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OLIMPÍADA
Federações fazem campanha para convencer o COI a ascender modalidades esdrúxulas aos Jogos
Rejeitados tentam deixar "purgatório"
RODRIGO BERTOLOTTO
da Reportagem Local
O COI (Comitê Olímpico Internacional) está em uma campanha
para dar transparência à escolha
das cidades-sede e ao controle de
doping, mas ainda não se preocupou em explicar porque um esporte entra na Olimpíada.
Uma mistura de interesses políticos e econômicos promovem
modalidades para os Jogos. Em
Sydney-2000, estarão os novatos
taekwondo e triatlo, por pressão
de sul-coreanos e australianos,
respectivamente.
Suas federações estão agora entre as 28 entidades olímpicas. Para todas as outras, só resta se filiar
às três entidades que reúnem os
esportes renegados.
A principal delas é a Arisf, sigla
para a Associação das Federações
Internacionais Reconhecidas pelo
COI. Ela foi criada em 1988, e seu
orçamento é dado pelo próprio
comitê olímpico.
Com a filiação, as 32 modalidades entram como observadoras
nos congressos do COI e acumulam chance de estar no maior
evento esportivo do mundo.
Algumas modalidades, como
bridge, bilhar ou boliche, estão na
Arisf, mas não entram tão cedo
no programa olímpico.
""Podemos falar que os esportes
na Arisf estão em uma ante-sala,
em um purgatório da Olimpíada", afirma Ron Froelich, dirigente das três entidades.
É o presidente da Arisf. Exerce o
mesmo cargo na IWGA (Associação Internacional dos Jogos Mundiais). E é tesoureiro da Gaisf (Associação das Federações Esportivas Internacionais). ""Estou aposentado", diz Froelich, para explicar o acúmulo.
A Gaisf é a segunda entidade em
importância entre os não-olímpicos. Fundada em 1977, tem sede
em Mônaco e o príncipe Rainier
como um de seus diretores.
Com um orçamento anual de
R$ 800 mil e só quatro empregados, promove congressos para
seus 70 filiados. As exigências mínimas para um esporte ingressar
nela são ter 25 federações nacionais filiadas em, pelo menos, três
continentes, ter regras universais
e fazer campeonatos mundiais.
""A Gaisf é um guarda-chuva,
uma proteção para as modalidades. É um fórum para o melhoramento do esporte pelo mundo",
afirma Froelich.
Entre seus integrantes estão as
federações de pesca esportiva,
corrida de trenó puxado por cães
e sambo (luta de origem russa).
A menos importantes delas, a
IWGA tem sede em Hague (Holanda), 44 federações filiadas e 19
anos de existência. Ela é a única,
por exemplo, a reconhecer o punhobol (vôlei com os punhos) como esporte internacional.
Mas há esportes que não tem reconhecimento nem pela IWGA.
Esse é o caso da brasileira capoeira. Sua federação internacional foi
criada em 1999. Sua sede e seu
presidente, Sérgio Luiz Vieira, são
os mesmos da confederação brasileira da modalidade.
Até agora, só Canadá, Argentina e Portugal têm entidades nacionais de capoeira, mas, segundo
Vieira, serão mais de 50 países até
o final de 2000. ""Este é o ano do
nosso reconhecimento internacional. Essa expansão tem apoio
dos consulados e cidadãos brasileiros lá fora", diz Vieira.
Mas sua ascensão à condição
olímpica seria mais rápida se o
Brasil abrigasse uma Olimpíada.
Afinal, convencionou-se que o
país-sede pode incluir uma modalidade no programa.
A Coréia do Sul promoveu o tênis de mesa em Seul-1988, e os
EUA fizeram o mesmo com o
softball em Atlanta-1996.
""As candidaturas brasileiras até
agora (Brasília-2000 e Rio-2004)
foram muito ruins. É melhor a capoeira se internacionalizar sozinha", afirma Lamartine Pereira
da Costa, presidente da Academia
Olímpica Brasileira.
Além de fortes concorrentes
(caratê, squash, surfe etc.), a capoeira tem como obstáculo a determinação do COI de fazer Jogos
Olímpicos compactos, com no
máximo 10 mil atletas.
Ou seja, para um esporte ser incluído, outro tem de reduzir seus
participantes. Por isso, esportes
coletivos, como o tradicional rúgbi, têm menos chances.
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