São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Lars deixa a presidência da vela, e COB intervém

Dirigente desiste do cargo 12 dias após posse e atuará na parte técnica do comitê

Saída de nova diretoria está relacionada a parceria com um bingo, que contesta na Justiça multas milionárias feitas pela Receita Federal

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Lars Grael decidiu ontem deixar a presidência da Federação Brasileira de Vela e Motor só 12 dias depois de ter tomado posse. O dirigente alegou problemas de ordem administrativa e financeira para pedir a renúncia da diretoria, que foi eleita no mês passado.
O Comitê Olímpico Brasileiro irá nomear um interventor até o fim do mês e fará uma auditoria nas contas da federação.
"Vamos usar nossa experiência para sanear as áreas administrativa e financeira. O mais importante é que a parte técnica não será prejudicada, assim como a preparação para o Pan do Rio e a Olimpíada de Pequim", afirmou Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB.
Com Lars saíram Reinaldo Câmara, vice-presidente-executivo, Alan Adler, vice de vela, e Paulo Renha, vice de motonáutica. Lars e Adler irão atuar no COB como consultores técnicos para a modalidade.
Neste ano, o esporte terá calendário carregado, com destaque para o Mundial da Isaf (Federação Internacional de Vela), que concede vagas nos Jogos de Pequim-08, e o Pan do Rio.
A decisão de destituir a diretoria foi chancelada em assembléia da FBVM, realizada ontem, no Rio, com representantes das federações, dos iates clubes e das classes de vela. Nuzman e seu vice, André Richer, estiveram no encontro.
"Ao tomar conhecimento de muitos problemas da federação com a Receita Federal, decidi pedir um voto de confiança para que o COB fizesse uma intervenção", comentou Lars.
Segundo a Folha apurou, sua saída está relacionada à parceria de quase 12 anos da FBVM com o Bingo Augusta. Quando assumiu, Lars pedira o fim do contrato com a casa de jogos.
"É apenas uma decisão administrativa minha a desvinculação do bingo. Eles agora lutam pela regulamentação e enfrentam problemas. Queremos captar recursos de outras formas", justificou, na época.
O bingo repassava mensalmente R$ 30 mil à federação. Além disso, patrocinou por vários anos Robert Scheidt, bicampeão olímpico na laser. Atualmente, apóia Laura Zanni e Isabel Ficker, campeãs mundiais na classe 420 em 2003.
No mês passado, a Receita Federal aplicou duas multas ao bingo -de R$ 8 milhões e de R$ 12 milhões. Os valores foram contestados, e o caso permanece na Justiça. A federação aparece no processo como devedora solidária e, em caso de condenação, pode ser obrigada a desembolsar o valor.
"Havia dois processos de valores altíssimos dos quais não tinha conhecimento e não estavam no balanço da entidade. Para evitar o apagão na vela, resolvi renunciar", disse Lars.
Se ficar inadimplente, a entidade perde o direito de receber recursos da Lei Piva, que destina parte da verba das loterias da Caixa Econômica ao esporte olímpico e paraolímpico.
Sem outros patrocinadores, esse dinheiro é, no momento, a principal fonte de receitas para a FBVM. No ano passado, foram repassados cerca de R$ 1,9 milhão à vela, que responde por uma cota de 4% do total amealhado pelo COB com a lei.


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