São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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Seleção vive dia de time amador

Jogadores e técnico chegam atrasados ao CT, e torcedores, do lado de fora, criam clima de quermesse

Dunga fecha primeiro dia de preparação do Brasil à Copa, o que leva curiosos no local a ignorar atletas e priorizar "negócios" e macumba

PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA

O primeiro dia de preparação da seleção para a disputa da Copa-2010 teve mais a cara de um time amador do que a de uma equipe pentacampeã mundial.
Os jogadores chegaram aos poucos ao centro de treinamento do Atlético-PR, o horário não foi respeitado -até o técnico Dunga se atrasou-, e a maioria dos curitibanos praticamente ignorou os atletas.
Os curiosos na porta do CT do Caju estavam mais preocupados em aparecer para as lentes dos fotógrafos e cinegrafistas do que em apoiar o time.
Alguns jogadores ficaram perdidos e chegaram de táxi ou de carro. O lateral Michel Bastos foi parar num dos portões secundários do CT e teve o carro cercado por moradores.
Já Dunga chegou no início da tarde, quando a maioria dos atletas terminavam de almoçar. Ele se atrasou cerca de três horas -a apresentação estava marcada às 11h- por causa do fechamento do aeroporto de Porto Alegre em virtude do mau tempo na capital gaúcha.
"O Dunga não chegou bravo. Ele tem sua personalidade, mas não teve nenhuma alteração", disse o preparador físico da seleção, Paulo Paixão, um dos poucos liberados pelo treinador para dar entrevista. O outro foi o médico José Luiz Runco.
Dunga se recusou a falar com os jornalistas. Os jogadores não falaram no CT no primeiro dia de preparação brasileira.
Até o início da noite de ontem, 20 dos 23 convocados entraram no CT do Caju, concentração da seleção até quarta -feira, quando a delegação embarca para a África do Sul.
Já o goleiro Júlio César, o zagueiro Lúcio e o lateral Maicon só devem se apresentar, provavelmente, na segunda. Os três disputam hoje a final da Copa dos Campeões. Quem já estava presente em Curitiba realizou exames clínicos e laboratoriais.
Do lado de fora do CT, pouco menos de uma centena de vizinhos se espremiam na estreita rua Lupionópolis, que dava acesso aos jornalistas ao CT. O portão principal da concentração, que serviu para receber os convocados, ficou vazio.
"Acabei de preparar a mandinga da boa sorte. Os caminhos da seleção estão livres para o hexa", disse o baiano Luiz Antônio Ferreira Pereira, 40, que preferiu se identificar como o "bruxo chique jeitoso".
De terno e gravata e uma capa vermelha, ele queimou pólvora e acendeu mais de 50 velas nas cores verde e amarela com formas de mãos, pés, bolas e jogadores em frente ao portão "dos jornalistas". Segundo Pereira, "para tudo ser documentado pela história".
Em meio à confusão fora do CT, modelos de casas noturnas de Curitiba distribuíam folhetos sobre os points locais, e vendedores ambulantes tentavam fazer negócios.
"Não gosto de futebol. Só estou aqui pela farra. Isso aqui tá bem mais divertido do que lá dentro. Só falta um bailão sertanejo para completar a festa", disse o caminhoneiro Dimas Gaspar, 35, vizinho do local de treinamento do Atlético-PR.


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