São Paulo, domingo, 23 de abril de 2000


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AUTOMOBILISMO
Carro da Ferrari, previsão de chuva e conhecimento do circuito deixam brasileiro otimista
Barrichello, pole, vive chance da vida

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Silverstone

Pole position. Perspectiva de chuva na pista que mais conhece. Um carro de ponta. Rubens Barrichello, 27, brasileiro, terá hoje em Silverstone o que definiu como a melhor chance de sua vida.
Às 9h (horário de Brasília), com TV, ele larga na primeira posição do grid do GP da Inglaterra, quarta etapa do Mundial de F-1.
É a terceira pole position de sua carreira, a primeira conquistada ao volante de uma Ferrari, o melhor carro que já teve em mãos.
"Estou feliz da vida, mas tudo depende de uma boa largada. É a melhor chance da minha vida", disse o piloto, ontem.
Em segundo, larga Heinz-Harald Frentzen, da Jordan, seguido por Mika Hakkinen, da McLaren. David Coulthard é o quarto.
O alemão Michael Schumacher, primeiro piloto da Ferrari, sai apenas na quinta colocação.
Menos vibrante do que de costume, Barrichello evitou ontem comemorações exageradas.
"Hoje (ontem) foi um presente para o Brasil, pelos 500 anos. Mas o melhor prêmio que posso dar é na corrida", afirmou o brasileiro.
O motivo para tanta sobriedade talvez seja um histórico pessoal.
Nas outras duas oportunidades em que largou em primeiro, Barrichello não conseguiu manter o posto. Na Bélgica, em 94, pela Jordan, perdeu a liderança logo nas primeira voltas. Na França, no ano passado, pela Stewart, chegou a liderar por 44 voltas, mas terminou apenas em terceiro.
Ao contrário das outras ocasiões, porém, o brasileiro conta agora com alguns trunfos.
O primeiro é o F1-2000, o carro da Ferrari, equipe mais tradicional da F-1. Nas mãos de Schumacher, o modelo venceu as três provas já disputadas na temporada.
Com Barrichello, o carro vinha devendo. O brasileiro teve um bom início de temporada, com um segundo lugar na Austrália, mas depois abandonou o GP Brasil com um problema hidráulico.
Em Imola, há duas semanas, foi o quarto colocado com o cinto de segurança quebrado e com 20 litros de gasolina a mais no tanque, devido a um erro da equipe.
O segundo trunfo é seu conhecimento de Silverstone. A pista inglesa é a que Barrichello mais conhece. "Pilotei sete anos para equipes inglesas e vivia treinando aqui. Conheço Silverstone melhor do que Interlagos", disse.
O terceiro, possivelmente, será a meteorologia. A previsão para hoje é de chuva durante o GP. "Gosto da pilotar no molhado."
O tempo instável marcou ontem o treino oficial. As equipes passaram todo o tempo com os olhos voltados para o céu, aguardando o início da chuva.
Barrichello foi o primeiro piloto de uma equipe de ponta a ir para a pista, com cinco minutos de sessão, quando a pista ainda estava molhada. Marcou 1min32s639, o que lhe deu a pole provisória.
Com 11 minutos de treino, porém, já havia caído para quarto -tanto Schumacher como a dupla da McLaren entraram depois, seguindo planos diferentes.
Aos 22 minutos, voltou para a pista, para sua segunda tentativa de volta rápida. Mais uma vez, o brasileiro cravou a pole provisória, então em 1min29s077.
Mas ainda faltavam os concorrentes irem para a pista. E, a 15 minutos para o fim, Barrichello já havia caído para o décimo lugar.
A estratégia do brasileiro, então, passou a ser esperar, para entrar com os rivais na pista, quando todos estariam em suas últimas tentativas de marcar tempo.
Faltavam quatro minutos para o fim do treino quando ele foi para sua última chance. Quando abriu a volta, todos os outros 21 pilotos estavam na pista. Barrichello marcou 1min25s703.
Caso vença hoje, Barrichello entrará para a história como o recordista da persistência na F-1. Em seu 117º GP, será o piloto que mais tempo levou até vencer sua primeira corrida na categoria.
NA TV - Globo, às 9h


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