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Grafite diz que acionará Desábato
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Grafite se decidiu. Depois de estudar não levar à frente o processo por injúria grave contra o argentino Leandro Desábato, o são-paulino descartou a idéia.
Ontem à noite, o jogador confirmou à Folha que dará queixa-crime contra o zagueiro do Quilmes.
"Espero me reencontrar com a
delegação do São Paulo e falar
com o jurídico para tomar as providências", afirmou o atacante.
Ele antecipou que as medidas judiciais só serão tomadas depois
do jogo de quarta-feira pela seleção brasileira, contra a Guatemala, no Pacaembu, quando estreará
pelo time nacional.
A opção do atacante contraria o
que era considerado uma tendência tanto por pessoas ligadas a ele
quanto por parte do corpo jurídico do São Paulo: esquecer o caso.
Na última terça-feira, Grafite
dissera, por meio da assessoria de
imprensa do clube, que havia a
possibilidade de não tomar nenhuma medida jurídica contra o
argentino, fato que foi ratificado
pelo gerente jurídico são-paulino,
José Edgard Galvão Machado, para quem o atacante já havia perdoado o adversário.
Anteontem, essa ainda era a
tendência. Eduardo Sorrentino,
amigo do atacante e testemunha
do caso, afirmou que a intenção
era "abafar o caso".
Segundo ele, a repercussão está
prejudicando Grafite. "Agora, estamos pensando na seleção. Esse
menino precisa estar com a cabeça boa para poder jogar bola, para
evitar [superar] um monte de
problemas, como o seqüestro da
mãe. Eliminamos um problema,
agora vem outro", afirmou Sorrentino anteontem, após declarar
que o início da acusação surgiu de
um entendimento entre o delegado Osvaldo Nico Gonçalves e a diretoria são-paulina -versão que
foi negada por Grafite.
"Muita gente deu palpite por
mim", declarou o jogador, sobre
as informações que circularam
desde a última terça-feira.
Como o crime de que Desábato
é acusado é processado por ação
penal privada, o início do processo depende do ofendido, que tem
um prazo de seis meses (já correndo há dez dias) para começar o
processo. A injúria grave por
ofensas raciais, delito previsto no
parágrafo terceiro do artigo 140
do Código Penal, tem pena de um
a três anos de reclusão e multa.
Na quarta-feira retrasada,
quando o São Paulo bateu o Quilmes por 3 a 1 no Morumbi, Grafite
acusou Desábato de tê-lo ofendido no final do primeiro tempo.
Após o jogo, o delegado Gonçalves prendeu o argentino no campo. Desábato passou 36 horas detido e só foi liberado mediante o
pagamento de fiança de R$ 10 mil,
acompanhado da assinatura de
um termo no qual se comprometeu a voltar ao Brasil em 30 dias.
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