São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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PALMEIRAS 0 X 0 BOCA JUNIORS
Boca surpreende Morumbi e conquista Libertadores
Palmeiras calado

Jorge Araújo/Folha Imagem
Palmeirenses lamentam, e argentinos festejam, cobrança do zagueiro Roque Jr., o segundo pênalti defendido por Córdoba após empate no tempo normal da final


DA REPORTAGEM LOCAL

Após um empate em 0 a 0 no tempo normal, o Palmeiras foi derrotado na disputa de pênaltis por 4 a 2 pelo Boca Juniors (Argentina), ontem à noite, no estádio do Morumbi, e perdeu a chance de conquistar o bicampeonato da Taça Libertadores da América.
Campeão sobre o Deportivo Cali (Colômbia) em 1999, também na disputa de pênaltis, o Palmeiras não mostrou ontem a mesma tranquilidade do ano passado. Asprilla e Roque Júnior desperdiçaram suas cobranças, enquanto os argentinos fizeram todas.
Ao final da partida, os palmeirenses, principalmente Argel, entraram em desespero, chorando muito no gramado.
O primeiro jogo, em Buenos Aires, havia terminado em 2 a 2.
A conquista credencia o Boca à disputa do Mundial interclubes de Tóquio, contra o Real Madrid, campeão europeu, no final do ano (ainda sem data definida).
Foi o terceiro título do Boca Juniors e o 18º de equipes da Argentina no torneio.
A mais popular equipe do país vizinho já havia conquistado a Libertadores em 1977 e 1978.
O treinador Carlos Bianchi, por sua vez, obteve o seu bicampeonato da Libertadores -já levara o modesto Vélez Sarsfield ao título em 1994, quando os argentinos bateram o São Paulo na decisão, exatamente no Morumbi e também na cobrança de pênaltis.
Ao perder o título, o Palmeiras viu escorrer entre seus dedos a chance de, por vários motivos, entrar para a história do futebol brasileiro e sul-americano.
Em primeiro lugar, continuará atrás de Santos, São Paulo, Grêmio e Cruzeiro, times brasileiros que já levantaram por duas vezes o troféu do torneio.
Já Luiz Felipe Scolari perdeu a chance de se transformar no técnico brasileiro mais vitorioso da competição e igualar o recorde de Osvaldo Zubeldía -que levou o argentino Estudiantes a três títulos, entre 1968 e 1970- como o detentor do maior número de conquistas pessoais.
Seria o terceiro título do treinador gaúcho, que já vencera com o Grêmio, em 1995, e com o próprio Palmeiras, no ano passado.
A perda do bicampeonato fecha de forma melancólica um semestre de superação da equipe paulistana. Após um desmanche promovido pela co-gestora Parmalat, no início do ano, o Palmeiras surpreendeu conquistando o Torneio Rio-São Paulo e chegando às semifinais do Paulista.
Seu maior feito, no entanto, foi disputar 14 jogos na Libertadores, eliminar o maior rival, o Corinthians, nas semifinais, e alcançar a final de ontem vencendo dois mata-matas nos pênaltis.
Além de perder a oportunidade de se aproximar dos argentinos no número de títulos, o Brasil, que tem 11 conquistas, viu também frustrada a chance de alcançar a maior hegemonia de um país em uma década no torneio.
Na década de 90, os clubes nacionais tiveram seis títulos: São Paulo (1992 e 93), Grêmio (1995), Cruzeiro (1997), Vasco (1998) e Palmeiras (1999). Em duas décadas (60 e 70), os argentinos conquistaram seis vezes o torneio.
Protagonistas da maior rivalidade do futebol sul-americano -e uma das maiores do mundo-, brasileiros e argentinos decidiram a Libertadores nove vezes. Agora são seis vitórias argentinas, contra apenas três dos brasileiros -Santos sobre Boca, em 1963, Cruzeiro em cima do River Plate, em 76, e São Paulo ante o Newell's Old Boys, em 92.
Pela conquista, o Boca vai receber US$ 800 mil da empresa de automóveis japonesa Toyota, patrocinadora da Libertadores.
Apesar da derrota nos pênaltis (oficialmente, o resultado foi empate), o Palmeiras manteve uma marca. Nos seis torneios oficiais sul-americanos que disputou na década de 90, o time nunca perdeu para um rival do exterior jogando em São Paulo.
Foram 22 jogos, com 20 vitórias e dois empates.


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