São Paulo, sábado, 23 de abril de 2011

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Ex-soldado do tráfico quer ser o novo Adriano

DO RIO

"Vapor" (vendedor de drogas) do tráfico da Vila Cruzeiro até o ano passado, o meia Ederson Manso, o Baby, deixou o fuzil de lado pouco antes da ocupação da favela pelo Exército. Parou de consumir drogas e, desde então, tenta realizar o sonho de ser jogador.
Em novembro do ano passado, teve a sua carteira de trabalho assinada pela primeira vez. Com um salário de R$ 600 mensais, Baby foi contratado pelo Bonsucesso e é um dos destaques do time de juniores.
"Sei que estava do lado errado. Já vi muita loucura na minha vida, mas agora só penso em dar alegria para a minha família", diz.
"O futebol sempre foi o meu lance", completa o meia de 19 anos, pouco antes de entrar em campo para mais um jogo do campeonato na ensolarada tarde de quarta em Bonsucesso.
Por quase dois anos, Baby dava plantão diariamente na entrada da favela armado com um fuzil e uma pistola e vendia cocaína durante 12 horas.
"Infelizmente, aquela era a oportunidade mais fácil de se ganhar dinheiro. Por isso, eu e muitos amigos entramos para o tráfico", conta o meia, que recebia cerca de R$ 50 por dia e fumava "muita maconha".
Ele diz que já trocou tiro com traficantes rivais, mas faz questão de deixar claro que nunca matou ninguém.
Ex-soldado de uma das facções mais armadas e violentas do Rio de Janeiro, o jogador conta que não encontrou dificuldade para deixar o tráfico.
"Ninguém me encheu o saco para ficar. Com a ajuda da minha namoradora e de Deus, disse aos chefes que queria mudar de vida e segui o meu caminho", lembra Baby, que ainda mora na comunidade e aprova a pacificação da região.
"Agora, quero saber apenas de jogar bola e ser o novo Adriano da Vila Cruzeiro", acrescenta o meia, que nasceu na mesma favela da principal contratação do Corinthians. (SR)


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