São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

Fantasmas não existem


Copa após Copa é assim: antes dos jogos da seleção brasileira, criam--se monstros que não existem


BRUXAS TALVEZ existam, mas não existe nenhum fantasma nesta gelada Copa da África do Sul.
Ou talvez exista, para os outros. E, se existir, veste-se de verde e amarelo e não é nem a Austrália, nem a África do Sul, nem muito menos Camarões, que não só é muito mais verde que amarelo como até eliminado já está.
Sim, o único fantasma nesta Copa e, insista-se, para os outros, é a seleção do país pentacampeão mundial, o que por si só assusta quem tiver, ao menos, um mínimo de juízo e responsabilidade.
Mesmo assim, é recorrente e acontece desde que este colunista se lembra por gente: o próximo adversário da seleção brasileira é sempre um perigo.
Sobre a Coreia do Norte, havia mistério, mas, tudo bem, ninguém duvidava da vitória nacional.
Já contra a Costa do Marfim, não. Havia até mesmo temor, "porque eles são muito fortes", dizia-se. Vá lá, são mesmo, mas o jogo agendado era de futebol, não de basquete. E, por mais que força seja importante, como bem mostrou o PVC, futebol ainda é muito mais jeito. E foi com jeito que os africanos, que provaram não se conformar por não terem como jogar de igual para igual contra os brasileiros, foram amplamente subjugados.
Porque, mesmo fragilizado, foi com jeito que Kaká tabelou com Luis Fabiano para lhe dar a açucarada bola do primeiro gol. E foi também com jeito, jeito e ajeitada, é verdade, que o Fabuloso fez o segundo, para depois dar uma de joão-sem-braço no hilário e constrangedor diálogo com o árbitro francês.
Agora é com Portugal: mas, como, os patrícios enfiaram sete na Coreia do Norte?! São um perigo, têm o Cristiano Ronaldo!
Enfiaram mesmo sete, sem perdão, como se deve fazer com quem é tão mais fraco, algo que, provavelmente, o Brasil também faria se pegasse os asiáticos no segundo jogo, não na estreia.
Mas pergunte aos lusos se eles não prefeririam ter vencido os coreanos por pouco, mas vencido também os marfinenses, em vez de empatarem. Pois os alunos mimados do professor -de más maneiras- Dunga ganharam deles.
Respeitar o rival é obrigatório. Mas está na hora de pararmos de ver riscos onde riscos não há.
Já a bruxa sempre pode aparecer para tirar alguém do time, ou até mesmo numa bola desviada.

blogdojuca@uol.com.br


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