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São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

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VÔLEI

A paz

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Fim de ano e chega a hora daquela perguntinha básica: será que 2003 valeu a pena?
Para o vôlei brasileiro, a resposta é sim. Pela primeira vez, o Brasil termina a temporada com as duas seleções, a masculina e a feminina, com chances totais de disputar a medalha de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004.
Mais: esse esporte, sempre marcado por conflitos entre comissões técnicas e jogadores, finalmente encerra um ano em paz e com os melhores atletas nas seleções.
No feminino, por exemplo, a temporada anterior terminou com Fofão, Érika e Walewska fora do time por problemas com o então técnico Marco Aurélio.
Para quem já esqueceu, Marco Aurélio pediu demissão em agosto depois do fracasso da seleção no Grand Prix. Na época, em entrevista a Mariana Lajolo na Folha, ele disse que "esses dois anos foram um inferno, um hospício".
Vale uma reflexão sobre esses fatos para os erros do passado não se repetirem.
Para quem conhece a história do vôlei brasileiro fica a sensação que poderíamos ter conquistado muito mais títulos se não fossem as eternas turbulências que rondam o esporte no país. Os motivos parecem se repetir: conflitos com as comissões técnicas, vaidades exageradas dos atletas.
Quem há de contestar que em 1984 tínhamos uma grande seleção com Renan, William, Bernard e cia? Poderíamos já ter sido ouro em Los Angeles. Ok, os Estados Unidos, do gênio Karch Kiraly, possuíam um time fora de série, mas o Brasil, com desentendimentos entre os atletas, facilitou o caminho do adversário.
Tenho até uma teoria um tanto cruel: além do talento da equipe e da comissão técnica, um dos motivos que ajudaram o Brasil a ser campeão olímpico em 92 foi que a seleção não teve tempo para começar a ter problemas. O técnico Zé Roberto assumiu em março, e a Olimpíada já foi em agosto.
O time, formado por Tande, Maurício, Marcelo Negrão, Giovane, Paulão e Carlão, ainda brilhou em 93 com a conquista do título da Liga Mundial. Mas a partir de 94, a história voltou a se repetir: as vaidades, os conflitos e a queda do time, quinto no Mundial da Grécia e em Atlanta-96.
Depois veio a fase Radamés Lattari, uma escolha equivocada de técnico e um vergonhoso sexto lugar nos Jogos de Sydney para uma seleção com grandes jogadores.
A paz chegou com Bernardinho, um ex-integrante da geração de prata que sabe os prejuízos que os conflitos trazem. E com a paz vieram os títulos.
No feminino, a história não é diferente. Basta lembrar Barcelona-92. O Brasil tinha um grande time com Ana Moser, Fernanda, Márcia Fu, Ida, Hilma, Ana Flávia, mas algumas jogadoras e o técnico Wadson Lima não falavam a mesma língua. Conflitos dentro e fora da quadra, e Brasil acabou em quarto lugar.
A equipe, com Fernanda Venturini e as atletas que tinham deixado o time de Marco Aurélio, também vive tempos de paz com Zé Roberto. Até pelo histórico, essa é a maior conquista a ser perseguida pelas seleções do país: a paz. Os títulos são consequências.


Italiano
A sensação do Campeonato Italiano, que reúne as maiores estrelas do vôlei mundial, está sendo o Trentino. Quem diria, líder da competição, o time tem uma base de jogadores trintões como o levantador Paolo Tofoli, 37, e os atacantes Bernardi, 35, e Sartoretti, 32. O Macerata, de Nalbert, briga pela vice-liderança com Padova e Treviso.

Superliga
A Unisul, do atacante André Heller e do argentino Marcos Milinkovic, está poderosa nesta temporada. Na última rodada da Superliga Nacional, quebrou a invencibilidade do Suzano, do técnico Ricardo Navajas, com um surpreendente placar de 3 sets a 0. O time catarinense, atual vice-campeão brasileiro, é agora o único invicto da competição com cinco vitórias.

E-mail: cidasan@uol.com.br


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