São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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QUARTAS/ ONTEM

Scolari comemora efeitos de sua estratégia e diz quebrar recorde de dedicação

Ivete Sangalo, filme e livro ajudam a incentivar seleção

DOS ENVIADOS A SHIZUOKA

Mestre no ofício de motivar atletas, o técnico Luiz Felipe Scolari voltou a lançar mão de incentivos psicológicos antes da vitória contra a Inglaterra. E, após o jogo, despido de modéstia, mostrou-se satisfeito com o resultado: disse que tem em mãos a seleção brasileira mais dedicada da história.
"Eu, como técnico, tenho uma admiração profunda pelas seleções anteriores, por tudo que já fizeram por nós, por nos colocarem nessa situação atual, mas nunca vi uma seleção com um espírito tão forte de luta, tão vibrante, quanto esta", disse o treinador, que minimizou seu papel na "conquista".
"Isso é mérito dos atletas, é o grupo. A gente teve oportunidade de trabalhar, e eles entenderam."
A vitória da seleção sobre a Inglaterra e o agradecimento de Scolari às "seleções anteriores" coincidiram com o aniversário de 32 anos da conquista do tricampeonato mundial no México, quando o Brasil de Pelé, Tostão e Jairzinho bateu a Itália por 4 a 1.
Na preleção que fez antes de deixar o Grand Hotel Hamamatsu rumo ao estádio de Shizuoka, o técnico falou pouco. Preferiu, sem se ater à conquista de 1970, abrir espaço para um filme, "Any Given Sunday" ("Um Domingo Qualquer"), de Oliver Stone, um livro, "Cestas Sagradas", autobiografia do técnico Phill Jackson, recordista de títulos da NBA (nove), e um vídeo dado pela TV Globo.
Dali tirou máximas para fortalecer o espírito dos atletas.
Frases do final do filme, que conta a história de um time de futebol americano numa grave crise, foram repetidas por Scolari para o time (leia trecho na página).
Questionado sobre a postura da equipe ontem em Shizuoka, o técnico citou uma das passagens da fita. "Viver para não morrer. Essa foi a tônica da palestra e do nosso pensamento nos 90 minutos."
O treinador também leu para os atletas trechos do livro de Phill Jackson, que usa o zen-budismo para ajudar as suas equipes a manter o "controle psicológico".
Pela segunda vez na Copa, a seleção assistiu antes de um jogo a um vídeo com imagens da torcida, cedido pela TV Globo. Havia cenas com a festa dos torcedores no Rio, batucadas, lances de jogos e gols, gritos de Brasil sobrepostos à narração de Galvão Bueno.
Mas o que Scolari mais gostou não foi isso. "A parte mais importante é a música da Ivete Sangalo", disse, em referência à música que diz: "E vai rolar a festa, vai rolar! O povo do gueto mandou avisar".
O vídeo termina com a frase "Um país, uma paixão". "Quando a gente recebe esse tipo de mensagem, que toca o coração dos atletas. Maravilha. Deus queira que a gente chegue à final e tenha uma outra música", disse Scolari, que pagou uma psicóloga para auxiliá-lo. Segundo os jogadores, o esforço de Scolari para cuidar da cabeça deles refletiu na calma em administrar dois baques -a falha de Lúcio e a expulsão de Ronaldinho. "A gente sabia que tinha qualidade para empatar e reverter. Você tem que manter a tranquilidade. E nós conseguimos", afirmou Marcos. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)



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