São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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JUCA KFOURI

Injustiça no Morumbi


Júlio César não deixou que o nome de Rogério Ceni fosse lembrado. E Luis Fabiano terminou seu trabalho


O MORUMBI aplaudiu, vaiou, xingou Dunga, homenageou o goleiro Júlio César e viu Luis Fabiano, só e, às vezes, mal acompanhado, brilhar.
Mas, fundamentalmente, o Morumbi foi palco de uma enorme injustiça com os uruguaios. Porque o Uruguai não mereceu perder como perdeu por 2 a 1, depois de sair na frente logo no começo do confronto, no gol de cabeça de Abreu.
O Uruguai não merecia nem sequer empatar, porque fez por vencer. E vencer bem. Claro que Júlio César é pago para defender, mas, dirão os celestes, não precisava exagerar. E exagerou tanto que acabou ouvindo seu nome ser gritado em coro pela torcida paulista.
Não fosse por ele, o primeiro tempo teria terminado com a vantagem uruguaia de, pelo menos, dois gols. Por causa dele, no entanto, e por causa de Luis Fabiano, no último minuto, a primeira metade da partida no Morumbi terminou empatada, com o artilheiro do Campeonato Espanhol marcando um gol como se fosse o célebre Gigghia, em 1950, no Maracanã. Com a diferença de que a bola desta vez passou entre as pernas de Carini, e não entre Barbosa e a trave.
O ex-artilheiro do São Paulo começava a evitar um "Morumbi-zazo". A toada do segundo tempo era a mesma, com o Uruguai melhor, e o Brasil um bando. Nem Juan se destacava, Gilberto era nulo, Gilberto Silva uma lástima, e Mineiro também.
Do trio Kaká, Ronaldinho e Robinho é melhor nem falar, porque, em meio à desorganização geral da equipe, erravam os lances mais simples, como se a bola queimasse em seus pés. Quando o Uruguai ensaiava a marcação do segundo gol, eis que Gilberto chutou tão mal de dentro da área que a bola sairia pela lateral, do outro lado.
Só que Luis Fabiano cortou a trajetória da bola e desempatou. Ele mesmo, aliás, começou o que seria o terceiro gol brasileiro, de Maicon, mal anulado pela boa arbitragem argentina. E 3 a 1, então, seria não mais apenas uma injustiça, mas uma crueldade com o time uruguaio, desfalcado de seu melhor jogador, o atacante Forlán.
Acabou a escrita de não vencer os uruguaios, e Dunga terá o discurso de que ao tirar Ronaldinho e botar Josué ele tornou o time mais ofensivo e equilibrado. Na verdade, deu sorte de o chute horroroso de Gilberto virar o gol da virada, porque o Uruguai continuou a pressionar o Brasil e quase empatou, ao jogar com três atacantes que marcavam a saída de bola brasileira, mais desorganizada do que a própria desorganização.
E quem tem de organizar é Dunga, coisa que não tem sido capaz de fazer, por mais que, novamente, possa argumentar com o resultado positivo, do mesmo modo que pode dizer que, enquanto seu time empatou na Colômbia, a badalada Argentina perdeu.
É tudo verdade, mas, como sabem os leitores desta Folha, uma histórica campanha publicitária do jornal já mostrou que se pode mentir muito falando apenas verdades.

blogdojuca@uol.com.br


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