São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2007

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JUCA KFOURI

Um San-São que não se imaginava

Santos e São Caetano vão decidir um campeonato que se esvazia cada vez mais e só premia o inusitado

O SANTOS já devia ter o título de campeão paulista e corre agora o risco de perdê-lo graças aos caprichos do mata-mata, que o beneficiou, diga-se, em 2002, no Campeonato Brasileiro.
Risco remoto, mas risco.
Basta ver como foi difícil segurar o 0 a 0 em 180 minutos de embate com o Bragantino, num jogo em que se alguém mereceu vencer este foi o time do interior.
Claro que a vaga na final é incontestável pela campanha do Santos, que, além do mais, desperdiçou um pênalti com Cléber Santana (que mostrou desconhecer a regra ao pegar o rebote de sua cobrança na trave), mas se não fosse por Fábio Costa, e o travessão, a final do Paulista seria entre os dois pequenos.
Pela segunda vez Zé Roberto não jogou o que dele se esperava e, de maneira incompreensível, Vanderlei Luxemburgo chamou o Bragantino para o campo do Santos, ao trocar um meio campista por um zagueiro, prova de que a chuva que castigou o gramado do Morumbi afetou também a visão do treinador, que passou a dar palpites até sobre o sistema de drenagem do estádio do São Paulo, esquecido de que tinha um time para comandar.
Menos mal que o Santos chegou lá, porque seria uma tremenda injustiça vê-lo fora da decisão graças à besteira de se misturar fórmulas incompatíveis entre si.
Mas está no regulamento, como está o direito de escolha dos locais das finais entregue à FPF.
Seria ótimo, aliás, se a entidade abrisse mão da prerrogativa e deixasse aos dois clubes que escolhessem onde preferem jogar.
Será que cada um preferiria atuar em sua casa, no acanhado Anacleto Campanella e na Vila Belmiro?
Abririam mão das rendas que o Morumbi pode proporcionar?
Só vendo para crer.
Do ponto de vista técnico, fica óbvio que não teremos a melhor final, porque o São Paulo ficou fora.
O que, de resto, poderá ser valioso para sua campanha na Libertadores, numa visão, digamos, Poliana.
Porque o Grêmio, por exemplo, depois de mais uma atuação épica para chegar à decisão do Campeonato Gaúcho, simplesmente perdeu Lucas, sabe-se lá com que conseqüências na dura partida que fará contra o Cerro Porteño, amanhã, no Olímpico, em Porto Alegre.
Já o Santos, depois do desgastante susto de ontem, terá de continuar a se equilibrar entre as duas competições, sem o conforto de poder ser surpreendido em nenhum jogo de nenhuma delas, porque perder uma partida agora significa bem mais que perder uma partida, mas um título.
O fato é que o Campeonato Paulista termina com sabor de frustração e objeto de piada.
Não teria sido melhor oferecer uma taça ao campeão da capital do que ao do interior?
Enfim, mata-mata, como se sabe, nem sempre privilegia o melhor, razão pela qual até o Corinthians pode sonhar com a Copa do Brasil.
E as decisões estaduais mais animadas se darão em Minas e no Rio.

BINGO!
Primeiro houve uma CPI dos Bingos, que serviu apenas para desmoralizar os deputados que dela participaram, ainda no governo FHC.
Depois, por causa dos bingos, caiu o ministro de Turismo e Esporte, Rafael Greca.
Em seguida, na primeira fissura moral do governo Lula, houve o episódio Waldomiro Diniz.
E, agora, outro escândalo, que atinge também o Poder Judiciário, como era inevitável.
O que falta mais para acabar com os bingos, fonte inesgotável de corrupção entre seus banqueiros, políticos, magistrados, policiais, federações e clubes esportivos, estes últimos muito mais prejudicados do que auxiliados pela jogatina?
blogdojuca@uol.com.br


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