São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Após três anos ruins, time volta a se destacar no Nacional com o técnico

Leão empurra Santos para elite com estilo militarista

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Após 15 anos de carreira como treinador, com passagens por clubes nordestinos, mineiros, gaúchos e japoneses e até pela seleção brasileira, o técnico Emerson Leão, 53, dá mostras de ter encontrado no Santos seu porto seguro.
Após três anos consecutivos de fracassos, o clube precisou recorrer novamente ao treinador para voltar a passar para a etapa decisiva do Campeonato Brasileiro.
"Aqui, o ano terminava em outubro", brinca o técnico, em referência à eliminação precoce nas edições de 1999, 2000 e 2001. A última vez que o Santos havia ultrapassado a primeira fase tinha sido em 1998, quando, sob comando do próprio Leão, alcançou o terceiro lugar na competição.
"Nossa identificação [entre ele e o clube] é muito saudável. O maior indício disso é que cansei de ouvir que os ex-atletas do Santos eram rabugentos com o pessoal de fora. Mas, aqui, me sinto em casa. Quando há bom relacionamento, não existem problemas", afirmou o treinador.
A despeito disso, porém, ele manteve na relação com jogadores e comissão técnica a férrea disciplina de estilo militar, expressa no jargão empregado durante a atividade cotidiana, repleto de metáforas, como "participar das batalhas", "vencer a guerra", "recompor os feridos" e "nova munição", em referência, respectivamente, à disputa de jogos e campeonatos, aos atletas machucados e ao potencial do time.
Em sua primeira passagem pela equipe praiana, Leão estabeleceu um recorde de permanência na Vila Belmiro que, possivelmente, ele mesmo poderá quebrar -a renovação do contrato do treinador para a próxima temporada está praticamente acertada.
O período de 474 dias entre janeiro de 1998 e agosto de 1999 foi o maior de um técnico no comando do Santos nos últimos 16 anos.
Antes de Leão, o último a ostentar marca superior foi Carlos Castilho, campeão paulista de 1984 e que ficou 625 dias no clube, entre maio de 1984 e fevereiro de 1986.
A primeira passagem de Leão também foi o período em que o Santos mais chegou perto de uma conquista de prestígio, que persegue desde 1984. Além do terceiro lugar no Brasileiro-98, Leão levou o time à conquista da Copa Conmebol do mesmo ano e chegou às semifinais da Copa do Brasil de 1998 e do Paulista de 1999.
Neste ano, a campanha no Brasileiro é inferior à de 1998, quando o time conseguiu um aproveitamento de 58,6% dos pontos disputados. Mas o índice de 52% acabou sendo suficiente para garantir a equipe no oitavo e último lugar dentre os que decidirão as quatro vagas para a semifinal.
O time duelará com o São Paulo, primeiro na fase de classificação.
"Nós nos classificamos em oitavo, mas voltamos a fazer parte do grupo de elite. Foi o retorno do Santos ao seu devido lugar."
Leão tenta retomar agora o prestígio perdido após sua passagem pela seleção, onde foi destituído de sua "ditadurazinha", como ele mesmo definiu sua gestão.


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