São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006 |
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Clóvis Rossi Não falei?
A
QUINTA-FEIRA surpreendentemente
gelada de Dortmund, no dia de início oficial do verão no hemisfério
Norte, foi um desses raros
dias em que dá vontade de
dizer: "Eu não falei?".
Eu não falei que o "meu"
quadrado mágico era Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Kaká e Robinho? Foi
botá-los para jogar juntos
durante 70 minutos para
que a seleção produzisse
sua melhor atuação na Copa até agora e, mais do que
isso, uma das melhores nos
44 jogos já realizados.
Calma que eu não vou
babar na gravata, que, aliás,
não estou usando. Nem
vou ser convenientemente
esquecido e deixar de dizer
que escrevi que o "meu"
quadrado mágico poderia
ser tão bom ou melhor do
que o quadrado de 1970.
O time de ontem não
chegou a tanto, embora tenha oferecido alguns momentos de magia, um deles
(o do quarto gol, o mais bonito de todos) com a participação do que é, talvez, um
dos dois únicos jogadores
entre os titulares que não é
candidato a mágico: o zagueiro Juan (o outro é o
também zagueiro Lúcio).
Por que melhorou tanto?
Primeiro, porque Ronaldo jogou muito melhor.
Talvez jamais volte a ser o
"fenômeno", mas marcar
dois gols e ser eleito pela
Fifa o "homem do jogo" já é
um belo desempenho, especialmente para quem parecia condenado a ser mais
"gordo" que "fenômeno".
Segundo, porque Ronaldinho conseguiu, pela primeira vez, fazer a metade
das artes que lhe deram o
título de melhor jogador do
mundo: a arte da assistência aos companheiros, uma
chuva delas aliás. Uma delas, o toque na área para
Ronaldo chutar para fora,
foi nível Barcelona.
Terceiro, porque Juninho Pernambucano foi o
meia-armador, como se dizia antigamente, que o time não teve nos dois primeiros jogos. Tapou o buracão que ficava no meio-campo. Bastaria para justificar sua entrada, mas
ainda houve o gol, ainda
que com colaboração do
goleiro japonês, que foi mal
na bola.
Não foi, é verdade, o Juninho Pernambucano do
Lyon, mas já mudou a cara
do time. Para melhor.
Por fim, houve Robinho,
pena que limitado ao primeiro tempo.
Não foi o desempenho
ideal, mas é, com certeza, a
escalação ideal ou, no mínimo, a melhor que o Brasil
pode apresentar no momento.
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