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A VIAGEM DE VOLTA
Celular e cãibra partem silêncio na rota para Itu
DO ENVIADO A JUNDIAÍ E ITU
A campainha de um telefone celular rompe o silêncio
dentro do ônibus do Ituano.
Cerca de 30 pessoas estão
no veículo e aguardam o resto dos companheiros para
deixar o estádio do Morumbi, em São Paulo.
A voz que responde ao
chamado é a do treinador do
time, Leandro Campos.
"Estamos saindo para pegar a estrada. Depois eu ligo,
não quero falar, não estou
com cabeça. Acabamos de
perder para São Paulo. Levamos de 4 a 2", diz o técnico,
antes de desligar o aparelho.
A cena se passa às
23h15min da última quinta.
A irritação do comandante
com o placar dilatado é evidente. Mesmo assim, nenhum jogador recebe repreensão na viagem.
Com ou sem bronca, o clima de tragédia dá a tônica
no ambiente. A maioria dos
atletas prefere não se comunicar. Esticados nas poltronas, tombam a cabeça na direção das janelas e contemplam as ruas da cidade.
Súbito, um resmungo rouba a atenção do grupo. Ricardo Almeida, um dos jogadores do time, leva a mão
à perna, se contorce e reclama de dor. "Nossa, deu cãibra, deu cãibra. Alguém me
ajuda aqui, por favor", diz.
Os colegas se aproximam,
fazem um rápido alongamento. O incidente coloca os
atletas numa rodinha. Ainda
tímidos, começam a papear.
Ninguém fala de futebol, a
não ser quando notam a presença da reportagem da Folha no ônibus. "Por que vocês está escrevendo sobre o
time? Acabamos de estrear
no Paulista com uma derrota de quatro", indaga um dos
integrantes do elenco.
Os sorrisos começam a pipocar quando o ônibus se
aproxima da parada estratégica criada pelos cartolas.
Antes de mergulhar nos
103 km que percorrerá até
Itu, o elenco desce em uma
churrascaria para jantar -o
clube arca com as despesas.
A carne aplaca a fome e
ajuda a esquecer a derrota.
Ao final da comilança, todos
estão mais dispostos.
"Sabe como é: de barriga
cheia a gente se entende melhor", filosofa o motorista
Wanderlei Mendes, que guia
por mais uma hora até deixar o time em casa.
(GR)
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