São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2000


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FUTEBOL
Sem chances de ir ao Mundial interclubes, em Tóquio, torcida muda refrão para pedir permanência do técnico
Fãs de Scolari trocam "Japão" por "coração"

DA REPORTAGEM LOCAL

A lua-de-mel entre a torcida do Palmeiras e o técnico Luiz Felipe Scolari sobreviveu à derrota da equipe na Libertadores, anteontem à noite, para o Boca Juniors.
Ontem, apesar da perda do bicampeonato do torneio sul-americano, cerca de 300 palmeirenses pediram a permanência de Scolari no Parque Antarctica.
No refrão que simbolizou o desejo da torcida palmeirense na continuidade do trabalho do técnico gaúcho, os torcedores fizeram uma alteração.
O anterior "Fica, Felipão, no fim do ano, nós vamos para o Japão" foi substituído por "Fica, Felipão, você está no nosso coração".
Ainda na madrugada de ontem, momentos após a derrota nos pênaltis, dezenas de palmeirenses foram recepcionar a delegação no Centro de Treinamento da equipe, onde os jogadores foram buscar seus carros.
Com fogos de artifícios, os torcedores saudaram os vice-campeões da América.
As manifestações da torcida palmeirense emocionaram até a diretoria do clube.
"Queria agradecer à torcida pelo apoio que nos deu. Eles nos consolaram, e isso é muito bonito. Esse é o verdadeiro torcedor, que, mesmo com o coração amargurado, apóia o time", disse Sebastião Lapola, diretor de futebol.
Na segunda-feira, o técnico virou unanimidade até na Mancha Alviverde, que havia determinado o fim da "era Scolari" no Palmeiras após a perda do Mundial interclubes para o Manchester United, em Tóquio.
O líder da maior uniformizada palmeirense, Paulo Serdan, pediu desculpas públicas ao técnico. "Ele tem seu valor. Queremos que ele fique no time", reconheceu o ex-presidente da Mancha.
Na opinião de Scolari, o apoio dos torcedores terá papel fundamental para ajudar a levantar o astral da equipe.
"Foi uma manifestação importante para o grupo, serviu para tirar um pouco o peso da derrota. É o reconhecimento de um trabalho, fico satisfeito", afirmou ontem Scolari, que, apesar dos insistentes pedidos dos palmeirenses, deve deixar o clube após o término da Copa do Brasil.
Para o técnico, sua principal missão, a partir de agora, será reanimar os jogadores para a partida contra o São Paulo, amanhã, no estádio do Morumbi.
"Perder a Libertadores não foi uma decepção para mim, faz parte. Claro que a gente tinha chance de ganhar, mas não tivemos qualidades para ganhar do Boca nos pênaltis. O time sentiu muito, isso abalou os jogadores. É difícil recuperar o ânimo em dois dias, mas minha função é estimulá-los, porque o jogo com o São Paulo é importante", disse o treinador.
Scolari ressaltou que o maior objetivo do clube é voltar à Libertadores. "Se tivéssemos vencido o jogo de ontem (anteontem), estaríamos garantido. Estávamos a uma partida da Libertadores de 2001. Agora, estamos a seis", afirmou, referindo-se ao número de jogos que o Palmeiras terá que fazer para ser campeão da Copa do Brasil, torneio que garante a seu vencedor uma vaga no mais importante torneio de clubes da América do Sul.
Para o goleiro Marcos, a equipe sentirá os efeitos da derrota na Libertadores. "Não dá para esquecer assim, de um dia para o outro, a derrota na Libertadores."
O atacante Euller, que só fica no clube se o Palmeiras comprar seu passe da Parmalat, discorda de Marcos. "O time é maduro. O jogo contra o Boca não terá influência negativa", disse.
Após o jogo de amanhã, São Paulo e Palmeiras voltam a se enfrentar na terça, desta vez no Parque Antarctica. O vencedor da disputa pegará o Atlético-MG nas semifinais. (FERNANDO MELLO E FÁBIO VICTOR)


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