São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OLIMPÍADA
Federações fazem campanha para convencer o COI a ascender modalidades esdrúxulas aos Jogos
Rejeitados tentam deixar "purgatório"

RODRIGO BERTOLOTTO
da Reportagem Local

O COI (Comitê Olímpico Internacional) está em uma campanha para dar transparência à escolha das cidades-sede e ao controle de doping, mas ainda não se preocupou em explicar porque um esporte entra na Olimpíada.
Uma mistura de interesses políticos e econômicos promovem modalidades para os Jogos. Em Sydney-2000, estarão os novatos taekwondo e triatlo, por pressão de sul-coreanos e australianos, respectivamente.
Suas federações estão agora entre as 28 entidades olímpicas. Para todas as outras, só resta se filiar às três entidades que reúnem os esportes renegados.
A principal delas é a Arisf, sigla para a Associação das Federações Internacionais Reconhecidas pelo COI. Ela foi criada em 1988, e seu orçamento é dado pelo próprio comitê olímpico.
Com a filiação, as 32 modalidades entram como observadoras nos congressos do COI e acumulam chance de estar no maior evento esportivo do mundo.
Algumas modalidades, como bridge, bilhar ou boliche, estão na Arisf, mas não entram tão cedo no programa olímpico.
""Podemos falar que os esportes na Arisf estão em uma ante-sala, em um purgatório da Olimpíada", afirma Ron Froelich, dirigente das três entidades.
É o presidente da Arisf. Exerce o mesmo cargo na IWGA (Associação Internacional dos Jogos Mundiais). E é tesoureiro da Gaisf (Associação das Federações Esportivas Internacionais). ""Estou aposentado", diz Froelich, para explicar o acúmulo.
A Gaisf é a segunda entidade em importância entre os não-olímpicos. Fundada em 1977, tem sede em Mônaco e o príncipe Rainier como um de seus diretores.
Com um orçamento anual de R$ 800 mil e só quatro empregados, promove congressos para seus 70 filiados. As exigências mínimas para um esporte ingressar nela são ter 25 federações nacionais filiadas em, pelo menos, três continentes, ter regras universais e fazer campeonatos mundiais.
""A Gaisf é um guarda-chuva, uma proteção para as modalidades. É um fórum para o melhoramento do esporte pelo mundo", afirma Froelich.
Entre seus integrantes estão as federações de pesca esportiva, corrida de trenó puxado por cães e sambo (luta de origem russa).
A menos importantes delas, a IWGA tem sede em Hague (Holanda), 44 federações filiadas e 19 anos de existência. Ela é a única, por exemplo, a reconhecer o punhobol (vôlei com os punhos) como esporte internacional.
Mas há esportes que não tem reconhecimento nem pela IWGA. Esse é o caso da brasileira capoeira. Sua federação internacional foi criada em 1999. Sua sede e seu presidente, Sérgio Luiz Vieira, são os mesmos da confederação brasileira da modalidade.
Até agora, só Canadá, Argentina e Portugal têm entidades nacionais de capoeira, mas, segundo Vieira, serão mais de 50 países até o final de 2000. ""Este é o ano do nosso reconhecimento internacional. Essa expansão tem apoio dos consulados e cidadãos brasileiros lá fora", diz Vieira.
Mas sua ascensão à condição olímpica seria mais rápida se o Brasil abrigasse uma Olimpíada. Afinal, convencionou-se que o país-sede pode incluir uma modalidade no programa.
A Coréia do Sul promoveu o tênis de mesa em Seul-1988, e os EUA fizeram o mesmo com o softball em Atlanta-1996.
""As candidaturas brasileiras até agora (Brasília-2000 e Rio-2004) foram muito ruins. É melhor a capoeira se internacionalizar sozinha", afirma Lamartine Pereira da Costa, presidente da Academia Olímpica Brasileira.
Além de fortes concorrentes (caratê, squash, surfe etc.), a capoeira tem como obstáculo a determinação do COI de fazer Jogos Olímpicos compactos, com no máximo 10 mil atletas.
Ou seja, para um esporte ser incluído, outro tem de reduzir seus participantes. Por isso, esportes coletivos, como o tradicional rúgbi, têm menos chances.


Texto Anterior: Futebol - Tostão: Hoje será mais fácil
Próximo Texto: Futebol: Na Vila, Botafogo-RJ surpreende o Santos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.