São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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JUCA KFOURI

"Golbalização" sem fim


O empate da equipe de quem privatizou a URSS contra o time da seguradora socializada pelo capitalismo

TARDE DE sol no sofisticado e simpático bairro de Chelsea, em Londres.
Na relva verde que só os estádios ingleses são capazes de ter, a bola rola para arquibancadas lotadas, como, também, só acontece no campeonato de Sua Majestade.
De um lado, o azul, o time do bilionário russo Roman Abramovich, um dos principais beneficiados pela privatização da União Soviética. Um Daniel Dantas que deu mais certo do que o brasileiro e do que Boris Berezovski, pelo menos no que diz respeito à Justiça de seus países.
O dono do grã-fino Chelsea se diverte com o jogo e recebe reconhecimento social por seu intermédio.
Do outro, vermelho, o Manchester United, da cidade industrial inglesa, time patrocinado pela AIG, a seguradora que, para não quebrar, foi respaldada pelo Estado de Tio Sam, numa intervenção que socializa os prejuízos pelo bem do capitalismo. "A cada um de acordo com suas necessidades, de cada um de acordo com suas possibilidades..."
Seria apenas uma coincidência curiosa não fosse o andamento do jogo na orgulhosa Grã-Bretanha.
Quem fez o gol dos visitantes foi um asiático, o sul-coreano Park Ji-sung. Quem empatou o jogo foi um africano, da Costa do Marfim, Salomon Kalou, que, por sinal, acabara de substituir o alemão Michael Ballack, craque que o técnico do Chelsea, o brasileiro Felipão, tem na conta de o melhor do time, como Rivaldo na Copa de 2002, além de ser, como diz o próprio treinador, um jogador capaz de ser "mau".
A grande estrela da equipe da cidade industrial, como se sabe, é um português, Cristiano Ronaldo, que, em recuperação, só entrou no segundo tempo, assim como o marfinense Didier Drogba, do Chelsea.
No banco do time operário, um Sir, legítimo produto do Império Britânico, o escocês Alex Ferguson, que comanda uma legião estrangeira, a exemplo do rival de ontem, o gaúcho de Passo Fundo.
Gaúcho que, por sinal, deu um show à parte na estréia de seu time, no meio da semana passada, na Liga dos Campeões, contra os girondinos do francês Bordeaux.
O Chelsea vencia por 2 a 0 e ele, para perplexidade geral dos ingleses, e particular de seus jogadores, não parava de esbravejar, de gesticular, ao seu modo rústico de ser.
A irritação era proporcionada pela incapacidade que o Chelsea revelava de tocar a bola, ficar com ela e envolver ainda mais o adversário para resolver o jogo. "Foi preciso botar o Belletti", disse Felipão, que, no dia seguinte, pegou as estatísticas do jogo e mostrou aos responsáveis pela "má partida", que acabou 4 a 0.
Pois eis que alguns desses erros se repetiram no clássico com o United, este MU que segue atravessado na garganta dos torcedores azuis e também na de Scolari, dos primeiros por causa da decisão da Liga dos Campeões, e dele pela final intercontinental de 1999, diante do Palmeiras.

Lançamento
Amanhã, às 19h, na Saraiva Mega Store do Shopping Paulista, a Ediouro lança "Aqui tem!", de Fernando Meligeni com André Kfouri. Mais não digo. Nem preciso.

Aula
Se não leu, leia a exemplar coluna de Janio de Freitas de ontem.

blogdojuca@uol.com.br


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