|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lars deixa a presidência da vela, e COB intervém
Dirigente desiste do cargo 12 dias após posse e atuará na parte técnica do comitê
Saída de nova diretoria está relacionada a parceria com um bingo, que contesta na Justiça multas milionárias feitas pela Receita Federal
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Lars Grael decidiu ontem
deixar a presidência da Federação Brasileira de Vela e Motor
só 12 dias depois de ter tomado
posse. O dirigente alegou problemas de ordem administrativa e financeira para pedir a renúncia da diretoria, que foi
eleita no mês passado.
O Comitê Olímpico Brasileiro irá nomear um interventor
até o fim do mês e fará uma auditoria nas contas da federação.
"Vamos usar nossa experiência para sanear as áreas administrativa e financeira. O mais
importante é que a parte técnica não será prejudicada, assim
como a preparação para o Pan
do Rio e a Olimpíada de Pequim", afirmou Carlos Arthur
Nuzman, presidente do COB.
Com Lars saíram Reinaldo
Câmara, vice-presidente-executivo, Alan Adler, vice de vela,
e Paulo Renha, vice de motonáutica. Lars e Adler irão atuar
no COB como consultores técnicos para a modalidade.
Neste ano, o esporte terá calendário carregado, com destaque para o Mundial da Isaf (Federação Internacional de Vela),
que concede vagas nos Jogos de
Pequim-08, e o Pan do Rio.
A decisão de destituir a diretoria foi chancelada em assembléia da FBVM, realizada ontem, no Rio, com representantes das federações, dos iates
clubes e das classes de vela.
Nuzman e seu vice, André Richer, estiveram no encontro.
"Ao tomar conhecimento de
muitos problemas da federação
com a Receita Federal, decidi
pedir um voto de confiança para que o COB fizesse uma intervenção", comentou Lars.
Segundo a Folha apurou, sua
saída está relacionada à parceria de quase 12 anos da FBVM
com o Bingo Augusta. Quando
assumiu, Lars pedira o fim do
contrato com a casa de jogos.
"É apenas uma decisão administrativa minha a desvinculação do bingo. Eles agora lutam pela regulamentação e enfrentam problemas. Queremos
captar recursos de outras formas", justificou, na época.
O bingo repassava mensalmente R$ 30 mil à federação.
Além disso, patrocinou por vários anos Robert Scheidt, bicampeão olímpico na laser.
Atualmente, apóia Laura Zanni
e Isabel Ficker, campeãs mundiais na classe 420 em 2003.
No mês passado, a Receita
Federal aplicou duas multas ao
bingo -de R$ 8 milhões e de
R$ 12 milhões. Os valores foram contestados, e o caso permanece na Justiça. A federação
aparece no processo como devedora solidária e, em caso de
condenação, pode ser obrigada
a desembolsar o valor.
"Havia dois processos de valores altíssimos dos quais não
tinha conhecimento e não estavam no balanço da entidade.
Para evitar o apagão na vela, resolvi renunciar", disse Lars.
Se ficar inadimplente, a entidade perde o direito de receber
recursos da Lei Piva, que destina parte da verba das loterias
da Caixa Econômica ao esporte
olímpico e paraolímpico.
Sem outros patrocinadores,
esse dinheiro é, no momento, a
principal fonte de receitas para
a FBVM. No ano passado, foram repassados cerca de R$ 1,9
milhão à vela, que responde
por uma cota de 4% do total
amealhado pelo COB com a lei.
Texto Anterior: São Paulo: Time negocia atletas sem seu presidente Próximo Texto: Problema é antigo, afirma ex-presidente Índice
|