São Paulo, quarta, 22 de abril de 1998

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FUTEBOL
Integrantes da torcida organizada palmeirense, extinta pela Justiça, atacam jornalistas; clube dispensa a PM
Mancha invade CT para apoiar Scolari

Paulo Giandalia/Folha Imagem
Integrantes da Mancha Verde gritam slogans contra a imprensa durante treino do Palmeiras


da Reportagem Local

Cerca de 300 torcedores, a maioria da torcida organizada Mancha Verde, extinta pela Justiça em 96, foram ontem ao Centro de Treinamento do Palmeiras, na Barra Funda, apoiar o treinador do time, Luiz Felipe Scolari, e hostilizar os jornalistas que fazem a cobertura do clube.
Sob a alegação de que há uma perseguição da imprensa contra o clube e seu treinador, os torcedores atiraram pedras, latas e copos com urina contra os repórteres.
Uma lata de refrigerante cheia atingiu a cabeça do editor do Globo Esporte Fernado Galvão de França, causando um hematoma acima de seu olho esquerdo.
Pelo menos três carros de reportagem foram atingidos por pedras.
"Com os outros clubes, isso não acontece. Vocês (a imprensa) só querem falar mal do Palmeiras", disse Fernando Faggiani, o "Nandão", presidente da Mancha Alviverde, torcida criada para substituir a Mancha.
Paulo Serdan, presidente da Mancha Verde à época da extinção, também estava no local.
Os torcedores entoavam gritos de guerra da Mancha e refrãos de apoio a Scolari.
Logo após o início da confusão, por volta das 16h, os jornalistas chamaram a Polícia Militar.Três viaturas chegaram, mas, instantes depois, a despeito da permanência da torcida, que insistia nas ameaças, foram embora.
"Isso é um local interno, e não podemos fazer nada se o clube não quer a nossa presença", disse o sargento Oliva, comandante de uma das viaturas.
O diretor de futebol do Palmeiras, Sebastião Lapola, disse que os jornalistas "estavam aumentando aquilo que aconteceu" e que "jamais impediria a entrada da torcida do Palmeiras."
Lapola afirmou que chamou representantes da torcida, entre os quais Serdan, para conversar. "Disse que não criassem problemas, seria pior para o clube."
Aos poucos, os torcedores foram deixando o local, não sem antes atirar mais pedras e fazer mais ameaças aos jornalistas.
Afirmando que tinha uma entrevista marcada com o ex-jogador Sócrates, Scolari não quis falar sobre o episódio. Na última sexta-feira, o técnico, irritado com uma pergunta, agrediu com um soco um repórter do "Diário Popular". (FÁBIO VICTOR)


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