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Pouco produtivo nos passes, Brasil emperra ataque
Seleção toca muito a bola, mas não consegue criar chances para marcar como os outros favoritos ao título do Mundial
Equipe nacional troca 22,5 passes para finalizar a gol, número bem maior que o da Inglaterra, que dá 16 passes antes de ameaçar meta rival
DOS ENVIADOS A DORTMUND
Não que seja pouco. Mas o
grosso da concorrência que
conta na Copa faz mais e melhor. E a síntese de um jogo de
futebol, segundo Parreira, depõe contra a seleção brasileira.
O passe do Brasil no Mundial
é "estéril" quando comparado
com o dos times que se destacaram até agora. Na quantidade,
segundo o Datafolha, a seleção
é a quinta no fundamento, com
394 trocas de bola por jogo. Só
que 3 dos 4 que estão na frente
têm aproveitamento de 100%
dos jogos e ainda um desempenho melhor até aqui do que o
dos pentacampeões.
Espanha, Alemanha e Argentina, donos dos melhores ataques, são também, ao lado de
Portugal, de Luiz Felipe Scolari
(para muitos a antítese de Parreira), os recordistas no número de passes. Os espanhóis, por
exemplo fazem 95 a mais do
que os brasileiros por jogo.
Mas o passe do Brasil está
longe de ser questão de quantidade. Até o fim da segunda rodada de todos os grupos, o Brasil era o único que superava os
90% de aproveitamento no
fundamento, mas isso é mais
questão de "ilusão de ótica".
O passe brasileiro não é capaz de criar muitas chances
nem faz com que o time fique
tanto com a bola que tenha sua
meta pouco ameaçada. Além
disso, só pegou rivais medianos, Croácia e Austrália.
De acordo com o Datafolha, o
Brasil precisa trocar 22,5 passes para chutar a gol. Quase todas as seleções de ponta "enrolam" menos para finalizar.
A Inglaterra, por exemplo,
precisa de 16 trocas de bola antes de ameaçar a meta rival.
Com Ronaldinho tocando
muito na bola, mas longe do gol,
o time é só décimo colocado no
ranking de assistências (média
de 4,5 por partida, contra 7,5 da
Espanha, a melhor nisso).
Os próprios jogadores reconhecem que falta objetividade.
"Estamos chutando menos e
podemos arriscar um pouco
mais. Dou importância ao futebol objetivo, ainda mais porque
tenho essa característica. Não
sou de fazer gracinhas. O que
interessa é o futebol mais direto", diz Kaká, um dos poucos do
time que joga em direção ao gol.
Outros atacantes receitam
ainda mais troca de passes.
"Temos de manter a posse de
bola para não perdermos a concentração e aproveitarmos melhor as chances que criamos",
defende Adriano. "Temos de
ter paciência para encontrarmos os espaços", diz Ronaldo.
A dupla de ataque, de pouca
mobilidade, já foi apontada por
colegas de time, como Kaká e
Emerson, como a maior culpada pelos problemas da seleção.
Mas não é só no ataque que o
passe brasileiro se mostra pouco produtivo. Como toca menos a bola que outros favoritos
ao título da Copa do Mundo, o
Brasil é muito mais ameaçado,
em outra falha básica de acordo
com a cartilha de Parreira.
Até agora, o Brasil tem média
de 13 finalizações sofridas por
jogo. Uma enormidade quando
comparada com as 6,7 da Alemanha e as 5,5 da Espanha.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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