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Seleção vive dia de time amador
Jogadores e técnico chegam atrasados ao CT, e torcedores, do lado de fora, criam clima de quermesse
Dunga fecha primeiro dia de preparação do Brasil à Copa, o que leva curiosos no local a ignorar atletas e priorizar "negócios" e macumba
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA
O primeiro dia de preparação
da seleção para a disputa da Copa-2010 teve mais a cara de um
time amador do que a de uma
equipe pentacampeã mundial.
Os jogadores chegaram aos
poucos ao centro de treinamento do Atlético-PR, o horário não foi respeitado -até o
técnico Dunga se atrasou-, e a
maioria dos curitibanos praticamente ignorou os atletas.
Os curiosos na porta do CT
do Caju estavam mais preocupados em aparecer para as lentes dos fotógrafos e cinegrafistas do que em apoiar o time.
Alguns jogadores ficaram
perdidos e chegaram de táxi ou
de carro. O lateral Michel Bastos foi parar num dos portões
secundários do CT e teve o carro cercado por moradores.
Já Dunga chegou no início da
tarde, quando a maioria dos
atletas terminavam de almoçar. Ele se atrasou cerca de três
horas -a apresentação estava
marcada às 11h- por causa do
fechamento do aeroporto de
Porto Alegre em virtude do
mau tempo na capital gaúcha.
"O Dunga não chegou bravo.
Ele tem sua personalidade, mas
não teve nenhuma alteração",
disse o preparador físico da seleção, Paulo Paixão, um dos
poucos liberados pelo treinador para dar entrevista. O outro
foi o médico José Luiz Runco.
Dunga se recusou a falar com
os jornalistas. Os jogadores não
falaram no CT no primeiro dia
de preparação brasileira.
Até o início da noite de ontem, 20 dos 23 convocados entraram no CT do Caju, concentração da seleção até quarta
-feira, quando a delegação embarca para a África do Sul.
Já o goleiro Júlio César, o zagueiro Lúcio e o lateral Maicon
só devem se apresentar, provavelmente, na segunda. Os três
disputam hoje a final da Copa
dos Campeões. Quem já estava
presente em Curitiba realizou
exames clínicos e laboratoriais.
Do lado de fora do CT, pouco
menos de uma centena de vizinhos se espremiam na estreita
rua Lupionópolis, que dava
acesso aos jornalistas ao CT. O
portão principal da concentração, que serviu para receber os
convocados, ficou vazio.
"Acabei de preparar a mandinga da boa sorte. Os caminhos da seleção estão livres para o hexa", disse o baiano Luiz
Antônio Ferreira Pereira, 40,
que preferiu se identificar como o "bruxo chique jeitoso".
De terno e gravata e uma capa vermelha, ele queimou pólvora e acendeu mais de 50 velas
nas cores verde e amarela com
formas de mãos, pés, bolas e jogadores em frente ao portão
"dos jornalistas". Segundo Pereira, "para tudo ser documentado pela história".
Em meio à confusão fora do
CT, modelos de casas noturnas
de Curitiba distribuíam folhetos sobre os points locais, e vendedores ambulantes tentavam
fazer negócios.
"Não gosto de futebol. Só estou aqui pela farra. Isso aqui tá
bem mais divertido do que lá
dentro. Só falta um bailão sertanejo para completar a festa",
disse o caminhoneiro Dimas
Gaspar, 35, vizinho do local de
treinamento do Atlético-PR.
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