São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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OLIMPÍADA

Pelo menos três esportes, beisebol, softbol e pentatlo moderno, devem deixar programação

COI admite reduzir o tamanho dos Jogos

MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um relatório feito pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), por meio da comissão que estuda o programa das Olimpíadas, admite, pela primeira vez, a intenção de reduzir o tamanho dos Jogos.
O documento recomenda a exclusão de três esportes, o beisebol, o softbol e o pentatlo moderno. Sugere, pelo menos, sete modalidades de outros nove esportes que podem ser eliminadas e, ainda, a revisão do credenciamento de treinadores e dirigentes.
Também recomenda "elitizar" a discussão ao indicar que, no futuro, as decisões quanto à inclusão de esportes nos Jogos sejam apenas do Comitê Executivo do COI.
Atualmente, elas são submetidas à plenária da entidade, em que mais de cem membros têm direito a voto -será, aliás, na 114ª sessão extraordinária, na Cidade do México, em novembro, a votação que analisará o relatório.
A retirada de modalidades e provas de um esporte já cabe ao Comitê Executivo do COI, que é composto por 15 integrantes.
As chances de as sugestões serem acatadas são grandes, uma vez que a comissão tem como maior incumbência justamente o estudo do programa dos Jogos.
Segundo a carta olímpica, espécie de estatuto da entidade, um esporte, para integrar os Jogos, necessita ser "amplamente praticado" em um determinado número de países e continentes.
Porém, hoje, o próprio COI reconhece a importância de diversos outros aspectos. Alguns, inclusive, foram utilizados pela comissão do programa olímpico para justificar suas proposições.
No caso do iatismo, o alto custo dos barcos de quilha (classes star e yngling) foi o vilão. A popularidade apenas em regiões ou países específicos também foi apontada, casos do beisebol, do softbol e das lutas greco-romana e livre.
Para justificar a eliminação do concurso completo de equitação, do hipismo, as dificuldades de logística foram ressaltadas.
Um fator que adquiriu relevância nos últimos anos é a TV. Esportes que possam ser transmitidos, e cujos direitos sejam valiosos, estão em vantagem. Caso do golfe, popular nos EUA e na Europa, cuja inclusão foi recomendada pela comissão para os Jogos de Pequim -apenas outro esporte foi sugerido, o rúgbi.
Para Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e membro do COI, as propostas do documento têm ainda outro objetivo.
"As mudanças, se confirmadas, serão oportunas, porque até as federações de esportes que permanecerem terão que se mexer para aumentar o interesse do público."
A preocupação do COI com o gigantismo dos Jogos tornou-se maior em meados dos anos 90. Na Olimpíada de Atlanta, em 1996, pela primeira vez o evento chegou à casa dos 10 mil atletas.
Em Sydney, há dois anos, foram quase 11 mil, e, pela primeira vez, 300 provas foram disputadas.
Com o objetivo então já declarado de limitar o tamanho da competição, a entidade decidiu, em dezembro de 2000, não apenas negar o ingresso de novos esportes em Atenas-2004, como ainda de modalidades e provas.
Segundo a nova realidade, o comitê organizador grego estima a participação de 10.500 atletas em 301 provas, com o mesmo número de esportes de Sydney, 28.


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