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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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FUTEBOL

SFX

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que está por trás do craque inglês David Beckham? SFX.
Essa sigla representa comercialmente o verdadeiro fenômeno do marketing do futebol mundial.
Há muito tempo Beckham deixou o brasileiro Ronaldo para trás. Não está aqui em questão a qualidade futebolística dos dois astros, mas o apelo e a influência, especialmente nos países mais ricos, das duas últimas aquisições da vitrine chamada Real Madrid.
A transação da última semana, que será mesmo a transferência do ano, movimentou muita coisa.
A eleição do Barcelona, por exemplo, foi definida por Beckham. O advogado Joan Laporta conseguiu expressiva votação na Catalunha porque apenas chegou a um acerto com o Manchester United. Demorou algumas horas para a sua promessa de campanha não ser cumprida. Pior: a promessa acertou com o rival.
SFX atacou o dirigente do Barça alegando que seu pupilo estava sendo usado politicamente. Mas talvez o Barcelona é que foi usado em toda essa história. Organismos financeiros na Inglaterra estavam investigando os possíveis contatos do Manchester United com clubes italianos e espanhóis.
O acordo com o Real Madrid já teria sido traçado há algumas semanas. Os valores e os detalhes da transação causaram espanto.
O clube inglês receberá agora só 7,5 milhões, uma pechincha. No máximo, lucrará 35 milhões após quatro anos, o que pouco parece significar para o Manchester. O negócio envolveu os dois clubes mais ricos do mundo e os uniu. O desempenho do supertime espanhol pode render até 10 milhões para os cofres dos "Diabos Vermelhos", mas pode também resultar em só 1,25 milhão (referente à participação do Real, já assegurada, na Copa dos Campeões da próxima temporada).
Não é só classificação para as quartas-de-final do principal interclubes europeu que está no contrato de Beckham (em 2003/ 2004, vamos ter oitavas-de-final). A simples presença do Real na Copa dos Campeões já vale 1,25 milhão para o Manchester. Um investimento certamente seguro, uma vez que o clube de Figo, Ronaldo e Zidane esteve nas semifinais nas últimas quatro edições.
A economia feita ao dispensar os salários de Beckham ( 6 milhões/temporada) ajuda nas contas do Manchester quase tanto quanto a alta das ações do time -cresceram significativamente após a venda do rei da mídia.
O clube inglês pode entregar um jogo para ajudar o Real Madrid e o seu próprio bolso, mas essa questão ainda não foi abordada pela Uefa, pela Fifa ou por qualquer órgão que tenha força para interferir no negócio (poucas vezes o termo foi tão bem utilizado).
Segundo analistas, Beckham poderia render ao seu novo empregador até 100 milhões nos próximos quatro anos. Nada mal para um clube que estava com dívida superior a isso até pouco tempo -negócios com o governo teriam amortizado essa dívida.
Beckham tinha acertado um tour promocional pela Ásia antes de acertar com o Real Madrid. Os dois se encontram para valer no efervescente mercado do continente, onde ambos lucrarão. SFX.

Ronaldinho e Rivaldo
Com a venda de Beckham, os dois brasileiros estão com portas abertas tanto no Manchester United quanto no Barcelona. Há até a chance de os dois jogarem juntos, repetindo a parceria da Copa-2002.

Morientes
Guti, Hierro e Raúl já rosnaram após a contratação de Beckham, mas o jogador espanhol mais sacrificado será mesmo o ex-número 9.

Robinho
O sonho dele sempre foi o Barcelona. As chances aumentaram.

Kaká
O sonho dele sempre foi a Europa. As chances seguem baixas.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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