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JUDÔ
Briga na tribuna mancha competição
Decisão dos juízes que deixou Érika Miranda com a prata se torna estopim para confronto entre brasileiros e cubanos
Medalhistas olímpicos Aurélio Miguel, Regla Torres e Teófilo Stevenson entram na confusão, que só acaba com ação da Força Nacional
LUÍS FERRARI
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Uma decisão dos juízes na final feminina até 52 kg do judô
no Pan-2007 provocou confusão e violência nas arquibancadas e na tribuna de honra na
arena do Riocentro. Dirigentes
e árbitro do Brasil admitiram
que isso manchou o evento.
O protesto da torcida, que arremessou objetos no tatame,
desencadeou uma briga na tribuna entre cubanos e brasileiros, que envolveu ex-campeões
olímpicos de cada país.
A confusão começou com a
punição dada pelo árbitro dominicano Juan Chalas à brasileira Érika Miranda, que decidiu o ouro em favor da cubana
Sheila Espinoza.
A partir daí, a torcida vaiou.
Enquanto saía do tatame, o técnico cubano Ronaldo Veitilla
dava socos no ar em direção à
torcida brasileira. E a técnica
brasileira Rosicléia Campos
protestava contra os juízes.
A torcida passou a jogar copos e bolas de papéis para acertar os cubanos e os árbitros. O
problema agravou-se quando
as atletas e técnicos passaram à
frente da tribuna de honra.
Dois dirigentes de federações
de judô não-identificados também tentaram arremessar coisas nos adversários.
A ex-jogadora de vôlei e campeã olímpica Regla Torres partiu para cima desses cartolas.
Houve uma reação dos brasileiros. Membros da delegação cubana, que não se identificaram,
acusaram o ex-judoca Aurélio
Miguel de provocá-los.
Mas o ex-atleta, agora comentarista e vereador por São
Paulo, negou. "Mas tinha uns
cubanos fora da realidade. Sou
tão campeão olímpico quanto
ela, e de judô", disse ele, que desafiava um cubano.
A Força Nacional interveio
com vários policiais e conteve
os cubanos, que foram retirados da tribuna. O tricampeão
olímpico de boxe cubano Teófilo Stevenson, que foi conciliador na briga, foi empurrado e
caiu de costas nas cadeiras.
A torcida também jogou objetos na comissão de arbitragem. Assim, o chefe dos juízes,
Carlos Dias, ordenou que todos
se retirassem do tatame. Eles
voltaram só meia hora depois.
"A imagem é extremamente
negativa. Depõe contra quem
quer organizar as Olimpíadas.
O ponto negativo do Pan foi o
público, que vaiou demais", disse o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo
Wanderley Teixeira.
Mesma opinião teve o árbitro
brasileiro de judô Emanuel
Mattar. "Nunca vi isso em competições internacionais. A organização do judô é muito rigorosa e isso pode afetar as chances de organizar torneios."
Para o gerente de operações
da Arena de judô do Comitê Organizador, Josué Teixeira, o
comportamento não ajuda o judô. O comitê organizador do
Pan do Rio emitiu nota em que
repudia a confusão e afirma
que vai apurar os fatos para saber se tomará medidas "punitivas e corretivas".
Para Espinoza, a decisão do
juiz tem que ser respeitada. Ao
final, atletas brasileiros e cubanos foram ao tatame de mãos
dadas. A maioria do público
aplaudiu, mas houve vaias.
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