São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Campeão, Raikkonen segue frio

Finlandês afirma que título não muda nada na sua vida, ou seja, continuará sem ligar para mídia

Piloto comemorou de forma contida, ao contrário de Massa; diretor da Ferrari diz que personalidade dos pilotos é bem diferente

DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu não me preocupo com as aparências. O título não vai mudar minha vida. O máximo é que vão tentar descobrir mais histórias secretas sobre mim. Mas não vou mudar. Vamos ver o que acontece, não estou preocupado. Vou continuar vivendo minha vida como eu quero."
Kimi Mathias Raikkonen, 28, pretende, portanto, continuar baladeiro, pouco falante, pouco expressivo, irreverente apenas quando está entre os amigos, de preferência cercado por garrafas de vodca, de cerveja e de Koskenkorva Viina, bebida típica finlandesa, com 38% de graduação alcoólica.
Nem campeão, o finlandês se permitiu escancarar um sorriso. Sorriu, sim, mais até nas entrevistas do que no pódio. Mas, no geral, sua comemoração após conquistar a temporada ficou muito aquém, por exemplo, da vibração de Felipe Massa ao vencer no Brasil em 2006.
"São personalidades bem diferentes", explicou Luca Baldisseri, diretor técnico da Ferrari, ontem. "Massa é latino, mais falante. Kimi é muito mais reservado. Fala com poucos."
O engenheiro também comparou o finlandês com o piloto que ele sucedeu. Michael Schumacher. "Da mesma forma, são personalidades diferentes. Michael trazia para o time muita vontade de vencer. Era muito propositivo quanto à evolução do carro e às estratégias de corrida. Kimi é completamente diferente. Com ele, nós é que precisamos fazer tudo isso."
Qualquer um que fosse o comparado, a resposta seria a mesma. Num esporte pasteurizado, como a F-1, Raikkonen é um caso à parte. Em suma, ele não se preocupa em nada com a exposição. Não está nem aí.
Vira-e-mexe, é flagrado por revistas de celebridades em situações que constrangeriam a maioria dos seus colegas. Meses atrás, por exemplo, apareceu numa corrida de barcos na Finlândia fantasiado de gorila.
Antes, já havia sido flagrado dormindo numa calçada de Cancun, abraçado a um golfinho inflável, e se envolveu numa confusão em uma boate nas Ilhas Canárias. No YouTube, faz sucesso um vídeo do finlandês caindo do convés de um iate, supostamente embriagado.
Nada disso, porém, atrapalha seu rendimento. Antes de Fernando Alonso e muito antes de Lewis Hamilton, era ele o menino prodígio da F-1.
Decisão que soa como uma caudalosa ironia desde a tarde de ontem, Raikkonen disputou suas cinco primeiras corridas na F-1 sob observação dos comissários da FIA. O motivo: sua minúscula experiência prévia com o esporte.
Aos 21, foi alçado à categoria pela Sauber após ter disputado apenas 23 corridas de F-Renault. Um erro grave e estaria fora da F-1. Seu desempenho -marcou ponto logo na prova de estréia-, porém, não só lhe garantiu a superlicença como ainda chamou a atenção de outras equipes. Já em 2001, falava-se em interesse da Ferrari.
Nos últimos anos, além da fama de rápido, ganhou notoriedade também como azarado. Por várias vezes, perdeu corridas ganhas vítima de quebras em momentos cruciais. O auge foi Nurburgring-95: um pneu estourou na última volta.
Casado desde 31 de julho de 2004 com Jenni Dahlman, ex-miss Escandinávia, mora hoje na Suíça, para escapar do fisco.
É para lá que seguirá. Depois, porém, irá para a Finlândia, para comemorar. "Vou celebrar por um mês", prometeu. Ninguém na F-1 duvidou. (FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

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