter sido o melhor dos jogos
(pelo menos teve muitos gols).
Além do calor, Palmeiras e
Corinthians têm a desculpa da
maratona de partidas e viagens
imposta pela disputa simultânea de três campeonatos importantes: o Paulista, a Libertadores e a Copa do Brasil.
Num dos poucos lances interessantes da rodada, o palmeirense Paulo Nunes ironizou a
situação ao comemorar seu belo gol contra o Guarani simulando uma soneca em campo.
Seja como for, tanto o Palmeiras como o Corinthians mostraram pouca criatividade no
ataque e uma alarmante fragilidade em seus sistemas defensivos -o que levou os palmeirenses a cometerem muitas faltas e os corintianos a contar
com a ajuda dos deuses (e do
juiz, que não apitou pênalti cometido por Marcelinho) para
não tomar gols.
Outro lance memorável do
domingo, aliás, foi o gol perdido por um jogador do Rio
Branco no segundo tempo, praticamente embaixo da trave.
Em suma, uma rodada quase
nula de um campeonato que
não precisava ser tão longo (está apenas no começo) e extenuante.
Na última quarta, protestei
contra a atitude da Parmalat
de proibir o jogador Oséas de
posar nu para uma revista.
O assunto rendeu. A rádio
Bandeirantes resolveu fazer
uma enquete junto aos ouvintes para saber sua opinião sobre a questão.
Até onde acompanhei a apuração, a grande maioria dos
ouvintes (cerca de 70%) era a
favor da proibição. Menos de
30% achavam, como eu, que se
trata de uma ingerência arbitrária e indevida da empresa
na vida particular do atleta.
Alguns leitores palmeirenses
também me escreveram, a
maioria manifestando apoio à
proibição.
Um deles chegou a me chamar de "bicha enrustida", sem
saber que revelava assim o
grande fantasma que está por
trás dessa discussão: o tabu do
homossexualismo.
Quem tem medo de homem
pelado deveria parar para tentar entender por quê.
De minha parte, já que o argumento utilizado pelos defensores da censura é o "interesse
comercial do patrocinador",
estou disposto a mudar de opinião se me provarem que um
único produto Batavo (patrocinador do Corinthians) deixou
de ser vendido porque Vampeta e Dinei posaram nus.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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