São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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JUCA KFOURI

Que pentacampeão é este?


Há quem diga que o São Paulo é o pior campeão brasileiro da história. Não só é injusto como é mentira

NO MORUMBI com mais de 60 mil torcedores, o São Paulo despachou mais um de seus concorrentes diretos, como já havia feito com Grêmio, Botafogo, Palmeiras e Santos.
Não fez uma grande apresentação diante de sua gente e até correu mais riscos do que levou ao Cruzeiro. Só que ele podia, tinha o que administrar, diferentemente dos mineiros, na base do tudo ou nada.
E, daí, Diego Tardelli entrou no meio do segundo tempo e, em sua primeira jogada, tratou de botar Jorge Wagner na cara do gol, para fazer o tento da vitória.
Tardelli é craque? Longe disso. Mas faz parte do elenco mais equilibrado do Brasileirão, fator de desequilíbrio num campeonato em pontos corridos.
Elenco equilibrado não é, necessariamente, sinônimo de elenco de qualidade, é claro.
E o elenco tricolor não é mesmo nenhuma maravilha, apesar de ter um craque acima de discussão (menos para Dunga...), o goleiro Rogério Ceni, que acaba de ser indicado para a Bola de Ouro da France Football, coisa inédita com um atleta em atuação deste lado do mundo, ainda mais goleiro.
Mas o São Paulo tem jogadores da qualidade de Miranda e Breno, por exemplo, capazes de serem titulares em qualquer defesa do mundo. E por aí vai.
Será um pentacampeão dos sonhos? Não, de fato não será, porque, por exemplo, o time do tetracampeonato é melhor do que esse.
A constatação está longe de significar, no entanto, que este time é o mais fraco campeão brasileiro desde 1971, como se diz por aí.
Porque não é mesmo.
Para começar, é melhor que o próprio time do São Paulo que foi campeão em 1977 - e aquele era inferior ao do Galo, que foi vice-campeão, diferentemente do que acontece agora quando é, disparado, o melhor dos 20 participantes..
E é melhor, também, que o Corinthians de 2005, noves fora Carlitos Tevez e Nilmar. Ou o mesmo Corinthians de 1990.
Como é superior ao Coritiba de 1985. E como não é inferior ao Galo de 1971; ao Vasco de 1974; ao Bahia de 1988; ao Vasco de 1989; ao Flamengo de 1992; ao Botafogo de 1995 e ao Atlético-PR de 2001. Não é mesmo. E você fez as contas?
Foram citados nada menos do que 11 campeões dos 36 que já levantaram a taça nacional. E alguém duvida de que este time possa ser tetracampeão da Libertadores? Ou tetracampeão mundial? Ora, por que, se outro só um pouco melhor foi tri nas duas competições, como bem sabe o poderoso Barcelona?
Para a festa ser completa ontem, no Morumbi, só faltava o Corinthians perder para o Náutico. E nem isso faltou porque, nos estertores, do jogo no Recife e do rival alvinegro, Aílton deu a vitória aos pernambucanos, num pênalti não infantil, simplesmente burro.
Afigura-se cada vez mais um cenário de horror para os corintianos, mas merecido para todos os que apoiaram a parceria com a MSI (apesar de antes dela a situação já ser caótica): São Paulo campeão, Santos e Palmeiras na Libertadores, Portuguesa de volta à primeira divisão, e o Corinthians, no 98º ano de sua vida, na Segundona.

blogdojuca@uol.com.br

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