São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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JUDÔ

Briga na tribuna mancha competição

Decisão dos juízes que deixou Érika Miranda com a prata se torna estopim para confronto entre brasileiros e cubanos

Medalhistas olímpicos Aurélio Miguel, Regla Torres e Teófilo Stevenson entram na confusão, que só acaba com ação da Força Nacional

LUÍS FERRARI
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Uma decisão dos juízes na final feminina até 52 kg do judô no Pan-2007 provocou confusão e violência nas arquibancadas e na tribuna de honra na arena do Riocentro. Dirigentes e árbitro do Brasil admitiram que isso manchou o evento.
O protesto da torcida, que arremessou objetos no tatame, desencadeou uma briga na tribuna entre cubanos e brasileiros, que envolveu ex-campeões olímpicos de cada país.
A confusão começou com a punição dada pelo árbitro dominicano Juan Chalas à brasileira Érika Miranda, que decidiu o ouro em favor da cubana Sheila Espinoza.
A partir daí, a torcida vaiou. Enquanto saía do tatame, o técnico cubano Ronaldo Veitilla dava socos no ar em direção à torcida brasileira. E a técnica brasileira Rosicléia Campos protestava contra os juízes.
A torcida passou a jogar copos e bolas de papéis para acertar os cubanos e os árbitros. O problema agravou-se quando as atletas e técnicos passaram à frente da tribuna de honra. Dois dirigentes de federações de judô não-identificados também tentaram arremessar coisas nos adversários.
A ex-jogadora de vôlei e campeã olímpica Regla Torres partiu para cima desses cartolas. Houve uma reação dos brasileiros. Membros da delegação cubana, que não se identificaram, acusaram o ex-judoca Aurélio Miguel de provocá-los.
Mas o ex-atleta, agora comentarista e vereador por São Paulo, negou. "Mas tinha uns cubanos fora da realidade. Sou tão campeão olímpico quanto ela, e de judô", disse ele, que desafiava um cubano.
A Força Nacional interveio com vários policiais e conteve os cubanos, que foram retirados da tribuna. O tricampeão olímpico de boxe cubano Teófilo Stevenson, que foi conciliador na briga, foi empurrado e caiu de costas nas cadeiras.
A torcida também jogou objetos na comissão de arbitragem. Assim, o chefe dos juízes, Carlos Dias, ordenou que todos se retirassem do tatame. Eles voltaram só meia hora depois.
"A imagem é extremamente negativa. Depõe contra quem quer organizar as Olimpíadas. O ponto negativo do Pan foi o público, que vaiou demais", disse o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley Teixeira.
Mesma opinião teve o árbitro brasileiro de judô Emanuel Mattar. "Nunca vi isso em competições internacionais. A organização do judô é muito rigorosa e isso pode afetar as chances de organizar torneios."
Para o gerente de operações da Arena de judô do Comitê Organizador, Josué Teixeira, o comportamento não ajuda o judô. O comitê organizador do Pan do Rio emitiu nota em que repudia a confusão e afirma que vai apurar os fatos para saber se tomará medidas "punitivas e corretivas".
Para Espinoza, a decisão do juiz tem que ser respeitada. Ao final, atletas brasileiros e cubanos foram ao tatame de mãos dadas. A maioria do público aplaudiu, mas houve vaias.


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