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FUTEBOL
Sem chances de ir ao Mundial interclubes, em Tóquio, torcida muda refrão para pedir permanência do técnico
Fãs de Scolari trocam "Japão" por "coração"
DA REPORTAGEM LOCAL
A lua-de-mel entre a torcida do
Palmeiras e o técnico Luiz Felipe
Scolari sobreviveu à derrota da
equipe na Libertadores, anteontem à noite, para o Boca Juniors.
Ontem, apesar da perda do bicampeonato do torneio sul-americano, cerca de 300 palmeirenses
pediram a permanência de Scolari no Parque Antarctica.
No refrão que simbolizou o desejo da torcida palmeirense na
continuidade do trabalho do técnico gaúcho, os torcedores fizeram uma alteração.
O anterior "Fica, Felipão, no fim
do ano, nós vamos para o Japão"
foi substituído por "Fica, Felipão,
você está no nosso coração".
Ainda na madrugada de ontem,
momentos após a derrota nos pênaltis, dezenas de palmeirenses
foram recepcionar a delegação no
Centro de Treinamento da equipe, onde os jogadores foram buscar seus carros.
Com fogos de artifícios, os torcedores saudaram os vice-campeões da América.
As manifestações da torcida
palmeirense emocionaram até a
diretoria do clube.
"Queria agradecer à torcida pelo apoio que nos deu. Eles nos
consolaram, e isso é muito bonito.
Esse é o verdadeiro torcedor, que,
mesmo com o coração amargurado, apóia o time", disse Sebastião
Lapola, diretor de futebol.
Na segunda-feira, o técnico virou unanimidade até na Mancha
Alviverde, que havia determinado
o fim da "era Scolari" no Palmeiras após a perda do Mundial interclubes para o Manchester United, em Tóquio.
O líder da maior uniformizada
palmeirense, Paulo Serdan, pediu
desculpas públicas ao técnico.
"Ele tem seu valor. Queremos que
ele fique no time", reconheceu o
ex-presidente da Mancha.
Na opinião de Scolari, o apoio
dos torcedores terá papel fundamental para ajudar a levantar o
astral da equipe.
"Foi uma manifestação importante para o grupo, serviu para tirar um pouco o peso da derrota. É
o reconhecimento de um trabalho, fico satisfeito", afirmou ontem Scolari, que, apesar dos insistentes pedidos dos palmeirenses,
deve deixar o clube após o término da Copa do Brasil.
Para o técnico, sua principal
missão, a partir de agora, será reanimar os jogadores para a partida
contra o São Paulo, amanhã, no
estádio do Morumbi.
"Perder a Libertadores não foi
uma decepção para mim, faz parte. Claro que a gente tinha chance
de ganhar, mas não tivemos qualidades para ganhar do Boca nos
pênaltis. O time sentiu muito, isso
abalou os jogadores. É difícil recuperar o ânimo em dois dias, mas
minha função é estimulá-los, porque o jogo com o São Paulo é importante", disse o treinador.
Scolari ressaltou que o maior
objetivo do clube é voltar à Libertadores. "Se tivéssemos vencido o
jogo de ontem (anteontem), estaríamos garantido. Estávamos a
uma partida da Libertadores de
2001. Agora, estamos a seis", afirmou, referindo-se ao número de
jogos que o Palmeiras terá que fazer para ser campeão da Copa do
Brasil, torneio que garante a seu
vencedor uma vaga no mais importante torneio de clubes da
América do Sul.
Para o goleiro Marcos, a equipe
sentirá os efeitos da derrota na Libertadores. "Não dá para esquecer assim, de um dia para o outro,
a derrota na Libertadores."
O atacante Euller, que só fica no
clube se o Palmeiras comprar seu
passe da Parmalat, discorda de
Marcos. "O time é maduro. O jogo contra o Boca não terá influência negativa", disse.
Após o jogo de amanhã, São
Paulo e Palmeiras voltam a se enfrentar na terça, desta vez no Parque Antarctica. O vencedor da
disputa pegará o Atlético-MG nas
semifinais.
(FERNANDO MELLO E FÁBIO VICTOR)
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