São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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ATLETISMO

Tim Montgomery, dos 100 m, usa substâncias proibidas há quatro anos, relata agência antidoping dos EUA

Recordista mundial é acusado de usar coquetel de drogas

DA REPORTAGEM LOCAL

Se quiser se alinhar na pista de Atenas para buscar o ouro olímpico, Tim Montgomery, detentor do recorde mundial dos 100 m, terá de refutar uma série de evidências que o colocam no centro do escândalo de doping nos EUA.
Documentos da Usada (agência antidoping do país) mostram que o velocista usou um coquetel com cinco substâncias proibidas, entre elas EPO, hormônio de crescimento e insulina, a partir de 2000.
Montgomery é dono do recorde da prova mais rápida do atletismo desde setembro de 2002 (9s78).
As evidências contra ele ainda incluem amostras de urina e sangue do atleta que teriam testado positivo para doping, anotações a mão sobre vários esteróides, calendários com ciclos de uso de substâncias, pagamentos de laboratórios e correspondências.
"As provas são insuficientes. Mas a suspeita já é suficiente para acabar com a reputação de qualquer atleta", disse a advogada de Montgomery, Cristina Arguedas.
As evidências foram compiladas em cartas enviadas em 7 de junho a Montgomery e a outros três atletas americanos suspeitos (Chryste Gaines, bicampeã olímpica do revezamento 4 x 100 m, Michelle Collins, campeã mundial indoor dos 200 m em 2003, e Alvin Harrison, medalha de prata nos 400 m rasos em Sydney-2000). O conteúdo delas foi publicado na edição de ontem do diário "Los Angeles Times".
A resposta às cartas era aguardada até sexta. A Usada, no entanto, não informou se as recebeu. A agência quer marcar reunião nesta semana para discutir os casos.
A agência antidoping afirmou ainda que, além das provas materiais, possui o depoimento de uma pessoa não identificada que teria ouvido Montgomery admitir o uso do esteróide THG.
Tim Montgomery, 29, é suspeito de ter feito parte de um projeto batizado de Recorde Mundial. O plano, iniciado no fim de 2000, visava transformá-lo em um atleta fora do comum e foi elaborado por cinco pessoas, entre elas o técnico canadense Charlie Francis, de Ben Johnson, ex-recordista mundial dos 100 m e banido do esporte por uso de doping.
A ingestão do THG faria parte do programa. O produto teria sido fornecido pela empresa Balco, que sintetiza o esteróide, e foi pivô do escândalo nos EUA.
A descoberta da substância, no fim do ano passado, serviu de estopim para virem à tona uma série de casos envolvendo atletas dos EUA, que formam a equipe com maior número de medalhas no atletismo em Olimpíadas.
Na tentativa de "limpar" o nome do esporte do país, o governo americano, o comitê olímpico nacional e a Usada iniciaram uma série de investigações.
Um dos resultados foi a suspensão por dois anos da velocista Kelli White, que não havia sido flagrada em exame antidoping. A ação foi baseada em evidências e na confissão da atleta.
As investigações também apontaram para Marion Jones. Dona de três ouros em Sydney-2000, a principal atleta dos EUA é suspeita de ter ligações com a Balco.
A velocista, mulher de Montgomery, passou até por um detector de mentiras para provar inocência. Foi absolvida pelo aparelho, mas segue na mira da Usada.


Com agências internacionais

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