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JUCA KFOURI
Azulão assombra o Morumbi
Somente o futebol para aprontar o que se viu ontem. Mais que uma zebra, algo verdadeiramente assustador
O INACREDITÁVEL aconteceu.
Menos pela classificação
do São Caetano, que não poderia ser descartada por dificílima
que fosse. Seria uma zebra e ponto.
Mas pelo resultado, pela goleada,
inapelável: 4 a 1.
Quem diria?
E olhe que o São Paulo começou
melhor nos dois tempos do jogo,
mas sucumbiu como se fosse um time qualquer diante da indiscutível
superioridade do Azulão, que goleou
como se o grande fosse ele.
Quem vive o futebol já cansou de
ver surpresas, embora haja surpresas e surpresas.
O que houve ontem no Morumbi
foi muito mais do que isso, foi algo
histórico, quase assustador.
Na verdade, assustador.
E que vale um comentário: a lisura
com que se aceitou um finalista que
não interessava a ninguém.
Quem tem olhos viu.
Já os olhos da coluna choram a eliminação do Inter, digna, nas circunstâncias do jogo derradeiro,
diante do Nacional, um drama.
Mas negativamente marcante pelo fato de ser o primeiro campeão a
cair numa primeira fase.
Pena, também, que cada vez menos o torcedor conceda crédito aos
seus times, razão pela qual cobra-se
do Inter como se o colorado não fosse mais o campeão mundial. E da
própria Libertadores.
Como cobra exageradamente a
torcida do Flamengo, nem aí para o
fato de o rubro-negro ser o campeão
da Taça Guanabara e finalista do Estadual do Rio, além de dono da segunda melhor campanha da taça
continental.
O que quer o torcedor, enfim?
Quer o Flamengo de Zico?
Pois bem, todos queremos.
Só que o artigo está em falta.
O pior é que sem o respaldo da
massa, o Flamengo pode dançar tanto diante do Botafogo, ou da Cabofriense, quanto na Libertadores.
E tem o Santos.
Este não corre maiores riscos hoje
diante do Bragantino. Será?
Tomara que a torcida vá ao Morumbi (parece mentira que não possa ir à Vila Belmiro), pelo menos como foi ao Pacaembu no sábado passado, porque também ela não parece
muito entusiasmada com a estupenda campanha que o time vem fazendo na temporada.
Tão boa que não deu para entender bem a entrevista de Vanderlei
Luxemburgo ao fim da fácil conclusão da primeira fase da Libertadores, com 100% de aproveitamento.
Ora, o técnico, que se acha em
campo e se perde fora, disse de agora
em diante o Santos terá que jogar à
argentina se quiser ter vida longa na
competição.
O que é exatamente isso, se considerarmos que as últimas duas decisões da taça foram disputadas por
clubes brasileiros?
Não será melhor jogar à brasileira,
sem menosprezar em nada a fabulosa escola dos hermanos?
Ainda se fosse jogar à moda Messi,
o menino que foi capaz de aprimorar
um dos mais belos gols da história
do futebol. (E aprimorar sim, porque se a obra-prima de Maradona
deixa dúvida sobre quem dá o toque
final para as redes, a, até aqui, de
Messi, foi executada sem margem
de erro por ele mesmo).
A verdade é que todos os campeões continentais brasileiros, com
exceção de Grêmio e Inter, ganharam seus títulos ao nosso estilo, e os
gaúchos só são exceções porque o
jeito gaúcho se parece mais com o
dos irmãos platinos. Ou, se você preferir, o estilo do rio da Prata é mais
parecido com o do Rio Grande do
Sul, brasileiríssimo, também, tchê.
Não deixe de ler
Leia a exemplar "Carta aberta a
Nuzman" de um professor de Educação Física carioca. Uma sólida
manifestação de cidadania, resumo
perfeito do COB e do Pan-2007.
Está em http://blogdojuca.blog.uol.com.br/, dia 18/4.
blogdojuca@uol.com.br
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