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Paulista corta dribles, planta faltas e colhe queda de gols
Campeonato tem edição mais violenta e com menos fintas; artilharia cai 10% em relação ao ano passado e é a menos produtiva em quase 10 anos
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Destruir muito e ousar pouco.
Nunca essa combinação foi tão
usada no Campeonato Paulista
como na edição deste ano.
A fórmula faz a competição ter,
ao mesmo tempo, o menor número de dribles e a maior quantidade de faltas desde que o Datafolha passou a acompanhar a competição, em 1986.
O resultado dessa equação aparece na artilharia -o torneio tem
média de 3,03 gols por jogo, um
tombo de 10% em relação ao ano
passado e a menor marca desde
1995. Na rodada do final de semana, a rede balançou menos ainda
-média de 2,11 vezes por partida.
Hoje, cada partida tem, em média, 52,4 infrações. Índice próximo só ocorreu em 1990, quando
esse recurso era usado 52,3 vezes.
A inibição dos jogadores para
driblar quebrou um recorde negativo mais recente, que havia sido estabelecido no ano passado.
O campeonato vencido pelo Corinthians em 2003 foi o que teve
menos firulas desde 1997, quando
elas começaram a entrar no levantamento do Datafolha.
No ano passado, a média era de
32,2 dribles. Hoje, caiu para 28,6.
A queda segue uma tendência: a
cada ano, os jogadores dos times
paulistas têm menos iniciativa para driblar. Se a corrente não for
quebrada, as jogadas que empolgam torcedores entrarão em extinção no Estadual.
Em 1997, houve mais que o dobro de fintas em relação a este
ano. Foram 66 por partida. Isso
num campeonato menos violento
-49,2 faltas, em média.
"Muitos times estão abusando
das faltas, e isso acaba com o espetáculo", afirmou o corintiano Gil.
Ele relaciona a voracidade dos
marcadores ao aumento da timidez de quem ataca. "As faltas desleais, aquelas que são agressões,
inibem os atacantes."
Em tempos de pouca criatividade no ataque, quem mais ousa no
Estadual é um time do interior, o
Guarani. A equipe tem o principal
driblador: Alex, com média de 6,3
por partida. O segundo, empatado com Robinho e Reinaldo, da
Portuguesa Santista, é Roncato,
também do Guarani. Os três driblam os rivais cinco vezes por jogo. Robinho é o único representante dos times grandes entre os
seis maiores dribladores.
Porém, entre os times mais violentos, a liderança do ranking está
com um dos grandes, o São Paulo.
A equipe de Cuca comete, em média, 32,8 infrações por jogo.
Os são-paulinos trocaram a
ponta do ranking das firulas pelo
da violência. Entre 1997 e 2000,
por três vezes o clube do Morumbi, que em outros tempos já havia
contado com a ginga de Canhoteiro e Zé Sérgio, terminou o Estadual com o principal driblador
-duas com o atacante Denílson,
em 1997 e 1998, e uma com o meia
Vágner, na competição de 2000.
Hoje, além de ser o mais violento, o São Paulo tem o segundo e o
terceiro atletas mais faltosos: Grafite e Lugano, respectivamente.
Grafite é um dos principais representantes do futebol de muita
truculência e pouca fantasia entre
os atacantes. É o segundo mais
faltoso do Estadual, com uma média de 6,2 infrações por jogo.
Porém ele não aparece nem entre os 20 principais dribladores.
Sua média é de três fintas.
"Tenho mais recursos na marcação que o Luis Fabiano, por isso
ajudo muito a marcar, só que não
sou desleal", declarou Grafite.
Enquanto o São Paulo tem um
atacante que destrói, o Palmeiras
exibe um volante que tenta driblar os rivais. Magrão, apesar de
priorizar a marcação, é o líder
desse fundamento do time.
No ano passado, ele foi o 17º
desse ranking no Paulista. Hoje é
o 11º, com 3,8 fintas, em média.
Colaborou Eduardo Arrruda,
da Reportagem Local
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