São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Contra República Tcheca, Itália se vê entre o inferno e o Brasil

Poupada até agora do escândalo no Italiano, seleção pode ser investigada se cair precocemente

Jogadores da Azzurra e técnico Lippi admitem que preferem afastar a chance de pegar o time de Parreira já nas oitavas-de-final


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A HAMBURGO

Uma derrota para a República Tcheca hoje (11h de Brasília), com virtual eliminação precoce na Copa, pode colocar a Itália na mira da limpeza feita em seu futebol por conta do escândalo de manipulação de resultados. Ou na mira do Brasil.
As duas seleções brigam pela na liderança do Grupo E. Ou seja, lutam para evitar a seleção pentacampeã mundial logo nas oitavas-de-final.
Até agora, a Squadra Azzurra foi a única grande instituição do futebol da Itália que não foi afetada de maneira prática pela revelação do escândalo, tudo isso apesar de 13 dos seus convocados para o Mundial jogarem por Juventus, Milan, Lazio ou Fiorentina, os principais clubes investigados no caso.
Ontem, por exemplo, a Juventus, principal time envolvido no esquema, se dispôs a devolver os títulos nacionais ganhos nos dois últimos Italianos para não sofrer punições mais radicais -o time de Turim corre o risco de parar na Série C.
Mas isso deve mudar radicalmente depois da participação na Copa, que pode acabar hoje, caso perca para os tchecos.
Jogadores cujos nomes foram citados nas investigações, como Buffon, podem até dar adeus à Azzurra, caso sejam comprovadas as acusações contra eles. ""Não podemos fazer nada quanto ao caso. É a Justiça que vai decidir no tempo certo", disse o goleiro, um dos pivôs do escândalo, que também fala sobre o "problema" que podem enfrentar em campo. ""Temos é que ficar na liderança do grupo para evitar o Brasil. Cedo ou tarde, teremos que enfrentar o Brasil, mas seria melhor não enfrentar agora."
Os italianos também já discutem a sucessão do técnico Marcello Lippi, que também balançou antes do Mundial -Alberto Zaccheroni, Claudio Ranieri, Fabio Capello, Claudio Gentile e Luiz Felipe Scolari estão na lista de substitutos.
Lippi, porém, se esquiva de falar sobre seu futuro e repete a estratégia de Buffon. "Eu abandonar a seleção? Não confirmo nada e não desminto nada. Vamos fazer uma coisa: vamos jogar o Mundial. Não posso e não devo pensar em outra coisa."
Lippi também fala do Brasil com tom de quem gostaria de adiar o máximo possível um encontro. ""O Brasil vai ganhar seu grupo. Melhor ganharmos o nosso", diz o técnico.
A Itália entrou em 14 grupos ao longo da história das Copas, contando as duas fases de grupos da Copa de 1978. Em seis oportunidades, ficou como vice da chave -em 42,9% das vezes, portanto. Caso não vença hoje, há uma grande chance de ser a segunda da chave -Gana irá a seis pontos se vencer os EUA no outro jogo, e a Itália terá cinco se empatar. "Temos que entrar em campo como contra Gana [2 a 0], com aquele espírito vencedor.", pediu Lippi.
Tchecos e italianos já se enfrentaram 29 vezes, contando também a antiga Tchecoslováquia. Os tchecos levam vantagem: dez vitórias e nove derrotas, mas em Copas a Itália venceu os dois confrontos (1934 e 1990). A Itália não perde na Europa em Copas desde 1974.
Lippi não confirmou seu time para hoje. De Rossi, suspenso, não joga. Gattuso entra no meio. Há vários jogadores se queixando de dores, mas todos devem entrar no jogo. É o caso do meia Perrotta: ""Estou bem, mas não sei se jogarei".
Na República Tcheca, mais uma vez o atacante Köller deve ser desfalque -ele se lesionou na estréia, e Milan Baros pode aparecer na frente. Ujfalusi e Lokvenc são baixas, suspensos.
"Sabemos que é uma partida delicada contra um adversário forte, mas nos sentimos prontos fisicamente e mentalmente", diz Nesta, considerado o melhor zagueiro do mundo.
Zambrotta foi um dos que tentaram passar ontem confiança aos italianos. "Não pensamos em queda."


NA TV - República Tcheca x Itália Globo, Sportv, Directv, ESPN Brasil e Bandsports, ao vivo, às 11h


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