São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2005

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FUTEBOL

Tite, o refém dos fantasmas

ROBERTO AVALLONE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como de hábito, antigo ritual de jornalista insone, fui comprar jornal de madrugada. O Corinthians tinha acabado de perder para o Mogi e a festa que era para Tevez e milionários parceiros acabou ficando, depois, para um desconhecido Neto, centroavante que viera do Vietnã, segundo consta, para arrasar o inimigo-coitado do Fábio Costa.
Foram dois gols, e o primeiro, um golaço! De fora da área, no ângulo direito, morteiro que nem uma gloriosa união de goleiros, Banks, Casillas e Buffon, digamos nada, nada seria capaz de deter.
Mas qual era a pergunta do jornaleiro corintiano? Ah, não era sobre o cruel Neto nem sobre a justiça do placar. Com barbas longas e brancas, há mais de 20 anos no ponto da banca famosa, no centro, quase na esquina da Major Quedinho, em frente ao bar do pernil mais famoso da cidade, só tinha uma preocupação:
- Quanto vai durar o Tite?
Quer dizer: já está sob suspeita, logo na estréia do Paulista, o técnico que, em 2004, apanhou o Corinthians lá embaixo na tabela e o levou a uma colocação honrosa. Serviu-se o gaúcho da fala mansa e pausada do que? De garotos vindos dos juniores, tendo ao lado a experiência de Fábio Costa, Gil e, também, de Fabinho e Fábio Baiano. Foi uma façanha.
Mas quem é capaz, hoje, de ver defeitos técnicos nos investimentos da MSI? Para Kia Joorabchian os pedidos de autógrafos e a idolatria da torcida pelos sonhos mirabolantes, alguns deles já concretizados; para Tite, simples mortal, a cobrança dos números, ainda que ele não tenha aproveitado nenhum dos reforços milionários. Mesmo assim já se questiona o futuro de Tite.
Pois ouso, e levando só em conta o aspecto funcional da montagem de um esquadrão, contrariar as atitudes do executivo, clone do apresentador João Kleber:
1 - Por que Fabinho e Fábio Baiano se foram? Para quem não tem limite em seu talão de cheques, custava dar um aumento para Fábio Baiano, um dos preferidos de Tite? E alguns reais e um sanduíche de pernil poderia custar Fabinho, outro jogador importante ao esquema tático. Duvido que com Fábio e Fabinho o Corinthians perdesse do Mogi.
2 - Ainda se levando em conta a boa campanha corintiana dos garotos e o generoso talão de cheques da MSI, seria fundamental, já no dia da chegada de Tevez , que se desse um reajuste, modesto até, para os jovens que no clube ralaram e ficaram. Não se trata de corpo mole, não: trata-se apenas de driblar a reação humana, típica até dos mais jovens, tipo "para ele tudo, até tapete vermelho, e para nós nada?"
(Já disse que não acredito em corpo mole. Acredito, porém, em almas magoadas)
Diante de tantos erros primários, Tite não é o culpado. Desta vez, neste caso, o mordomo é milionário, sonha só com estrelas fantásticas e nem fala português.


Roberto Avallone é apresentador do programa "Bola na Rede", na Rede TV!
O colunista Tostão está em férias


O lugar de Falcão
Já disse ao astro maior do futsal, Falcão, agora em busca do estrelato no campo: a sua posição deve ser lá na frente, como um pivô, iludindo os zagueiros com seus dribles mágicos e abrindo espaços para as corridas de Grafite. Mais ou menos, diríamos, o papel exercido pelo genial Tostão na Copa-70. Pense nisso, caro Leão, pense.

Alegria: Magrão ficou
Foi difícil conter a euforia de minha querida Tia Dora: "O Magrão vai ficar!", gritava ela, mais do que exultante. Olimpicamente, creio que, mais uma vez, Tia Dora tem razão: Magrão, ao lado de Marcinho, Cristian e Marcel, poderá formar um meio do campo inesquecível nesse Palmeiras que, parece, começa a reagir.

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