São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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COPA 2006

Finalista da 1ª Copa prevê apuro ao Brasil

Francisco Varallo, argentino que esteve na decisão em 1930, diz que favorito sempre sofre com pressão

Anos de Copa do Mundo despertam sensações paradoxais em Francisco Varallo.
Por um lado, o fato de o esporte pelo qual é apaixonado ficar em evidência traz alegria. O campeonato, contudo, sempre ressuscita fantasmas que ele já gostaria de ter esquecido.
Aos 96 anos, o ex-atacante é o único vivo dentre os que disputaram a final do primeiro Mundial da Fifa.
O calendário marcava 30 de julho de 1930. Sua Argentina saiu na frente, mas sucumbiu aos uruguaios, que jogavam em casa. "Como posso não lembrar daquele 4 a 2? Foi a derrota mais dolorida que sofri em toda a minha vida."
Varallo acredita que seu time era o melhor da época, o mais bem preparado, mesma condição atribuída agora ao elenco que Carlos Alberto Parreira comanda. Assim, o ex-atleta gosta de rememorar situações que podem servir como alerta para o selecionado brasileiro que vai à Alemanha.
"Lembro que, após o primeiro jogo da Copa de 30, contra a França, a torcida atirou até pedra na gente. Já sabiam que nós poderíamos acabar como campeões. Claro que hoje em dia ninguém vai fazer isso. Mas a pressão será imensa. Atrapalha muito."
A medalha de prata que ganhou no primeiro Mundial foi roubada anos atrás. Não era tão importante, diz Varallo, como os títulos que obteve pelo Boca Juniors, clube no qual cumpriu sua carreira como profissional. Lá, ergueu a taça do Nacional em quatro oportunidades -1929, 31, 34 e 35. Marcou 181 gols.
Já a trajetória na seleção Argentina, iniciada naquele fatídico 1930, durou sete anos. A glória máxima ocorreu no Sul-Americano de 37, quando seu escrete terminou como campeão.
Por duas vezes, o Brasil cruzou o seu caminho no certame -uma delas na decisão. E, em ambas, Varallo jogou bem e contribuiu para o triunfo de seus companheiros. "Lembro que um zagueiro chamado Jaú judiou de minhas canelas. Como batia aquele homem! Mas não tinha jeito, éramos muito superiores. Naqueles tempos, a seleção brasileira não era essa potência que é hoje."


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