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FUTEBOL
Novo Palmeiras, velho Flu
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Um novo Palmeiras está surgindo na Copa dos Campeões. Ainda é um rascunho, mas
pode vir a ser uma grande equipe,
quando Arce se sentir mais à vontade atuando no meio-campo e o
trio Lopes-Nenê-Muñoz melhorar seu entrosamento.
O torcedor palmeirense é um
dos mais exigentes do mundo. E
não por acaso. Os palmeirenses
mais velhos viram Djalma Santos, Ademir da Guia, Luiz Pereira, Leivinha, Dudu e outros ídolos
dos anos 60 e 70.
Os não tão velhos passaram os
anos 90 aplaudindo o maior desfile de craques do futebol brasileiro na década: Roberto Carlos,
Djalminha, Rivaldo, Edmundo,
Evair, Zinho, Muller, Luizão, César Sampaio, Cafu, Júnior, Marcos, Rincón, Alex e tantos outros.
Na virada do século, com a diminuição do investimento em
contratações, a fonte acabou secando. Os alviverdes amargaram
a "era Galeano", com tudo o que
esse valente jogador simboliza:
um futebol esforçado e sem brilho, ocasionalmente eficiente,
quase sempre feio.
A boa notícia é que essa era, ao
que tudo indica, chegou ao fim. O
Palmeiras não formou uma nova
academia, mas já está mostrando
na Copa dos Campeões um pouco
mais de criatividade e uma considerável variação de jogadas.
O deslocamento de Arce para o
meio, com a entrada do jovem lateral Leonardo no lugar do paraguaio, parece ter liberado as forças produtivas.
Com jogadores de meio-campo
menos pesados que os antigos Galeano e Fernando, a bola chega
mais redonda aos três homens de
frente, Lopes, Muñoz e Nenê, que
por sua vez se movimentam muito, dificultando o trabalho da defesa adversária.
Mesmo sem grandes contratações ou mudanças radicais na escalação, Luxemburgo parece finalmente estar conseguindo escapar do "estilo gaúcho" legado por
Scolari ao time (embora o próprio
Scolari tenha abandonado esse
estilo na seleção, onde pôde contar com certa fartura de talentos).
Ontem, contra o Fluminense, o
Palmeiras teve as rédeas da partida nas mãos durante todo o tempo, criou muitas chances, precipitou-se em algumas finalizações,
mas acima de tudo mostrou que
tem potencial para crescer e voltar a ser uma das grandes forças
do futebol brasileiro.
Como são inúmeros os percalços que rondam um time de futebol, pode ser que o processo seja
truncado no meio do caminho e
que o "novo Palmeiras" morra na
praia. Mas vale a pena acompanhar com atenção essa história.
O Fluminense celebrou de forma melancólica seu centenário.
Foi um time amarrado, sem inspiração e sem poder de fogo.
Contra o Palmeiras, mostrou
novamente que seu principal problema é a falta de um jogador que
cumpra a função de armação
exercida até há pouco tempo pelo
meia Roger.
Fernando Diniz, por mais que
seja esforçado, não cumpre esse
papel. Mais que um armador, ele
é um meia-atacante. Roger, de
certo modo, também é, mas tem
talento suficiente para levar a bola até o gol. No quadro atual, é até
um desperdício ter na frente dois
atacantes da qualidade de Roni e
Magno Alves.
O problema, obviamente, não é
só do Fluminense. A verdade é
que sobraram poucos armadores
autênticos no país -e os melhores tendem a ser exportados mais
cedo ou mais tarde.
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