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VÔLEI
A paz
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Fim de ano e chega a hora daquela perguntinha básica: será que 2003 valeu a pena?
Para o vôlei brasileiro, a resposta é sim. Pela primeira vez, o Brasil termina a temporada com as
duas seleções, a masculina e a feminina, com chances totais de
disputar a medalha de ouro nos
Jogos de Atenas, em 2004.
Mais: esse esporte, sempre marcado por conflitos entre comissões
técnicas e jogadores, finalmente
encerra um ano em paz e com os
melhores atletas nas seleções.
No feminino, por exemplo, a
temporada anterior terminou
com Fofão, Érika e Walewska fora do time por problemas com o
então técnico Marco Aurélio.
Para quem já esqueceu, Marco
Aurélio pediu demissão em agosto depois do fracasso da seleção
no Grand Prix. Na época, em entrevista a Mariana Lajolo na Folha, ele disse que "esses dois anos
foram um inferno, um hospício".
Vale uma reflexão sobre esses
fatos para os erros do passado não
se repetirem.
Para quem conhece a história
do vôlei brasileiro fica a sensação
que poderíamos ter conquistado
muito mais títulos se não fossem
as eternas turbulências que rondam o esporte no país. Os motivos
parecem se repetir: conflitos com
as comissões técnicas, vaidades
exageradas dos atletas.
Quem há de contestar que em
1984 tínhamos uma grande seleção com Renan, William, Bernard
e cia? Poderíamos já ter sido ouro
em Los Angeles. Ok, os Estados
Unidos, do gênio Karch Kiraly,
possuíam um time fora de série,
mas o Brasil, com desentendimentos entre os atletas, facilitou o
caminho do adversário.
Tenho até uma teoria um tanto
cruel: além do talento da equipe e
da comissão técnica, um dos motivos que ajudaram o Brasil a ser
campeão olímpico em 92 foi que a
seleção não teve tempo para começar a ter problemas. O técnico
Zé Roberto assumiu em março, e a
Olimpíada já foi em agosto.
O time, formado por Tande,
Maurício, Marcelo Negrão, Giovane, Paulão e Carlão, ainda brilhou em 93 com a conquista do título da Liga Mundial. Mas a partir de 94, a história voltou a se repetir: as vaidades, os conflitos e a
queda do time, quinto no Mundial da Grécia e em Atlanta-96.
Depois veio a fase Radamés Lattari, uma escolha equivocada de
técnico e um vergonhoso sexto lugar nos Jogos de Sydney para uma
seleção com grandes jogadores.
A paz chegou com Bernardinho,
um ex-integrante da geração de
prata que sabe os prejuízos que os
conflitos trazem. E com a paz vieram os títulos.
No feminino, a história não é diferente. Basta lembrar Barcelona-92. O Brasil tinha um grande time
com Ana Moser, Fernanda, Márcia Fu, Ida, Hilma, Ana Flávia,
mas algumas jogadoras e o técnico Wadson Lima não falavam a
mesma língua. Conflitos dentro e
fora da quadra, e Brasil acabou
em quarto lugar.
A equipe, com Fernanda Venturini e as atletas que tinham deixado o time de Marco Aurélio, também vive tempos de paz com Zé
Roberto. Até pelo histórico, essa é
a maior conquista a ser perseguida pelas seleções do país: a paz. Os
títulos são consequências.
Italiano
A sensação do Campeonato Italiano, que reúne as maiores estrelas
do vôlei mundial, está sendo o Trentino. Quem diria, líder da competição, o time tem uma base de jogadores trintões como o levantador
Paolo Tofoli, 37, e os atacantes Bernardi, 35, e Sartoretti, 32. O Macerata, de Nalbert, briga pela vice-liderança com Padova e Treviso.
Superliga
A Unisul, do atacante André Heller e do argentino Marcos Milinkovic, está poderosa nesta temporada. Na última rodada da Superliga
Nacional, quebrou a invencibilidade do Suzano, do técnico Ricardo
Navajas, com um surpreendente placar de 3 sets a 0. O time catarinense, atual vice-campeão brasileiro, é agora o único invicto da competição com cinco vitórias.
E-mail: cidasan@uol.com.br
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