São Paulo, sábado, 23 de abril de 2005

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Grafite diz que acionará Desábato

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Grafite se decidiu. Depois de estudar não levar à frente o processo por injúria grave contra o argentino Leandro Desábato, o são-paulino descartou a idéia.
Ontem à noite, o jogador confirmou à Folha que dará queixa-crime contra o zagueiro do Quilmes.
"Espero me reencontrar com a delegação do São Paulo e falar com o jurídico para tomar as providências", afirmou o atacante. Ele antecipou que as medidas judiciais só serão tomadas depois do jogo de quarta-feira pela seleção brasileira, contra a Guatemala, no Pacaembu, quando estreará pelo time nacional.
A opção do atacante contraria o que era considerado uma tendência tanto por pessoas ligadas a ele quanto por parte do corpo jurídico do São Paulo: esquecer o caso.
Na última terça-feira, Grafite dissera, por meio da assessoria de imprensa do clube, que havia a possibilidade de não tomar nenhuma medida jurídica contra o argentino, fato que foi ratificado pelo gerente jurídico são-paulino, José Edgard Galvão Machado, para quem o atacante já havia perdoado o adversário.
Anteontem, essa ainda era a tendência. Eduardo Sorrentino, amigo do atacante e testemunha do caso, afirmou que a intenção era "abafar o caso".
Segundo ele, a repercussão está prejudicando Grafite. "Agora, estamos pensando na seleção. Esse menino precisa estar com a cabeça boa para poder jogar bola, para evitar [superar] um monte de problemas, como o seqüestro da mãe. Eliminamos um problema, agora vem outro", afirmou Sorrentino anteontem, após declarar que o início da acusação surgiu de um entendimento entre o delegado Osvaldo Nico Gonçalves e a diretoria são-paulina -versão que foi negada por Grafite.
"Muita gente deu palpite por mim", declarou o jogador, sobre as informações que circularam desde a última terça-feira.
Como o crime de que Desábato é acusado é processado por ação penal privada, o início do processo depende do ofendido, que tem um prazo de seis meses (já correndo há dez dias) para começar o processo. A injúria grave por ofensas raciais, delito previsto no parágrafo terceiro do artigo 140 do Código Penal, tem pena de um a três anos de reclusão e multa.
Na quarta-feira retrasada, quando o São Paulo bateu o Quilmes por 3 a 1 no Morumbi, Grafite acusou Desábato de tê-lo ofendido no final do primeiro tempo.
Após o jogo, o delegado Gonçalves prendeu o argentino no campo. Desábato passou 36 horas detido e só foi liberado mediante o pagamento de fiança de R$ 10 mil, acompanhado da assinatura de um termo no qual se comprometeu a voltar ao Brasil em 30 dias.


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