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Até Delúbio move zebras nos Estados
Ex-tesoureiro do PT dá chute inicial em jogo do Itumbiara, símbolo dos clubes que usam improviso e ajuda estatal
Com pouco planejamento
e auxílio das prefeituras,
times saem do ostracismo
para brigar pelo título nos
grandes centros da bola
EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Planejar, crescer, encarar os
grandes. O que seria a seqüência natural para um clube pequeno é pura ficção para as surpresas dos Estaduais em 2007.
O improviso, quase sempre turbinado com dinheiro público,
dá o tom em projetos pessoais,
que, como mostra o histórico
recente, têm fôlego curto.
É o caso de clubes que estavam no limbo ou buraco há
bem pouco tempo e hoje lutam
pelo título em seus Estados, como o Itumbiara (GO), a Chapecoense (SC), o Paranavaí (PR),
a Cabofriense (RJ), o Tupi
(MG) e o Itapipoca (CE).
Um caso emblemático está
no Centro-Oeste. Lá, o prefeito
José Gomes da Rocha (PMBD),
grande produtor rural, investiu
pesado em 2007 para contratar
veteranos famosos, como Paulo
Miranda e Beto, para o Itumbiara, que assim foi às semifinais do Goiano. "Eu tiro do bolso, de familiares, amigos e empresários para contratar jogadores", declara o político, que
colocou a prefeitura para alavancar as rendas do clube.
Rocha lançou um programa
em que o pagamento do IPTU
dá direito a quatro ingressos
para os jogos do Itumbiara.
As partidas do time contam
com um convidado ilustre: Delúbio Soares, o tesoureiro do
PT na época do mensalão.
"Ele é meu amigo, apesar de
ser do PT e eu do PMDB. Ele é
torcedor de vestir a camisa, entrar em campo e dar pontapé
inicial. Ele é torcedor-símbolo
do Itumbiara", afirma o prefeito, que sonha um dia em trabalhar na diretoria do Vasco, clube de seu coração.
No ano passado, a Chapecoense não caiu por pouco em
Santa Catarina -foi a penúltima colocada. Hoje, só depende
de suas forças para ganhar o segundo turno e enfrentar o Criciúma na decisão de 2007.
Para tal ascensão, uma troca
do comando político da cidade
é a justificativa, segundo Edir
de Marco, o presidente do time.
"O PT administrou por aqui
por oito anos e não participou
de nada. Quando o prefeito
[João Rodrigues, do DEM, ex-PFL] se envolveu, tudo mudou", relata o cartola.
Segundo ele, o poder de persuasão da prefeitura foi vital
para seu clube obter patrocínios -a Chapecoense tem uma
receita de R$ 90 mil mensais.
"Prefeito tem um poder de barganha forte. Por exemplo, tem a
empresa que instala lombadas
eletrônicas pela cidade. Aí perguntam para eles: "Você vai ajudar a Chapecoense, não?"."
No Paranavaí, que hoje disputa com o Coritiba uma vaga
na final do Parananese (venceu
o primeiro jogo por 3 a 2), a ajuda estatal não é escancarada.
Mas o site oficial da prefeitura registra assuntos do clube
tratados no gabinete do mandatário da cidade, como a negociação de uma parceria entre o
clube e o Paraná. "O convênio
do município é com a equipe de
juniores. Não tenho o valor
exato na mão de quanto gastamos", explica Mauricio Yamakawa, o prefeito de Paranavaí.
"Plano terreno"
Em Minas Gerais, o Tupi de
Juiz de Fora arrumou um mecenas da iniciativa privada
(Omar Peres, dono de um grupo que inclui a retransmissora
da Globo na região). Os executivos desse grupo não mostram
muito entusiasmo com o projeto que tirou o clube da segunda
divisão para as semifinais do
Estadual -disputa hoje vaga na
decisão contra o Cruzeiro.
"Entramos com 50%, e o parceiro, a MRS (transporte ferroviário), com a outra metade. O
custo hoje do time é de R$ 200
mil mensais, fora o que já foi investido. Temos participação
em jogadores, mas isso só funciona com Ronaldinho. No plano terreno, a história é diferente", diz Antônio Braga, o diretor
geral do grupo de Peres, que ganhou projeção ao tentar contratar Romário no ano passado.
"Fizemos a montagem do
planejamento achando que pelo menos iríamos ficar no zero.
Achávamos que, com a imagem
da TV, venda de ingressos e
agregando novos parceiros, iria
dar, mas metade aconteceu e a
outra metade não", lamenta.
No Ceará, Icasa e Itapipoca,
os dois pequenos nas semifinais do campeonato, têm as
prefeituras de suas cidades como principais investidores, assim como a Cabofriense no Rio.
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