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FUTEBOL
Está tudo contaminado
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Do alto de sua sabedoria, o
professor da USP Gabriel
Cohn cravou: "Sociólogo no Brasil que não tiver os fundilhos das
calças puídas pelas arquibancadas não entenderá este país".
De fato. Com apoio e o carinho
de Lula, Ricardo Teixeira quer
dominar a CBF até 2015, com o
que completará nada menos que
26 anos no poder.
Já o principal concorrente de
Lula, Geraldo Alckmin, saiu na
capa da revisteca da Federação
Paulista de Futebol numa edição
fartamente agraciada com anúncios da "Nossa (deles) Caixa".
A FPF é presidida por Marco
Pólo Del Nero, representante do
reverendo Moon no Brasil.
O filho de Del Nero trabalha na
estatal que controla o porto de
Santos, sob as ordens do petista
Mauro Marques, vice-presidente
da FPF, que levou Lula à festa da
entidade e está fartamente contemplado pelo relatório da Kroll
sobre as estripulias de uma tal
Tecnosistemi, ex-braço da TIM.
Estranha união, portanto, entre
petistas, tucanos, a guerra das teles, Moon e a Opus Dei.
No meio do campo, o futebol. E
a Copa do Mundo no Brasil.
Copa que Joseph Blatter, presidente da Fifa, vê ameaçada pela
falta de bons estádios no país. E
que admite possa vir a ser realizada na América do Norte, não na
do Sul, como parecia garantido.
Mais exatamente no Canadá.
Teixeira, que não faz da sutileza sua maior característica, nem
chiou. Ao contrário, agradeceu o
alerta e acrescentou que precisaremos construir novos estádios,
algo que os italianos não fizeram,
em 1990, nem os norte-americanos, em 1994, nem os franceses (fizeram um), em 1998.
Blatter pode ter apenas acenado com uma hipótese de negociação ao seu colega brasileiro, que
quer sucedê-lo nas eleições da Fifa, marcadas para 2007. "Te dou
a Copa e tu me dás sossego" ou "se
queres a Copa, tens de abrir mão
da Fifa, porque podes ficar sem
uma coisa nem outra".
Suposições, registre-se.
Mas tudo é muito emblemático
no futebol.
Quem aproximou Lula de Ricardo Teixeira, ainda quando o
primeiro era candidato à presidência da República, foi Duda
Mendonça, que os botou em contato telefônico para que o primeiro cumprimentasse o segundo pela conquista do penta.
Cobrado pela aproximação, Lula negou. Era, no entanto, só mais
uma de suas mentiras.
Por conta da AmBev, outro publicitário, Nizan Guanaes, encarregou-se de completar o serviço
do conterrâneo Mendonça, já
com Lula na presidência.
E lá foi a seleção brasileira jogar
no Haiti, Timemania etc e tal.
O mundo dá voltas.
A promotora de eventos de
Fernando Henrique Cardoso, Bia
Aydar, que na primeira campanha de FHC, e sob orientação
dele, colocou Ricardo Teixeira escondido atrás de uma coluna do
salão de festas do Pinheiros por
ocasião do "Almoço dos Esportistas", hoje organiza promoções da
CBF.
Futebol, teles, agências de
propaganda, estádios/empreiteiras, religiões, política, tudo se mistura.
Por quê?
Por que, após tanto tempo, a Polícia Federal não concluiu o inquérito
pedido pelo Ministério Público Federal sobre a MSI? A estranheza é
maior diante do que foi apurado pelo Ministério Público Estadual.
De novo, por quê?
Por que o Tribunal de Ética da OAB-Campinas está sentado há anos
sobre o processo de expulsão de Artur Eugenio Mathias, com forte
influência no Guarani, dono de um infame portal sobre o futebol interiorano, sentenciado à prisão por formação de quadrilha e ainda
em atividade como advogado?
Enfim, bola
O jogo de hoje é no Mineirão: Cruzeiro x Grêmio. Prova de fogo.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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