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QUARTAS/ ONTEM
Scolari comemora efeitos de sua estratégia e diz quebrar recorde de dedicação
Ivete Sangalo, filme e livro ajudam a incentivar seleção
DOS ENVIADOS A SHIZUOKA
Mestre no ofício de motivar
atletas, o técnico Luiz Felipe Scolari voltou a lançar mão de incentivos psicológicos antes da vitória
contra a Inglaterra. E, após o jogo,
despido de modéstia, mostrou-se
satisfeito com o resultado: disse
que tem em mãos a seleção brasileira mais dedicada da história.
"Eu, como técnico, tenho uma
admiração profunda pelas seleções anteriores, por tudo que já fizeram por nós, por nos colocarem
nessa situação atual, mas nunca vi
uma seleção com um espírito tão
forte de luta, tão vibrante, quanto
esta", disse o treinador, que minimizou seu papel na "conquista".
"Isso é mérito dos atletas, é o
grupo. A gente teve oportunidade
de trabalhar, e eles entenderam."
A vitória da seleção sobre a Inglaterra e o agradecimento de
Scolari às "seleções anteriores"
coincidiram com o aniversário de
32 anos da conquista do tricampeonato mundial no México,
quando o Brasil de Pelé, Tostão e
Jairzinho bateu a Itália por 4 a 1.
Na preleção que fez antes de
deixar o Grand Hotel Hamamatsu rumo ao estádio de Shizuoka, o
técnico falou pouco. Preferiu, sem
se ater à conquista de 1970, abrir
espaço para um filme, "Any Given Sunday" ("Um Domingo
Qualquer"), de Oliver Stone, um
livro, "Cestas Sagradas", autobiografia do técnico Phill Jackson, recordista de títulos da NBA (nove),
e um vídeo dado pela TV Globo.
Dali tirou máximas para fortalecer o espírito dos atletas.
Frases do final do filme, que
conta a história de um time de futebol americano numa grave crise, foram repetidas por Scolari para o time (leia trecho na página).
Questionado sobre a postura da
equipe ontem em Shizuoka, o técnico citou uma das passagens da
fita. "Viver para não morrer. Essa
foi a tônica da palestra e do nosso
pensamento nos 90 minutos."
O treinador também leu para os
atletas trechos do livro de Phill
Jackson, que usa o zen-budismo
para ajudar as suas equipes a
manter o "controle psicológico".
Pela segunda vez na Copa, a seleção assistiu antes de um jogo a
um vídeo com imagens da torcida, cedido pela TV Globo. Havia
cenas com a festa dos torcedores
no Rio, batucadas, lances de jogos
e gols, gritos de Brasil sobrepostos
à narração de Galvão Bueno.
Mas o que Scolari mais gostou
não foi isso. "A parte mais importante é a música da Ivete Sangalo",
disse, em referência à música que
diz: "E vai rolar a festa, vai rolar! O
povo do gueto mandou avisar".
O vídeo termina com a frase
"Um país, uma paixão". "Quando
a gente recebe esse tipo de mensagem, que toca o coração dos atletas. Maravilha. Deus queira que a
gente chegue à final e tenha uma
outra música", disse Scolari, que
pagou uma psicóloga para auxiliá-lo. Segundo os jogadores, o esforço de Scolari para cuidar da cabeça deles refletiu na calma em
administrar dois baques -a falha
de Lúcio e a expulsão de Ronaldinho. "A gente sabia que tinha
qualidade para empatar e reverter. Você tem que manter a tranquilidade. E nós conseguimos",
afirmou Marcos.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)
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