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Neymar, 19
Jovem craque alcança quarta conquista no Santos, todas com raro brilho e protagonismo, e decreta ter feito história
DE SÃO PAULO
Do lado de fora do estádio,
uma fábrica de moicanos. Filas se aglomeravam em carro
que serviu de barbearia improvisada para disseminar o
penteado da moda: Neymar.
O craque de 19 anos levantou todo o Pacaembu antes
mesmo de tocar na bola. Se o
futebol dele sempre impressionou, seu currículo também parece não ter limites.
Nessa idade, talvez só Pelé
tenha alcançado ficha tão
impressionante -ele venceu
a Copa do Mundo de 1958
com apenas 17 anos.
Neymar, em pouco mais
de dois anos entre os profissionais do Santos, já conquistou dois Estaduais, uma
Copa do Brasil e, agora, a tão
desejada Libertadores.
Em todos os títulos, ele
sempre foi o protagonista.
Diferente do monstro Messi,
Robinho e Kaká, para citar
apenas três. Todos foram
campeões jovens, alguns
também antes 19 anos, mas
nenhum com o protagonismo e brilho de Neymar.
A torcida santista reconhece toda sua importância.
Bastou seu nome ser
anunciado que a euforia e o
otimismo se multiplicaram.
Em campo, o astro santista
foi reverenciado como talvez
nem Pelé em 1962 e 1963 nas
outras finais de Libertadores
com o Santos campeão -Pelé não atuou em São Paulo ou
Santos nessas decisões.
Na primeira chegada do
Santos ao ataque, Ganso serve o amigo Neymar, que arranca e prefere um passe.
O Peñarol também conhece o craque e faz a primeira
falta no atacante da seleção
brasileira. Nada de cai-cai,
como ensinou o Rei. Neymar
não enfeitou como em outras
partidas e se levantou logo.
"Levei tapa na cara, soco,
até puxaram meu cabelo",
revelaria mais tarde.
Logo no segundo minuto
do segundo tempo, a bola
veio da direita para um Neymar livre. O chute não foi forte, mas saiu com ligeira curva
que complicou para o complicado goleiro Sosa.
A rede mal havia balançado, e Neymar já partia para a
ponta esquerda para se ajoelhar e receber os abraços dos
companheiros. A jogada de
Pelé foi de Arouca, e a comemoração de Rei foi do 11.
Com os dezenas de moicanos felizes, Neymar enfeitou
pela primeira vez em campo,
num drible que antecedeu
uma finalização por cima do
gol. Pouco depois, um taquito em bom português na bola. A festa é quase toda dele.
Com o Peñarol mais aberto, Neymar aparece mais, vai
à linha de fundo, serve o amigo Zé Love, mas quem faz a
pintura santista é Danilo, um
golaço à la Neymar.
Neymar foi um desafogo
nos momentos de tensão. E
ainda mandou uma bola na
trave. Faltou pouco, como
falta pouco para o trono do
futebol mundial.
A América se rende a um
adolescente assim como a
Europa se rendeu a Messi.
Aos 21 anos, Pelé, extraoficialmente melhor jogador do
mundo e com já duas Copas
no currículo, marcou na decisão da Libertadores de 1962 e
consagrou o Santos internacionalmente de vez.
Aos 19 anos, Neymar, extraoficialmente um dos melhores do mundo sem ter ido
a uma Copa do Mundo ainda,
marcou na decisão da Libertadores de 2011 e voltou a
consagrar o Santos como
uma potência internacional.
"Eu fiz história. Seleção
brasileira, aquele abraço. Tô
chegando", riu o garoto ao
fim do jogo.
(RODRIGO BUENO)
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