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Campeão, Raikkonen segue frio
Finlandês afirma que título não muda nada na sua vida, ou seja, continuará sem ligar para mídia
Piloto comemorou de forma contida, ao contrário de Massa; diretor da Ferrari
diz que personalidade dos pilotos é bem diferente
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu não me preocupo com as
aparências. O título não vai mudar minha vida. O máximo é
que vão tentar descobrir mais
histórias secretas sobre mim.
Mas não vou mudar. Vamos ver
o que acontece, não estou preocupado. Vou continuar vivendo
minha vida como eu quero."
Kimi Mathias Raikkonen, 28,
pretende, portanto, continuar
baladeiro, pouco falante, pouco
expressivo, irreverente apenas
quando está entre os amigos, de
preferência cercado por garrafas de vodca, de cerveja e de
Koskenkorva Viina, bebida típica finlandesa, com 38% de
graduação alcoólica.
Nem campeão, o finlandês se
permitiu escancarar um sorriso. Sorriu, sim, mais até nas entrevistas do que no pódio. Mas,
no geral, sua comemoração
após conquistar a temporada
ficou muito aquém, por exemplo, da vibração de Felipe Massa ao vencer no Brasil em 2006.
"São personalidades bem diferentes", explicou Luca Baldisseri, diretor técnico da Ferrari, ontem. "Massa é latino,
mais falante. Kimi é muito mais
reservado. Fala com poucos."
O engenheiro também comparou o finlandês com o piloto
que ele sucedeu. Michael Schumacher. "Da mesma forma, são
personalidades diferentes. Michael trazia para o time muita
vontade de vencer. Era muito
propositivo quanto à evolução
do carro e às estratégias de corrida. Kimi é completamente diferente. Com ele, nós é que precisamos fazer tudo isso."
Qualquer um que fosse o
comparado, a resposta seria a
mesma. Num esporte pasteurizado, como a F-1, Raikkonen é
um caso à parte. Em suma, ele
não se preocupa em nada com a
exposição. Não está nem aí.
Vira-e-mexe, é flagrado por
revistas de celebridades em situações que constrangeriam a
maioria dos seus colegas. Meses atrás, por exemplo, apareceu numa corrida de barcos na
Finlândia fantasiado de gorila.
Antes, já havia sido flagrado
dormindo numa calçada de
Cancun, abraçado a um golfinho inflável, e se envolveu numa confusão em uma boate nas
Ilhas Canárias. No YouTube,
faz sucesso um vídeo do finlandês caindo do convés de um iate, supostamente embriagado.
Nada disso, porém, atrapalha
seu rendimento. Antes de Fernando Alonso e muito antes de
Lewis Hamilton, era ele o menino prodígio da F-1.
Decisão que soa como uma
caudalosa ironia desde a tarde
de ontem, Raikkonen disputou
suas cinco primeiras corridas
na F-1 sob observação dos comissários da FIA. O motivo: sua
minúscula experiência prévia
com o esporte.
Aos 21, foi alçado à categoria
pela Sauber após ter disputado
apenas 23 corridas de F-Renault. Um erro grave e estaria
fora da F-1. Seu desempenho
-marcou ponto logo na prova
de estréia-, porém, não só lhe
garantiu a superlicença como
ainda chamou a atenção de outras equipes. Já em 2001, falava-se em interesse da Ferrari.
Nos últimos anos, além da fama de rápido, ganhou notoriedade também como azarado.
Por várias vezes, perdeu corridas ganhas vítima de quebras
em momentos cruciais. O auge
foi Nurburgring-95: um pneu
estourou na última volta.
Casado desde 31 de julho de
2004 com Jenni Dahlman, ex-miss Escandinávia, mora hoje
na Suíça, para escapar do fisco.
É para lá que seguirá. Depois,
porém, irá para a Finlândia, para comemorar. "Vou celebrar
por um mês", prometeu. Ninguém na F-1 duvidou. (FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)
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