São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

Azulão assombra o Morumbi

Somente o futebol para aprontar o que se viu ontem. Mais que uma zebra, algo verdadeiramente assustador

O INACREDITÁVEL aconteceu.
Menos pela classificação do São Caetano, que não poderia ser descartada por dificílima que fosse. Seria uma zebra e ponto.
Mas pelo resultado, pela goleada, inapelável: 4 a 1.
Quem diria?
E olhe que o São Paulo começou melhor nos dois tempos do jogo, mas sucumbiu como se fosse um time qualquer diante da indiscutível superioridade do Azulão, que goleou como se o grande fosse ele.
Quem vive o futebol já cansou de ver surpresas, embora haja surpresas e surpresas.
O que houve ontem no Morumbi foi muito mais do que isso, foi algo histórico, quase assustador.
Na verdade, assustador.
E que vale um comentário: a lisura com que se aceitou um finalista que não interessava a ninguém.
Quem tem olhos viu.
Já os olhos da coluna choram a eliminação do Inter, digna, nas circunstâncias do jogo derradeiro, diante do Nacional, um drama.
Mas negativamente marcante pelo fato de ser o primeiro campeão a cair numa primeira fase.
Pena, também, que cada vez menos o torcedor conceda crédito aos seus times, razão pela qual cobra-se do Inter como se o colorado não fosse mais o campeão mundial. E da própria Libertadores.
Como cobra exageradamente a torcida do Flamengo, nem aí para o fato de o rubro-negro ser o campeão da Taça Guanabara e finalista do Estadual do Rio, além de dono da segunda melhor campanha da taça continental.
O que quer o torcedor, enfim?
Quer o Flamengo de Zico?
Pois bem, todos queremos.
Só que o artigo está em falta.
O pior é que sem o respaldo da massa, o Flamengo pode dançar tanto diante do Botafogo, ou da Cabofriense, quanto na Libertadores.
E tem o Santos.
Este não corre maiores riscos hoje diante do Bragantino. Será?
Tomara que a torcida vá ao Morumbi (parece mentira que não possa ir à Vila Belmiro), pelo menos como foi ao Pacaembu no sábado passado, porque também ela não parece muito entusiasmada com a estupenda campanha que o time vem fazendo na temporada.
Tão boa que não deu para entender bem a entrevista de Vanderlei Luxemburgo ao fim da fácil conclusão da primeira fase da Libertadores, com 100% de aproveitamento.
Ora, o técnico, que se acha em campo e se perde fora, disse de agora em diante o Santos terá que jogar à argentina se quiser ter vida longa na competição.
O que é exatamente isso, se considerarmos que as últimas duas decisões da taça foram disputadas por clubes brasileiros?
Não será melhor jogar à brasileira, sem menosprezar em nada a fabulosa escola dos hermanos?
Ainda se fosse jogar à moda Messi, o menino que foi capaz de aprimorar um dos mais belos gols da história do futebol. (E aprimorar sim, porque se a obra-prima de Maradona deixa dúvida sobre quem dá o toque final para as redes, a, até aqui, de Messi, foi executada sem margem de erro por ele mesmo).
A verdade é que todos os campeões continentais brasileiros, com exceção de Grêmio e Inter, ganharam seus títulos ao nosso estilo, e os gaúchos só são exceções porque o jeito gaúcho se parece mais com o dos irmãos platinos. Ou, se você preferir, o estilo do rio da Prata é mais parecido com o do Rio Grande do Sul, brasileiríssimo, também, tchê.

Não deixe de ler
Leia a exemplar "Carta aberta a Nuzman" de um professor de Educação Física carioca. Uma sólida manifestação de cidadania, resumo perfeito do COB e do Pan-2007.
Está em http://blogdojuca.blog.uol.com.br/, dia 18/4.

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Temporada tem interior como destaque
Próximo Texto: Memória: Histórias de auge e quedas são comuns
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.