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JUCA KFOURI
Um San-São que não se imaginava
Santos e São Caetano vão decidir um campeonato que se esvazia cada vez mais e só premia o inusitado
O
SANTOS já devia ter o título de
campeão paulista e corre
agora o risco de perdê-lo graças aos caprichos do mata-mata, que
o beneficiou, diga-se, em 2002, no
Campeonato Brasileiro.
Risco remoto, mas risco.
Basta ver como foi difícil segurar o
0 a 0 em 180 minutos de embate
com o Bragantino, num jogo em que
se alguém mereceu vencer este foi o
time do interior.
Claro que a vaga na final é incontestável pela campanha do Santos,
que, além do mais, desperdiçou um
pênalti com Cléber Santana (que
mostrou desconhecer a regra ao pegar o rebote de sua cobrança na trave), mas se não fosse por Fábio Costa, e o travessão, a final do Paulista
seria entre os dois pequenos.
Pela segunda vez Zé Roberto não
jogou o que dele se esperava e, de
maneira incompreensível, Vanderlei Luxemburgo chamou o Bragantino para o campo do Santos, ao trocar
um meio campista por um zagueiro,
prova de que a chuva que castigou o
gramado do Morumbi afetou também a visão do treinador, que passou a dar palpites até sobre o sistema
de drenagem do estádio do São Paulo, esquecido de que tinha um time
para comandar.
Menos mal que o Santos chegou
lá, porque seria uma tremenda injustiça vê-lo fora da decisão graças à
besteira de se misturar fórmulas incompatíveis entre si.
Mas está no regulamento, como
está o direito de escolha dos locais
das finais entregue à FPF.
Seria ótimo, aliás, se a entidade
abrisse mão da prerrogativa e deixasse aos dois clubes que escolhessem onde preferem jogar.
Será que cada um preferiria atuar
em sua casa, no acanhado Anacleto
Campanella e na Vila Belmiro?
Abririam mão das rendas que o
Morumbi pode proporcionar?
Só vendo para crer.
Do ponto de vista técnico, fica óbvio que não teremos a melhor final,
porque o São Paulo ficou fora.
O que, de resto, poderá ser valioso
para sua campanha na Libertadores,
numa visão, digamos, Poliana.
Porque o Grêmio, por exemplo,
depois de mais uma atuação épica
para chegar à decisão do Campeonato Gaúcho, simplesmente perdeu
Lucas, sabe-se lá com que conseqüências na dura partida que fará
contra o Cerro Porteño, amanhã, no
Olímpico, em Porto Alegre.
Já o Santos, depois do desgastante
susto de ontem, terá de continuar a
se equilibrar entre as duas competições, sem o conforto de poder ser
surpreendido em nenhum jogo de
nenhuma delas, porque perder uma
partida agora significa bem mais que
perder uma partida, mas um título.
O fato é que o Campeonato Paulista termina com sabor de frustração e
objeto de piada.
Não teria sido melhor oferecer
uma taça ao campeão da capital do
que ao do interior?
Enfim, mata-mata, como se sabe,
nem sempre privilegia o melhor, razão pela qual até o Corinthians pode
sonhar com a Copa do Brasil.
E as decisões estaduais mais animadas se darão em Minas e no Rio.
BINGO!
Primeiro houve uma CPI dos
Bingos, que serviu apenas para desmoralizar os deputados que dela
participaram, ainda no governo
FHC.
Depois, por causa dos bingos,
caiu o ministro de Turismo e Esporte, Rafael Greca.
Em seguida, na primeira fissura
moral do governo Lula, houve o
episódio Waldomiro Diniz.
E, agora, outro escândalo, que
atinge também o Poder Judiciário,
como era inevitável.
O que falta mais para acabar com
os bingos, fonte inesgotável de corrupção entre seus banqueiros, políticos, magistrados, policiais, federações e clubes esportivos, estes últimos muito mais prejudicados do
que auxiliados pela jogatina?
blogdojuca@uol.com.br
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