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Arrependido, Edmundo quer aposentar "Animal"
Atacante desabafa e fala em fazer amizades para recuperar o tempo perdido
Palmeirense revela seu desgosto por trocar socos durante mais de dois anos com o zagueiro Antônio Carlos, colega nos anos 90
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Perto de sua despedida do
Palmeiras e, talvez, do futebol,
Edmundo, 36, apelidado de
"Animal" devido ao intempestivo comportamento, tem até o
fim de seu contrato, em dezembro, para ser mais dócil e ficar
longe de polêmicas. Algo que
não fez ao longo da carreira.
O plano foi traçado por ele,
após nova turbulência, ao reclamar de vencimentos atrasados. Num desabafo de cerca de
40 minutos, por telefone, disse
viver um momento de arrependimento. Como por ter se relacionado à base de socos com o
zagueiro Antônio Carlos no
Palmeiras dos anos 90.
IMPOSTOS
"A diretoria não me prometeu isenção. A empresa que eu
tenho para receber meus direitos de imagem é do Rio. E eu
estava pagando impostos de
São Paulo também. Percebi,
parei de entregar as notas, e
eles de me pagar. Fui o mais
culpado porque não entreguei
as notas. Fiquei dez anos pagando multa de Imposto de
Renda porque não sabia declarar. O doutor [Gilberto] Cipullo
[vice de futebol] vai resolver
tudo. Faltam 18 jogos, de repente até para terminar a carreira. Não quero acabar assim."
ARREPENDIMENTO
"Tenho vivido momentos de
arrependimento muito grande
porque durante a minha carreira fui antipático, arredio,
mas era só por querer vencer.
Sempre achei que todo mundo
tinha que jogar como eu. Dava
a bola redonda e queria receber
redonda, mas nunca por maldade, juro pelos meus filhos. O
Paulo Sérgio errou um passe
[domingo, contra o Flamengo],
e eu xinguei pra caramba. Mas
agora vejo a intenção do cara,
que foi boa, não o resultado."
AMIZADES
"Ao longo da vida as minhas
reações às atitudes dos outros
sempre foram ruins. Trabalhei
com pessoas maravilhosas,
conto nos dedos da mão as que
não eram legais. Mas o meu jeito me privou de amizades, de
coisas boas. E é isso que a gente
leva. Tenho pensado muito nisso. Perdi um pouco de cabelo,
ganhei um pouco de rugas e de
peso. Mudei. Por tudo isso, se o
Palmeiras chegar à Libertadores, vou comemorar como título. Pode ser a última vez."
ATÉ DEZEMBRO
"Quero recuperar o tempo
perdido. Em seis meses não recupero 16 anos. Mas quero que
esses 30 jogadores [do Palmeiras] contem história diferente
da que os outros 300 têm para
contar de mim. Tô tentando
mudar, tentando, tentando..."
ANTÔNIO CARLOS
"No Palmeiras, eu e o Antônio Carlos brigamos de soco, de
porrada, foram dois anos e
meio assim. Hoje somos amigos. Éramos idiotas. Tínhamos
o mesmo objetivo, mas um não
respeitava o pensamento do
outro. Brigamos por coisas insignificantes. Vaidade. Em 93 e
94, eu era o mais jovem do time, mas fui o mais adotado pela torcida. Aos olhos do Vanderlei [Luxemburgo] era o Antônio Carlos. Eu brigava para
convencer o Vanderlei, e o Antônio Carlos para convencer a
torcida. Coisa besta, de ego."
EVAIR
"Acham que eu e o Evair
[atacante com quem jogou no
Palmeiras] não nos damos. Não
é assim. Contra a Ponte [no
Paulista-07] ele foi me abraçar.
Fico feliz. Nossa briga era com
sinceridade, um olhava na cara
do outro e dizia o que pensava."
MARCOS
Adoro o Marcão, mas detesto
andar no carro dele. Ele escuta
música do interior do interior,
precisa de tradução. Se ele entrar no meu carro também não
vai gostar, só escuto funk."
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