São Paulo, terça, 22 de setembro de 1998

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ATLETISMO
Velocista norte-americana, dona dos recordes mundiais dos 100m e 200 m rasos, obteve três ouros em Seul-88
Florence Griffith Joyner morre aos 38

das agências internacionais

A velocista norte-americana Florence Griffith Joyner, recordista mundial dos 100 m e 200 m rasos e três medalhas de ouro em Seul-88, morreu aos 38 anos aparentemente vítima de um ataque cardíaco em sua casa, nos EUA.
O porta-voz da Federação Norte-Americana de Atletismo, Pete Cava, não soube precisar quando ocorreu a morte da atleta.
Há dois anos, Florence Griffith Joyner havia sofrido um ataque de apoplexia (perda temporária de função cerebral) em um vôo de Los Angeles para Saint-Louis e teve de ser internada.
Na época, a família da atleta não quis fornecer detalhes.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, lamentou a morte da velocista. "Ficamos deslumbrados com sua velocidade, impressionados pelo seu talento e cativados por seu estilo", afirmou.
"Apesar de ter atingido o ápice do mundo desportivo, nunca esqueceu de suas origens e empregou tempo e recursos para ajudar as crianças, especialmente aquelas de bairros mais necessitados", completou o presidente.
Florence Griffith Joyner ocupou o cargo de co-presidente do Conselho de Educação Física, órgão criado para desenvolvimento do esporte nos EUA.
A corredora era casada com Al Joyner, campeão olímpico em Los Angeles-84 do salto triplo, e cunhada da seis vezes medalhista olímpica e recordista mundial do heptatlo, Jackie Joyner-Kersee.
Após o vice-campeonato olímpica em Los Angeles-84 nos 200 m, Florence abandonou as pistas.
O retorno aconteceu no Mundial-87, em Roma, onde também conseguiu a medalha de prata.
Nas seletivas norte-americanas para a Olimpíada de Seul-88, a corredora começou a despertar a atenção do mundo.
Em 16 de julho de 1988, Florence correu os 100 m rasos com um uniforme desenhado por ela mesma, aderente ao corpo e que cobria apenas uma das pernas, e quebrou o recorde mundial.
A velocista cravou 10s49. A marca anterior pertencia à Evelyn Ashford, com 10s76. Até então, o melhor tempo da carreira de Florence era 10s89.
A marca também surpreendeu pelo fato de ser 27 centésimos abaixo da marca anterior. Desde 1968, a maior queda do recorde mundial era de 13 centésimos.
Na mesma competição, Florence correu os 200 m rasos em 20s77 e ficou a seis centésimos do recorde das alemães orientais Marita Koch e Hieke Dreschler.
A corredora também ganhou fama por suas longas unhas -sempre pintadas.
Na Olimpíada de Seul-88, a atleta atingiu o auge: venceu três provas -os 100 m, os 200 m rasos e o revezamento 4 x 100 m rasos- e foi prata nos 4 x 400 m rasos.
Nos 200 m rasos, ela chegou a quebrar o recorde mundial duas vezes em um período de uma hora e meia. Nas semifinais, marcou 21s56 e na final, estabeleceu 21s34, marca que persiste até hoje.
Na mesma competição em que o velocista canadense Ben Jonhson foi suspenso por quatro anos devido ao uso de esteróides anabolizantes, caiu sobre Florence Griffith Joyner a suspeita do doping.
O desempenho em Seul valeu a Florence o prêmio de melhor esportista norte-americana de 88.
Em fevereiro de 89, apenas cinco meses após brilhar na Olimpíada, a atleta anunciou sua decisão de abandonar as pistas e se dedicar as carreiras de atriz e escritora.
Em 1996, Florence Griffith Joyner tentou voltar às pistas para disputar a Olimpíada de Atlanta, mas uma contusão no tendão de Aquiles da perna direita atrapalhou seus planos.
"Foi muito duro. Treinei muito e nunca tive problemas no tendão de Aquiles. Meu marido disse que estou ficando velha", afirmou na época a corredora.



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