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FUTEBOL
Clube recorre de multa aplicada pelo BC antes de a parceria ser firmada
Palmeiras pré-Parmalat
também cai na malha fina
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
A administração palmeirense
na era anterior à Parmalat também caiu na malha fina do Banco
Central. O órgão identificou irregularidades na transferência do
atacante Careca Bianchesi para a
Atalanta, da Itália, em 1991, um
ano antes de a parceria com a empresa ser concretizada.
O Palmeiras já foi condenado
em processo administrativo a pagar uma multa de cerca de US$
100 mil e recorreu. O recurso será
julgado na semana que vem pelo
Conselho de Recursos do Sistema
Financeiro Nacional, órgão atrelado ao Ministério da Fazenda.
O recurso fez o BC avançar nas
investigações sobre jogadores
vendidos pelo clube e chegar à era
Parmalat. Foram encontradas irregularidades em transferências
de atletas como Roberto Carlos e
Mazinho. Os casos foram juntados ao relatório sobre Bianchesi.
Esses processos não estão relacionados às compras de jogadores no exterior pela Parmalat,
também investigadas pelo BC, como revelou a Folha ontem.
Tanto no caso dos atletas que
chegaram ao clube como no dos
que saíram o problema é o fato de
pelo menos parte do dinheiro não
ter entrado no país.
Sobre Bianchesi, o clube só não
conseguiu comprovar a chegada
ao Brasil de aproximadamente
US$ 100 mil. Ele foi vendido por
US$ 1,7 milhão ao Atalanta.
A maioria dos dirigentes palmeirenses evita falar sobre o assunto. O departamento jurídico
do clube diz não ter informações
sobre o caso envolvendo Bianchesi. Declara que só o escritório
Mattos Filho pode explicar a situação. A Folha telefonou ontem
para falar com os advogados responsáveis, mas foi informada de
que eles só estariam no escritório
na próxima segunda-feira.
Gilberto Cipullo, que foi diretor
de futebol da parceria entre 1991 e
1996, afirma que todas as operações foram feitas dentro da lei.
Antonio Carlos Corcione, assessor do presidente do Palmeiras,
Affonso della Monica, diz que o
clube possui todos os documentos que comprovam que as negociações de Bianchesi e dos outros
jogadores foram legais. "Não tenho detalhes sobre a defesa, mas
sei que os advogados apresentaram tudo o que foi pedido pelas
autoridades", afirmou ele.
Porém nem todos os argumentos foram aceitos. Segundo um
conselheiro do clube, que pediu
para não ser identificado, a defesa
não conseguiu provar a entrada
no país do dinheiro destinado ao
pagamento da comissão de um
intermediário que participou da
negociação de Bianchesi.
A multa é exatamente igual ao
valor que seria dado ao empresário. Em conversas reservadas, diretores da equipe afirmam que,
mesmo se a punição for mantida
no caso do atacante, o resultado
não será considerado ruim.
Se não tivesse comprovado a
entrada de nenhum centavo no
país, poderia ser multado em R$
1,7 milhão, valor total da negociação com o Atalanta.
As investigações do BC e o julgamento do recurso tomaram
parte da reunião feita pela cúpula
palmeirense ontem, inicialmente
só para planejar o trabalho da nova comissão técnica, comandada
por Paulo Bonamigo.
Preocupados com a possibilidade multa, os dirigentes telefonaram para um dos advogados que
prepararam a defesa e pediram
detalhes sobre o caso.
O órgão que julgará o Palmeiras
condenou o São Paulo, em janeiro, a pagar multa de US$ 840 mil.
A pena foi por irregularidades na
venda de sete atletas.
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