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DOPING
Presidente da Wada denuncia rombo de 60% e diz que descaso de sócios compromete ofensiva para limpar o esporte
Agência reclama de calote e cobra o Brasil
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitos prometeram ajudar porque a causa era nobre. Poucos,
porém, honraram os compromissos. Agora, a Wada (Agência
Mundial Antidoping) decidiu agir
e vai cobrar os países caloteiros.
O Comitê Executivo se reúne
hoje e amanhã em Montréal, no
Canadá, para discutir, entre outros, a saúde financeira da entidade. E o Brasil será citado.
"Temos muito desafios na luta
contra o doping nos próximos
anos, mas o principal deles é fazer
os governos, inclusive o brasileiro, pagarem suas contribuições
em dia", contou à Folha o presidente da Wada, Richard Pound.
Criada no final de 1999, a Wada
teve seu orçamento US$ 25 milhões custeado integralmente pelo Comitê Olímpico Internacional
nos dois primeiros anos de vida.
A partir de 2002, porém, a conta
começou a ser rachada entre governos de diversos países. Nesta
temporada, o Brasil, via Ministério do Esporte, precisa desembolsar US$ 14 mil para a entidade.
"Apenas três países das Américas pagaram sua parte completa
das contribuições de 2003 até
aqui: Canadá, Cuba e Guatemala.
Essa falta de assiduidade prejudica todos os projetos", contou
Pound, que só recebeu 40% do
montante planejado para o ano.
A principal preocupação do
presidente está na viabilização do
Código Mundial Antidoping.
Aprovado informalmente em
março pela maioria das federações internacionais, o código vai
unificar os regulamentos e os procedimentos antidoping em todos
os esportes e em todo o mundo.
No encontro do comitê executivo, Pound quer promover as derradeiras discussões sobre o tema
para que o texto final seja aplicado
já nos Jogos de Atenas-2004.
"As pesquisas e o trabalho que
tivemos para a elaboração do documento custaram muito. Queremos que ele seja adotado já na
Olimpíada. Para isso, não podemos ter desfalques no orçamento", cobrou Pound. O código estabelece uma única lista de substâncias proibidas e não permite qualquer forma de doping genético.
Dick, como o canadense Richard é conhecido, também se
preocupa com um futuro mais
distante. No momento, quer que a
Wada dedique especial atenção às
pesquisas. O presidente acha que
a indústria do doping pode correr
rápido demais e desenvolver tecnologias que tornem seus testes
totalmente obsoletos.
"Investir em pesquisa sempre
foi uma de nossas principais prioridades. Desde 2001, gastamos
mais de US$ 3 milhões nessa área
para evitar que nossos controles
fiquem defasados", disse Pound.
Segundo ele, os projetos mais
recentes estão sendo desenvolvidos em duas direções: a primeira
visa flagrar variantes do hormônio de crescimento no antidoping. A segunda, evitar o chamado "sangue substituto" (ocorre
quando um atleta retira o próprio
sangue e o injeta novamente no
corpo no dia da prova, visando
melhorar a oxigenação). "Teremos testes que detectarão essas irregularidades muito em breve."
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