São Paulo, sábado, 23 de abril de 2005

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FUTEBOL

Clube recorre de multa aplicada pelo BC antes de a parceria ser firmada

Palmeiras pré-Parmalat também cai na malha fina

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

A administração palmeirense na era anterior à Parmalat também caiu na malha fina do Banco Central. O órgão identificou irregularidades na transferência do atacante Careca Bianchesi para a Atalanta, da Itália, em 1991, um ano antes de a parceria com a empresa ser concretizada.
O Palmeiras já foi condenado em processo administrativo a pagar uma multa de cerca de US$ 100 mil e recorreu. O recurso será julgado na semana que vem pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, órgão atrelado ao Ministério da Fazenda.
O recurso fez o BC avançar nas investigações sobre jogadores vendidos pelo clube e chegar à era Parmalat. Foram encontradas irregularidades em transferências de atletas como Roberto Carlos e Mazinho. Os casos foram juntados ao relatório sobre Bianchesi.
Esses processos não estão relacionados às compras de jogadores no exterior pela Parmalat, também investigadas pelo BC, como revelou a Folha ontem.
Tanto no caso dos atletas que chegaram ao clube como no dos que saíram o problema é o fato de pelo menos parte do dinheiro não ter entrado no país.
Sobre Bianchesi, o clube só não conseguiu comprovar a chegada ao Brasil de aproximadamente US$ 100 mil. Ele foi vendido por US$ 1,7 milhão ao Atalanta.
A maioria dos dirigentes palmeirenses evita falar sobre o assunto. O departamento jurídico do clube diz não ter informações sobre o caso envolvendo Bianchesi. Declara que só o escritório Mattos Filho pode explicar a situação. A Folha telefonou ontem para falar com os advogados responsáveis, mas foi informada de que eles só estariam no escritório na próxima segunda-feira.
Gilberto Cipullo, que foi diretor de futebol da parceria entre 1991 e 1996, afirma que todas as operações foram feitas dentro da lei.
Antonio Carlos Corcione, assessor do presidente do Palmeiras, Affonso della Monica, diz que o clube possui todos os documentos que comprovam que as negociações de Bianchesi e dos outros jogadores foram legais. "Não tenho detalhes sobre a defesa, mas sei que os advogados apresentaram tudo o que foi pedido pelas autoridades", afirmou ele.
Porém nem todos os argumentos foram aceitos. Segundo um conselheiro do clube, que pediu para não ser identificado, a defesa não conseguiu provar a entrada no país do dinheiro destinado ao pagamento da comissão de um intermediário que participou da negociação de Bianchesi.
A multa é exatamente igual ao valor que seria dado ao empresário. Em conversas reservadas, diretores da equipe afirmam que, mesmo se a punição for mantida no caso do atacante, o resultado não será considerado ruim.
Se não tivesse comprovado a entrada de nenhum centavo no país, poderia ser multado em R$ 1,7 milhão, valor total da negociação com o Atalanta.
As investigações do BC e o julgamento do recurso tomaram parte da reunião feita pela cúpula palmeirense ontem, inicialmente só para planejar o trabalho da nova comissão técnica, comandada por Paulo Bonamigo.
Preocupados com a possibilidade multa, os dirigentes telefonaram para um dos advogados que prepararam a defesa e pediram detalhes sobre o caso.
O órgão que julgará o Palmeiras condenou o São Paulo, em janeiro, a pagar multa de US$ 840 mil. A pena foi por irregularidades na venda de sete atletas.


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