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Torcida grita "olé" pela 1ª vez
Goleada faz brasileiros criarem coro em Dortmund, além de exaltarem performance de Ronaldo
Japoneses, que invadiram as lojas antes do jogo, ditam a festa no 1º tempo e não deixam de cantar mesmo com o revés e a eliminação
DOS ENVIADOS A DORTMUND
No início do jogo, o Estádio
de Dortmund, com 65 mil torcedores, estava dividido. Mas
os japoneses, que dominaram
as lojas do entorno do estádio,
cantavam mais do que os brasileiros, que arriscavam sambas.
"Nippon, Nippon" foi o grito
mais entoado de todo o primeiro tempo, especialmente quando a seleção japonesa abriu o
placar. A torcida brasileira, por
sua vez, passou a maior parte
do tempo silenciosa.
No decorrer da segunda etapa, com a virada, os fãs da seleção se soltaram. Um grupo
exaltou os primeiros gols de
Ronaldo, com um "Ih, fodeu,
Ronaldo emagreceu".
Outro preferiu adaptar um
samba do Salgueiro: "É lindo o
meu Brasil, contagiando e sacudindo esta cidade...".
Mas a novidade, e o mais
marcante, pelo menos para a
seleção brasileira, foi que pela
primeira vez na Copa da Alemanha as arquibancadas gritaram "olé" a cada toque de bola
dos comandados do técnico
Carlos Alberto Parreira.
A festa, que incluiu japoneses, que, apesar da derrota, seguiam cantando, tornou-se
quase um coro uníssono com
um "sou brasileiro, com muito
orgulho e muito amor" que tomou o Estádio de Dortmund.
Mesmo eliminados do Mundial sem vencer, os japoneses,
que terão de esperar ao menos
mais quatro anos para a próxima Copa, na África do Sul, em
2010, não pararam de gritar.
O clima dentro da arena foi
reflexo do que ocorreu em seu
entorno antes do jogo.
"Está muito mais calmo do
que imaginávamos, felizmente", declarou o comissário Thomas Richlewski, chefe da tropa
policiais, que reuniu mais de
300 agentes.
A polícia, inclusive, fez parte
da confraternização entre as
torcidas. Em meio à fila imensa
de veículos parada diante do estádio, eles, apesar de vestidos
para uma guerra, conversavam
tranqüilamente e se mostravam solícito a cada pedido de
torcedores japoneses para mais
uma fotografia.
Além da gentileza, de sorrirem a cada flash, eles ainda distribuíam de presente aos fãs
broches com a inscrição "Polícia, Copa do Mundo 2006".
"A ordem é para sermos educados com todos. É o primeiro
passo para evitar a violência",
contou o comissário alemão.
Uniformizados com boinas,
coturnos e roupas verdes, que
escondem os coletes à prova de
balas, eles afirmavam que podiam se transformaram em
atração turística graças à falta
de trabalho, ou melhor, de confusão -no Mundial da Alemanha, a violência tem sido coisa
rara, e os problemas foram registrados somente com os hooligans ingleses e poloneses.
Mas não era só a polícia que
comemorava o clima festivo. Os
comerciantes também.
Nas lojas oficiais de suvenires do Mundial, os japoneses
faziam fila para gastar. E compravam muito. "Quando o Japão joga, é lucro certo", dizia a
vendedora Jahne Kuclovicz.
Ao contrário do que ocorreu
pouco depois, durante o primeiro tempo do jogo, fora do
estádio eram os brasileiros
quem mais cantavam, improvisando sambas e batucadas.
Era o início de um final feliz
para os torcedores japoneses e,
mais ainda, para os brasileiros.
(EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO
RANGEL)
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